José Carlos Martins* “Grupos constituídos por profissionais inescrupulosos resolveram aliciar condomínios, prometendo uma série de benefícios” |
A economia de um país é constituída por muitas mãos. É inegável a participação da indústria, do comércio, do setor de serviços, entre tantos outros. Todos os segmentos têm seu espaço e participação nesse “todo” chamado Brasil.
Com a construção, não seria diferente. Ao contrário, o setor tem sido o sustentáculo da geração de empregos formais e de renda, especialmente neste momento tão delicado que vivemos.
Afinal, os postos de trabalho na construção não são abertos somente durante o período de obras. Ao se entregar um edifício, por exemplo, geram-se empregos de manutenção, segurança, limpeza etc. Ou seja, o setor gera empregos ao construir e, ao finalizar, continua criando novos postos de trabalho, o mesmo ocorrendo com indústria e comércio, entre outros segmentos.
Contudo, parece não haver, por parte de alguns, esta compreensão do impacto socioeconômico do setor da construção. Existe enorme emaranhado de obstáculos, aos quais somente empreendedores com “DNA de construir” conseguem sobreviver. Exemplos de entraves são o aumento significativo dos preços de materiais, as imensas exigências burocráticas, as normas confusas, e por aí vai.
Além de todas essas dificuldades que o cenário impõe, ainda aparecem pessoas tentando tirar proveito de nossa atividade.
Agora, criou-se uma nova indústria, a indústria de ações sobre vícios construtivos.
Os vícios existem e são previstos em lei. O que não está previsto é a tentativa de impedir as construtoras de vistoriar de forma técnica e opinar se o problema é construtivo ou de manutenção. E, pior, vale dizer, chegam a ser impedidas de reparar o eventual defeito! Grupos constituídos por profissionais inescrupulosos resolveram aliciar condomínios. Ingressam com ações judiciais prometendo uma série de benefícios, mas visam puramente vantagem financeira e não têm a intenção, sequer, de resolver o problema.
Quanto esse risco custará ao mercado, às empresas e aos futuros compradores? Afinal, alguém vai pagar essa conta do desrespeito.
A verdade é que perdemos a noção do dano coletivo que iniciativas como esta geram. Quanto investimento, quanto emprego vem sendo reduzido porque alguns ainda tentam obter vantagem em cima dos outros, e de forma indiscriminada.
Empresas têm encerrado suas atividades por não suportar os custos para sua defesa, além de perder a capacidade de contratar. Então, conclamo todo o setor da construção para que mostre o quão danosa é esta ‘indústria’. É preciso enfrentar e apontar estes aproveitadores!
É por isso que a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), ciente de sua responsabilidade institucional, está fazendo um grande movimento de apoio às empresas atingidas e lesadas por esta rede maléfica. Precisamos encarar este assunto. Não podemos deixar que pessoas mal-intencionadas atrapalhem nosso caminho para ajudar o Brasil a crescer. Que sejamos protagonistas e não reféns nessa luta em prol de um país melhor!
*Presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC)