O Estado de São Paulo está passando por uma crise hídrica sem precedentes em sua história. Essa é a maior estiagem dos últimos oitenta anos e que afeta várias cidades do interior do estado e também a capital paulista, fazendo-nos entender que a água é um recurso finito e que precisa ser usado com racionalidade. Com base nesse cenário, a palavra de ordem “economia de água” serve para todos. Mas os condomínios, que têm fama de “gastões”, precisam de atenção redobrada.
Na opinião do vice-presidente do Interior do Secovi-SP e diretor da Regional Sorocaba, Flavio Amary, a situação é crítica e preocupante. “Diferentemente da Capital e de outras cidades do interior, Sorocaba não vive o drama da falta de água, apesar de alguns relatos de desabastecimento na zona industrial. Mas, em municípios próximos, como Itu, o racionamento já bateu à porta. Além disso, há a ameaça de esgotamento total do sistema Cantareira, que abastece não só a Capital, mas várias regiões paulistas”, lembra Amary.
“Independentemente de a cidade estar ou não sofrendo com a falta de água, é responsabilidade de todos – síndicos, funcionários e moradores – adotarem medidas, desde as mais simples até as mais complexas, que podem reduzir o consumo de água em até 20%”, explica o vice-presidente.
Entre as medidas que cada morador pode adotar para redução de consumo, ele cita não tomar banhos demorados e manter a torneira fechada ao escovar os dentes, que traz uma economia de até 79 litros de água. Outra recomendação é fazer uma inspeção de rotina em válvulas e torneiras contra vazamentos, uma vez que o conserto de uma torneira pingando evita o desperdício de 46 litros de água diariamente, e a troca de vasos sanitários que utilizam o sistema de válvulas por outros mais modernos, como as caixas acopladas, que reduzem em até 18 litros o volume de água utilizada nas descargas.
A instalação de arejadores é mais uma solução simples e barata para controlar o consumo de água, conforme explica Amary. “Esse é um item que pode ser encontrado em lojas de material de construção e facilmente instalado pelo próprio morador. O dispositivo funciona misturando ar na água, produzindo um efeito de jato forte, porém, com menor consumo. A primeira água do chuveiro, que as pessoas descartam até que fique quente, também pode ser recolhida e aproveitada para descarga do vaso sanitário ou para limpeza de pisos. O mesmo vale para a água de enxágue da máquina de lavar roupas”, enumera.
Essas pequenas mudanças de hábitos podem provocar grande economia. Segundo estudos da Sabesp, que fornece água para mais de 360 municípios do Estado, cada morador de condomínio gasta, em média, cerca de 300 litros de água por dia. O volume está acima da média brasileira, de 220 litros, e é quase o triplo do recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU), que afirma que 110 litros de água são suficientes para qualquer pessoa satisfazer suas necessidades diárias. “As campanhas de conscientização nos condomínios também são uma forte aliada na redução do consumo e, de quebra, ajudam a diminuir a conta de água, que representa em média, de 10% a 15% das despesas ordinárias dos condomínios”, destaca Amary.
Individualização de hidrômetros
Uma alternativa um pouco mais cara, mas que se mostra muito eficiente por ajudar os moradores a ter consciência de seu consumo e, por conseqüência economizar, é a individualização de hidrômetros.
Os novos edifícios já estão sendo construídos com a individualização, mas prédios com mais de cinco anos ainda usam um hidrômetro único. O trabalho de individualização deve ser feito por uma empresa especializada e seu custo pode chegar a R$ 6 mil para um prédio de três ou quatro andares. Os valores são altos, mas trazem uma economia em médio prazo e pode impactar até na redução dos valores das taxas condominiais.
Algumas empresas já realizam esse serviço, mas é preciso buscar orientação junto ao órgão responsável pela distribuição de água em cada município. O correto é consultar a administradora do condomínio a respeito de empresas credenciadas para executar esse serviço ou a própria Prefeitura, que pode orientar sobre a instalação desse sistema e a forma de leitura individual.
Áreas de uso comum
Os síndicos e administradores também podem orientar os funcionários para adotarem algumas práticas para reduzir o consumo de água nos condomínios e, assim, contribuir para afastar os transtornos provocados pelas torneiras secas. Entre os mais simples está a troca das mangueiras pelas vassouras na limpeza das áreas de uso comum, ou quando houver extrema necessidade, lavadoras de alta pressão.
A reutilização de água de chuva para irrigação dos jardins e lavagem da área do playground e garagens também é uma alternativa para reduzir custos dos condôminos e preservar esse valioso recurso natural.
Outra recomendação é acompanhar o consumo mensal, afixando nos quadros de avisos algumas informações importantes, como a quantidade de metros cúbicos de água gastos no mês.
“Diante da grave deficiência no abastecimento que estávamos atravessando, atitudes como essas podem fazer a diferença. O Secovi-SP, em suas reuniões, vem orientando os síndicos e administradores de condomínios, uma vez que não podemos controlar o regime de chuvas, mas com boa gestão e colaboração de todos, é possível enfrentar com mais tranquilidade esse período de extrema preocupação em todo o Estado de São Paulo”, conclui Flavio Amary.