Governo ameaça novamente usar Fundo para outros fins, colocando em risco emprego, renda e sonho da moradia de 
milhares de brasileiros

São recorrentes as tentativas de usar o dinheiro dos trabalhadores recolhidos ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para outros destinos que não saneamento básico, infraestrutura e habitação.

O direcionamento dos recursos do Fundo para esses setores não foi escolha aleatória. São áreas essenciais ao atendimento de necessidades básicas 
da população.

Precisamos de água para beber, mobilidade urbana para ir e vir, teto para morar e emprego para viver, o que a construção civil e imobiliária proporcionam massivamente de forma direta, indireta e induzida. 

Não é mais admissível conviver com 6,8 milhões de famílias sem casa para morar, e os governos têm responsabilidade direta sobre esta pavorosa realidade.

Assim, causou estranheza a anunciada intenção de o governo federal, sob o argumento de estimular a economia, autorizar novo saque extraordinário nas contas do FGTS.

Trata-se de medida inadequada e inaceitável. Primeiro, porque isso já foi feito em 2019 e 2020, sem consistente efeito econômico. Ademais, o FGTS, modernizado, passou a beneficiar ainda mais o trabalhador com distribuição de resultados, 
saque-aniversário e possibilidade de antecipação dos valores permitidos.

Assim, parece que, embora bem-intencionada, a medida anunciada pelo governo é de caráter populista e sem real ligação com políticas públicas que tragam benefícios perenes à população, o que é feito em boa parte com a rigorosa aplicação dos recursos do Fundo em suas finalidades precípuas.

FGTS não é complemento de renda. É previdência do trabalhador e dinheiro que move a economia. Que o governo possa rever sua intenção e concluir que conceder novo saque adicional será o mesmo que dar com uma mão e retirar com duas.

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