Após anos registrando uma valorização acentuada nos imóveis, Sorocaba vive hoje uma estabilização de preços e reajustes que tendem a acompanhar a inflação. Para o o vice-presidente do Interior e diretor geral da Regional do Secovi-SP em Sorocaba, Flavio Amary, o mercado imobiliário da cidade entra numa fase de equilíbrio entre oferta e procura, com reajustes menos acentuados do que aconteceram entre 2009 e 2011.

Amary não concorda com o termo “bolha imobiliária”, usado por vários segmentos do mercado financeiro. Para ele, não há como estourar a bolha porque não existe. “No Brasil há um déficit muito forte e demanda reprimida há muitos anos pela casa própria. A maior parte das pessoas que adquire imóvel não é investidor, embora tenha obviamente investidores, mas a imensa maioria é o consumidor final, que não vai comprar para vender amanhã, mais vai comprar para morar. A demanda é forte, sustentável e baseada no consumidor final e não no investidor”, afirma.

O Secovi-SP divulga anualmente, no segundo semestre, levantamento do mercado imobiliário de Sorocaba, com preços do metro quadrado (m²) praticados. O estudo divulgado em setembro de 2013 mostrou que o preço médio do m² de apartamento de dois dormitórios era de R$ 3.675,00 e o de apartamento também de dois dormitórios (econômico) era de R$ 2.716,00. De acordo com Amary, a valorização continua existindo, mas não em níveis que aconteceram no passado. “A perspectativa é de reajustes mais uniformes, com o mercado buscando equilíbrio de oferta e demanda, e também nos preços.” Segundo ele, os reajustes “estão compatíveis com as taxas de juros e não descolando, como descolou ao subir em 50, 60% em determinado ano ou dois.”

O diretor da regional de Sorocaba do Secovi-SP aponta outro fator para confirmar a inexistência da “bolha”. “O sistema de financiamento imobiliário já é amadurecido e não tem ferramentas que tem o sistema americano, que foi a segunda hipoteca e a venda do crédito. O formato do sistema financeiro imobiliário e muito sólido, e financia parte menor que o valor do imóvel. Nos Estados Unidos e Espanha, chegaram a financiar imóveis até com carro na garagem, porque achavam que iria valorizar e havia a garantia, do próprio imóvel”.

Além da demanda e do sistema de financiamento, Amary aponta o percentual em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) como ponto a ser estudado. “Grandes economias e as que sofreram com o inchaço dos preços tinham quase 100% do PIB em financiamento imobiliário. No Brasil, hoje, está abaixo de 10%, ou seja, ainda tem muito espaço para os bancos financiarem imóveis de forma sólida e para atender o déficit.”

O volume de lançamentos e a valorização estão menores do que no passado. “Há alguns anos, principalmente em 2009 e 2010, houve um “boom”, com muita demanda, oferta de crédito e desburocratização para o financiamento. Houve muitos lançamentos, não só em Sorocaba, mas nas principais cidades do Estado, como Campinas, São José dos Campos e São José do Rio Preto”, segundo Amary. Atualmente, a média dos imóveis novos vendidos em Sorocaba é de dois quartos, cerca de 50 m2 e tem preço de R$ 170 mil, que se encaixam na faixa 3 do programa Minha Casa Minha Vida.