* Hubert Gebara
O condômino torcedor fanático pode aterrorizar o condomínio quando resolve fazer barulho na sacada do apartamento. E ele sempre resolve fazer isso quando seu time joga. Um de seus novos instrumentos de horror é a vuvuzela. Durante o jogo, enquanto vizinhos tentam usufruir a sesta de fim de semana, ele chama atenção para si ao ligar a tevê com o volume bem alto e tocar nefando brinquedo quando seu time faz gol.
Outros aproveitam a final do campeonato para soltar rojão da varanda; não só para comemorar a vitória do seu time, mas também para provocar o vizinho que torce para o adversário. Esse mesmo rojão reaparece nas festas de fim de ano, que se aproximam. É assim que, na noite de Ano Novo, a bomba explode dentro de alguns condomínios.
Os “trabalhadores” de fim de semana são um capítulo à parte. Não conseguindo navegar no vazio do feriado, pegam logo a furadeira. Há entre eles um tipo que não fica sem obras no apartamento. O dono de cachorro também oferece perigo. Quando o animal é grande, o latido é forte. Incomoda a quem mora do lado, embaixo e em cima, mas é música para os ouvidos do dono.
O vizinho do andar de cima pode ser um problema nas relações entre condôminos. Quando é barulhento, converter-se em tortura para o vizinho de baixo. Deixar a vassoura à mão para bater no teto sempre que há barulho não é a atitude correta do vizinho que mora no andar inferior. A reclamação deve ser feita ao síndico, que intermediará a questão com a colaboração da administradora. A solução é seguir a convenção ou o regulamento interno. Caso contrário, caberá ao síndico, com o conselho consultivo e a assembleia, aplicar ao infrator as multas previstas na convenção.
Mas, em matéria de gravidade, nada supera o condômino inadimplente. De nada adianta ele ser simpático, educado e disciplinado. Trata-se do verdadeiro condômino antissocial, nem sempre inadimplente por falta de dinheiro. Em muitos casos, a razão é genética e quem conhece o trabalho do departamento de cobrança das administradoras sabe do que ele é capaz. Ele sonega, divide, subtrai, ganha tempo, distorce e ainda pede desconto.
O condomínio é rateio de despesas num regime democrático. Não há o que discutir. Ou melhor, há muito o que discutir. O condomínio é uma das formas modernas de viver, um corpo que evolui e uma escola de cidadania. Todos os esforços dos síndicos, condôminos e administradoras visando o bem-estar daqueles que participam das despesas do prédio podem ser minados pela inadimplência. A questão depende de uma simples e única solução: o inadimplente tem de honrar seu débito.
*Hubert Gebara é vice-presidente de Administração Imobiliária e Condomínios do Secovi-SP (Sindicato da Habitação) e diretor do Grupo Hubert.