Kelma Camargo destaca revitalização do Centro, outorga onerosa e cautela com juros altos como focos para o próximo ano

Em entrevista ao Band Negócios Campinas, Kelma Camargo, diretora Regional do Secovi-SP, abordou os principais desafios e as perspectivas para o mercado imobiliário em 2025, com destaque para a revitalização do centro da cidade, a questão da outorga onerosa e os impactos dos juros altos no setor.

Um dos temas centrais da entrevista foi a revitalização do centro de Campinas, uma demanda antiga da população e dos empresários. Kelma destacou que o Secovi-SP já apresentou um plano de trabalho para a revitalização da região, colaborando inclusive com a criação de leis de incentivo ao retrofit e à reestruturação do Centro. No entanto, ela ressaltou que apenas incentivos não são suficientes.

“O centro só vai voltar a ser pulsante se levarmos pessoas para lá. Não adianta investir em patrimônio e imóveis se não conseguimos atrair a população com restaurantes, bares, atividades culturais e comércio”, afirmou Kelma. Ela também mencionou que o Secovi-SP está em diálogo com a prefeitura para apresentar novas ideias e sugestões que possam atrair investimentos e moradores para a região central.

Outorga Onerosa e IPTU

A outorga onerosa, que permite construir além do permitido mediante pagamento de taxas, foi outro tema. Kelma explicou que o mecanismo é importante, mas exige cuidados, especialmente em bairros que precisam de melhorias na infraestrutura. O Secovi-SP também discute com a prefeitura a revisão das alíquotas do IPTU para equilibrar arrecadação e viabilidade dos empreendimentos.

“A outorga onerosa não atinge todos os terrenos, apenas aqueles em locais onde a concentração de imóveis exige melhorias viárias, de encanamento e eletricidade”, explicou. Ela também destacou que o Secovi-SP está em discussão com a prefeitura sobre a revisão das alíquotas do IPTU e do mapa de valores, buscando equilibrar a arrecadação municipal sem inviabilizar os empreendimentos imobiliários.

Perspectivas para 2025

Ao falar sobre as perspectivas para 2025, Kelma usou a palavra “cautela”. Ela explicou que o setor enfrenta três grandes desafios: os juros altos, o aumento dos custos dos insumos e a necessidade de uma legislação clara e objetiva por parte da municipalidade.

“Não adianta construir se não conseguimos vender, porque os juros altos comprometem a renda do comprador. Além disso, os insumos estão mais caros, o que impacta diretamente no custo final dos imóveis”, afirmou. Apesar disso, Kelma destacou que o mercado imobiliário em Campinas teve um bom desempenho em 2024, com crescimento significativo em comparação a 2023, especialmente no segmento de lançamentos.

Kelma ressaltou que Campinas está entre as cinco cidades que mais lançaram imóveis no terceiro trimestre de 2024, com 2.279 unidades. Ela destacou a diversidade do mercado, com opções para todos os perfis de renda, desde unidades do Minha Casa, Minha Vida até imóveis de alto padrão.

“O mercado mudou muito após a pandemia. As pessoas passaram a ser mais exigentes em relação ao que querem para suas moradias. Muitas optaram por casas em vez de apartamentos pequenos, buscando mais conforto e espaço”, disse.

Outro ponto mencionado foi a preocupação do Secovi-SP com imóveis fechados no centro da cidade, que podem se tornar alvo de invasões. “Muitos imóveis desocupados foram demolidos justamente para evitar esse tipo de problema”, explicou.

Simplificação de processos

Kelma destacou que, nos últimos anos, Campinas tem se tornado mais atrativa para empresários e incorporadoras, graças a uma gestão municipal que buscou aproximar o setor privado da prefeitura. “A gestão do prefeito Dário trouxe regras mais claras e objetivas, o que facilita o cumprimento da legislação e a atração de investimentos”, afirmou.

Ela também mencionou que o Secovi-SP oferece assessoria jurídica, cursos e palestras para empresas do setor, além de auxiliar na obtenção de certificados digitais. “Nosso objetivo é apoiar as empresas e garantir que o mercado imobiliário continue crescendo de forma organizada e sustentável”, finalizou.