Elisa Tawil*

“As habilidades do futuro são abrangentes e abordam características que exploram um lado mais feminino na forma de liderar”

O prenúncio do fim da maior pandemia global marca 2021. A tão esperada retomada econômica para o País deixa o setor imobiliário em grande expectativa, afinal, somos um dos poucos setores que cresceram em meio ao caos.

Antifragilidade é o conceito criado por Nassim Taleb, referindo-se à característica de quem se beneficia do caos. E podemos afirmar que fomos surpreendidos pelo poder de recuperação desse mercado, após tantos anos em baixa.

O setor imobiliário é marcado por um ciclo de produção de longo prazo, e é preciso ter muita sensibilidade para prever como está e como estará o contexto socioeconômico do início ao prazo final. Isto porque, a velocidade em que vivemos se aproxima à de uma sociedade 5.0 – um conceito apresentado pelos japoneses em Davos, na Suíça, em 2016.

Conforme os asiáticos, 5.0 se refere a uma organização social que aplica a tecnologia para o bem-estar das pessoas e suas necessidades. Em resumo: no final desta década, o objetivo será “oferecer soluções tecnológicas para a população a qualquer momento e em qualquer lugar”. Este modelo ressalta o poder da hiperconectividade, resultando em um modo de vida mais inteligente, eficiente e sustentável.

Qual o impacto da inteligência artificial, da análise integrada de dados e do que mais está por vir dentro do ciclo imobiliário? Quem tiver esta resposta, sem dúvida estará alguns passos à frente.

O ponto comum para essas transformações e que está ao alcance de todos nós é algo – justamente – que nos distancia e nos diferencia das máquinas: o fator humano.

Quem somos e o que fazemos hoje, às vésperas de uma sociedade 5.0 acelerada pela tecnologia e inteligência de dados, pressionada pelo contexto da pandemia?

A resposta está na união de nossas habilidades técnicas e as habilidades socioemocionais: o melhor do hard skill e do soft skill, um conceito apresentado por Seth Godin e conhecido como Real Skills.

As organizações que hoje lideram esse movimento de vanguarda não querem ser apenas as melhores do mundo, e sim as melhores para o mundo, contratando profissionais por suas competências reais (real skills).

As habilidades do futuro são abrangentes e abordam liderança, carisma, cuidado, atenção, solicitude, agilidade e senso de urgência, características que exploram um lado mais feminino na forma de liderar.

Segundo o relatório da consultoria internacional Mckinsey & Company (Diversity Matters, Junho 2020), as empresas da América Latina que adotam a diversidade tendem a superar outras em práticas-chave de negócios, como inovação e colaboração. O estudo, primeiro dessa natureza na região, demonstra claramente a relação entre a existência de diversidade na gerência sênior e a saúde e a performance das empresas.

Contudo, mulheres e grupos minoritários continuam sendo consideravelmente sub- -representados nas posições de liderança e há urgência de medidas para promover a diversidade no trabalho, incentivando, acima de tudo, a prática da empatia.

A intensificação da consciência da finitude da vida transformou nossas prioridades. Se, até fevereiro de 2020, nosso tempo era maior e mais elástico, hoje, em virtude das transformações digitais impostas pela pandemia e da aceleração estabelecida pela tecnologia, nossos horizontes estão cada vez mais curtos, razão pela qual precisamos rever as premissas e nosso prazo de validade.

*Consultora e cofundadora do movimento Mulheres do Imobiliário

 

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