Sérgio Meira destaca o papel do síndico no controle das contas, na transparência e no engajamento dos condôminos
Em entrevista à jornalista Mariana Desimone, da Universidade Condominial, o diretor do Secovi-SP, Sérgio Meira, abordou aspectos essenciais da gestão condominial, no quadro “Fala, especialista!”.
O especialista destacou a importância do acompanhamento mensal do trabalho da administradora. “A administradora já foi contratada, existe uma confiança inicial — mas o trabalho precisa ser acompanhado para funcionar bem para todos os lados”, afirmou. Segundo ele, a análise do balancete mensal deve ser feita com atenção pelo síndico e o conselho, junto à administradora. “É preciso analisar como as despesas estão sendo lançadas. Às vezes, a compra de um portão, por exemplo, é parcelada em três vezes, e cada parcela entra com um nome diferente no balancete — manutenção, despesa extra, compra. Isso confunde. Cabe ao síndico acompanhar e orientar para que os lançamentos sejam padronizados.”
Outro ponto central da conversa foi a inadimplência. “Quando se aprova uma verba, conta-se com cada centavo. A inadimplência compromete o caixa, pode gerar juros, uso indevido do fundo de reserva e até multa em contas”, alertou Meira. Ele reforçou a importância de manter o controle sobre gastos extraordinários. “É natural que ocorram imprevistos, mas o ideal é que, sempre que possível, se convoque uma assembleia extraordinária para aprovar gastos fora do orçamento. Analisar as contas mês a mês evita surpresas maiores no fechamento anual.”
Sérgio também defendeu o papel estratégico das auditorias contábeis, cada vez mais adotadas em condomínios como ferramenta de prevenção e transparência. “Auditoria não é sinal de desconfiança. É um trabalho técnico que valida o que foi feito, tanto pelo síndico quanto pela administradora. Além disso, o parecer da auditoria serve como base para que a assembleia aprove ou não as contas do período. E o custo-benefício vale a pena.”
De acordo com ele, a auditoria também orienta boas práticas: “Às vezes, ela sugere a apresentação de três orçamentos para uma obra, ou a formalização de uma despesa em assembleia. São recomendações que ajudam o síndico a melhorar sua gestão.”
Durante a entrevista, o diretor destacou ainda a importância de aproximar os moradores das contas do condomínio. “A conta do condomínio é complexa. São muitos termos técnicos, muitos lançamentos. A maioria dos condôminos não tem familiaridade com isso. Desmistificar e explicar de forma clara é papel da gestão”, disse. Ele recomendou ações práticas, como reuniões informativas e o envio prévio de orçamentos, para que os moradores cheguem às assembleias mais bem informados.
Sobre o engajamento, Meira foi direto: “Condomínio é, acima de tudo, uma forma de habitação coletiva. E o norte deve ser a vontade da maioria. O problema é que a participação tem diminuído, muitas vezes por conta de assembleias mal preparadas ou ambientes hostis. Eu posso discordar do meu vizinho, mas isso não me dá o direito de ser mal-educado. Assembleias precisam de pautas claras, informação prévia e condução respeitosa. Isso muda tudo.”
A íntegra da entrevista está disponível no canal da Universidade Condominial no Youtube.