As mudanças anunciadas pela Caixa para o financiamento habitacional devem impulsionar o mercado imobiliário e incluir mais pessoas no crédito para aquisição de imóveis.
Para Meyer Nigri, fundador da Tecnisa, o financiamento corrigido pela TR (Taxa Referencial) é restritivo. “A primeira parcela é onze vezes maior que a última. Muitas vezes, até mesmo maior que um aluguel”, disse. “Estamos vendendo 50 m² para quem poderia comprar 100 m²”, emendou.
Como os bancos evitam comprometimento maior que 30% da renda familiar, muitas famílias não conseguem alcançar o patamar requerido para a aprovação do crédito. “Pela nova regra, as prestações iniciais ficam de 30% a 50% mais baratas. Dessa forma, mais pessoas se tornam elegíveis a tomar financiamento”, afirmou, em relação à menor exigência de renda.
Rafael Menin, CEO da MRV, acredita que a confluência de três fatores deve impulsionar o mercado nos próximos anos: o crescimento da renda no longo prazo, a correção dos financiamentos pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) e o aumento de unidades pensadas para locação.
“Nós acreditamos que muitos jovens podem acabar tendo acesso à primeira moradia pelo aluguel. E isso tem de ser feito de forma digital”, afirmou. A própria MRV já entrou nesse segmento. Segundo Menin, cerca de 25% do portfólio da empresa pode acabar sendo destinado para locação.
Ao falar sobre sinais de recuperação econômica, Leandro Melnick, CEO da Even, fez um paralelo com o bom desempenho do setor imobiliário nos últimos meses. Embora os lançamentos e as vendas tenham se destacado positivamente, isso, de acordo com o executivo, ainda não se refletiu nos preços.
“O ciclo de crescimento do nosso mercado de 2018 será melhor que aquele ciclo de 2008. Estamos mais maduros”, previu. “Esse governo tem dado claros sinais que vai apostar na indústria da construção civil e imobiliária para movimentar a economia.”
Melnick também fez menção à entrada massiva de pequenos investidores no mercado de capitais. “Há cerca de um ano, tínhamos três mil acionistas minoritários. Hoje, temos 13 mil”, disse.
Guilherme Paulus, fundador da CVC e presidente do grupo JGP Hotels, falou sobre o potencial do setor turístico brasileiro. Como sinal positivo, citou as privatizações dos aeroportos e a liberação de vistos a turistas americanos, canadenses, japoneses e australianos, e cujo resultado será sentido no médio prazo, segundo o executivo.
“Ainda temos muito a fazer, como aumentar o número de assentos das nossas companhias aéreas e melhorar a infraestrutura dos nossos portos para receber cruzeiros, por exemplo”, listou, como meios de impulsionar o setor.
Mercado em recuperação – Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP, apresentou números do mercado imobiliário. “A economia está andando de lado, mas nosso setor conseguiu se descolar disso”, sustentou.
Depois de perder 27% de PIB (Produto Interno Bruto) nos últimos cinco anos, a indústria da construção gerou nos primeiros sete meses deste ano 350% mais empregos do que os verificados no mesmo período do ano passado.
“O número de lançamentos de imóveis residenciais subiu 96% no Brasil no segundo trimestre de 2019 em relação aos três meses anteriores”, disse o economista do Secovi-SP. O número de vendas subiu 22,9% (32.813 unidades) no segundo trimestre deste ano em relação aos três meses anteriores (26.708 unidades). Também foi registrada alta de 16% em comparação com o mesmo período de 2018.
Em relação ao mercado de São Paulo, o maior da América Latina, Petrucci destacou a volta da confiança do empresário em lançar unidades de maior valor agregado. Mesmo assim, o Minha Casa, Minha Vida mantém seu alto nível de participação: 40% do que se lança na cidade faz parte do programa habitacional.
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