O futuro do crédito imobiliário brasileiro em meio à crise internacional foi um dos temas abordado durante o painel “Como crescerão os bancos privados nos próximos anos?”, dia 19/9, na Convenção Secovi.

O presidente do banco Itaú, Roberto Setúbal, apresentou alguns números da macroeconomia que comprovam um crescimento do crédito, no último ano, da ordem de 47% em relação ao PIB (Produto Interno Bruto). Mas comparativamente a outros países, como o Chile, com 73%, e a Tailândia, com 87%, a realidade brasileira ainda pode avançar. Principalmente se for isolado o crédito imobiliário, que participa com 4% no PIB.

Setúbal falou do nível de endividamento do brasileiro, que não chega a ser elevado, mas é impactado pela alta taxa de juros. Ele também avalia que a população permanece confiante que continuará com emprego e renda, e isso mantém o consumo em alta.

O grande desafio, na visão do presidente do Itaú, é a manutenção do direcionamento dos recursos da poupança para o crédito imobiliário. “A poupança, que vem crescendo a 55% ao ano, pode ter seus recursos para o setor encerrados em dezembro de 2012, se for mantido esse ritmo. Se o crescimento for moderado, chegaremos a meados de 2013. Não há muito tempo para equacionar essa questão”, lamentou.

Para ele, são dois os desafios: controlar a elevação da taxa de juros e ajustar o funding para os financiamentos. “Dar agilidade aos processos e investir em tecnologia também são atitudes necessárias.”

O presidente do Itaú se diz otimista com a situação do Brasil diante do agravamento da crise nos Estados Unidos e na Europa. “Temos uma situação macroeconômica em ordem. Mas acredito que a crise europeia vá durar 10 anos e que será necessário criar um Estado europeu, com taxas únicas. O cenário é de incertezas, como nunca visto anteriormente”, concluiu.

Mudança de escala – O jornalista econômico Luís Nassif fez uma retrospectiva do momento econômico do País, e falou como nasce uma potência. “Primeiro, o lugar é descoberto. Depois, exporta-se matéria-prima, importam-se produtos, conquista-se o interior, abre-se o comércio, inicia-se o processo de substituição da importação, acumula-se capital e cria-se mercado de consumo de massa. Alguns fatores, quando chegam, mudam a escala do desenvolvimento. O que ocorreu no Brasil, nos últimos anos, mudou a escala.”

Agora, é preciso montar a estratégia que permitirá os saltos seguintes, de acordo com o jornalista. No segmento imobiliário, Nassfi recomenda inovação, com ênfase na economia verde e na linha de montagem. “Os projetos produtivos devem ser inovados.”

Para o Brasil dar o grande salto, ainda de acordo com ele, são necessárias três medidas: controlar câmbio e juros, aumentar a autoestima nacional e ampliar a capacidade de ousar. “Vamos acreditar no próprio taco e aprender com a democracia, com os setores conversando entre si”, concluiu Nassif.