O Secovi-SP realizou na quinta-feira, 29/1, o think tank “Crise hídrica: um problema que veio para ficar e que exige posicionamento do setor imobiliário”, com palestra do economista-chefe do Santander Asset Management, Hugo Penteado. Autor do livro “Ecoeconomia – Uma Nova Abordagem”, Penteado é palestrante sobre a inserção da economia ecológica dentro da nova visão de sustentabilidade e compartilhou, com dirigentes e convidados, dados alarmantes sobre o atual cenário de quase seca por que passa a Região Metropolitana de São Paulo.

Com os níveis dos reservatórios baixando em ritmo acelerado e o sistema Cantareira na iminência de secar, é urgente o envolvimento de todos os setores da sociedade para discutir ações articuladas que contribuam para o enfrentamento da nova realidade.

“O cenário poderá acarretar um êxodo urbano em São Paulo, o que se refletirá diretamente também nas atividades imobiliárias, implicando efetiva participação das lideranças do nosso setor”, disse Ciro Scopel, vice-presidente de Sustentabilidade do Secovi-SP, na abertura do evento.

O presidente Claudio Bernardes citou todo o trabalho de conscientização, disseminação de conhecimento e orientação feito pelo Sindicato por diversos meios e ferramentas. “Tentamos contribuir ao máximo para a preservação de nossos recursos naturais, mas precisamos pensar em meios de colaborar ainda mais na superação dessa crise hídrica”, disse o dirigente do Sindicato.

Segundo Hugo Penteado, os economistas excluíram pessoas e o meio ambiente de seus modelos e todos os sistemas econômicos (indústria, agricultura, transportes, comércio e seus derivados) são lineares, ou seja, seguem a tríade extrair-produzir-descartar. “Os recursos naturais são finitos e a economia estimula crescimento exponencial infinito”, declarou. “As causas para a crise hídrica precisam ser atacadas. Tem solução, mas caminhamos de forma tardia”, disse.

Penteado lembrou que a economia é um subsistema da natureza e não o contrário. “Estamos perdendo a visão sistêmica. Quem dá as regras é o planeta. Ou nos relacionamos bem com a natureza, ou não vamos sobreviver.” A linearidade deve ser substituída pela circularidade. “A economia deve imitar o funcionamento da natureza. Para contribuir com o desenvolvimento sustentável, qualquer empreendimento ou projeto deve ser circular, regenerativo e finito”, explicou.

Além do sistema econômico, o economista apontou como outras causas para problema da falta de água o desmatamento e a ausência de investimento em infraestrutura. Dados apresentados por ele apontam que 66,7% das florestas tropicais e 75% das florestas temperadas foram destruídas. “A cada ano, estamos destruindo um Uruguai em florestas. Estados Unidos e Europa já destruíram 99% das suas florestas”, disse. Quanto à infraestrutura, dois exemplos de precariedade foram usados pelo economista: a insuficiência da rede de esgoto (cobre 70% da cidade de São Paulo, porém, apenas 30% deste é tratado – o resto, vai para os rios) e a má distribuição da água no País (há 8 mil litros de água/dia por habitante, mas não chegam às pessoas).

Na parte do final do evento, os convidados participaram com perguntas ao palestrante e sugestões para o setor.