Ministro Paulo Guedes durante o 92º Enic

O ministro da Economia, Paulo Guedes, participou do painel “Cenário econômico pós-pandemia”, dia 3/12, no 92º Enic (Encontro Nacional da Indústria da Construção), e ressaltou a importância do setor da construção civil por ter atravessado a pandemia criando empregos, preservando vidas e movimentando a economia. O ministro lembrou que a adoção do IPCA como indexador dos contratos de financiamento imobiliário tem surtido excelentes resultados e que o Brasil virou um canteiro de obras.

Empregos – De junho a outubro, foram criados um milhão de novos empregos formais no Brasil, destacou o ministro. Para ele, é grande a possiblidade de o País zerar a perda de empregos formais até o final de dezembro.

Guedes destacou o bom desempenho do primeiro ano do governo Bolsonaro, em comparação com os dois anos do governo anterior e a despeito dos fortes impactos do choque da crise econômica da Argentina e da tragédia de Brumadinho. Lembrou que ao iniciar a retomada neste ano, a economia foi fortemente impactada pela pandemia do coronavírus, mas que, com o consumo aquecido, haverá a retomada em “V”. “Somente os negacionistas não enxergam isso”, ressaltou o ministro.

De acordo com ele, há sinal evidente de a recuperação cíclica atual se estender para um crescimento de 3% a 4% da economia em 2021. “O desafio, agora, é retirar as medidas de incentivo ao consumo e tornar sustentável a retomada econômica, com base no investimento. Para que isso aconteça, é preciso retomar a agenda de reformas estruturais”, enfatizou.

Onda, onda – Para o ministro, a crise sanitária não vai impedir o crescimento da atividade econômica. O aumento do número de casos e mortes, de acordo com ele, aconteceu pelo afrouxamento de algumas normas de distanciamento social, com natural repique da doença. “Não se trata de uma segunda onda”, opinou.

Para garantir a necessidade de previsibilidade do setor da construção civil e imobiliária, o ministro destacoiu a importância das privatizações e das reformas estruturais. Ele disse que o crescimento de 7,7% do PIB no 3º trimestre é motivo de celebração.

Guedes acredita que o Brasil passará por um longo ciclo de juros baixos, democratização do crédito e expansão dos financiamentos para os microempresários.

Medidas – Paulo Guedes disse que a política dá o “time” da mudança e lembrou que estão no Congresso Ncional as reformas Administrativa, Tributária, o PL 4.199/2020 (Programa de Estímulo ao Transporte por Cabotagem), o PL 101 (transparência fiscal, gatilhos no teto de gastos e criação da Renda Cidadã, dentre outros), o PL 137 (cria fonte de recursos para o enfrentamento de calamidade pública nacional decorrente de Pandemia da Covid-19).

Lembrou que foram aprovadas medidas importantes durante as eleições: a que torna o Banco Central independente e a Lei de Falências.

Teto de gastos – De acordo com o ministro, é um grande mal-entendido a informação de uma meta flexível de gastos públicos para o próximo ano. Ele disse que é defensor da manutenção do teto de gastos, da Lei de Responsabilidade Fiscal e do andamento das reformas estruturais.

Guedes explicou que neste ano, a meta de gastos foi flexibilizada pelas necessidades de controlar a pandemia e que a meta orçamentária que está no Congresso Nacional para votação foi encaminhada há sete meses, por isso mantém flexível o teto de gastos e que, em abril, o TCU (Tribunal de Contas da União) considerou essa meta razoável. “Agora, que a economia está reaquecendo e a pandemia está acabando, a meta será revista, principalmente, diante do crescimento da economia de 3% a 4% em 2021”, defendeu Guedes.

Desabastecimento –Durante o painel do Enic, a situação de obras congeladas pela falta de insumos básicos, a limitação produtiva da cadeia de insumos brasileira e as poucas regras de importação evidenciadas pela crise sanitária, foram apresentadas ao ministro.

Ele disse que 12 indústrias de alto fornos (primeiro estágio da produção de aço) foram desligados pela incerteza gerada com a pandemia e agora, com a forte demanda da construção civil, o problema surgiu pelo desaquecimento dessa indústria. Apesar de considerar que este é um “problema bom”, Guedes não descarta a possibilidade de reduzir as tarifas de importação. Em vários momentos, o ministro destacou a independência do Banco Central como forma de conter a inflação.