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  Basilio Jafet
 

Basilio Jafet*

“A pandemia revelou o tamanho da desarticulação entre os governos. Deixamos de ser uma federação. Passamos à condição de estados desunidos.

Quando Jair Bolsonaro assumiu a Presidência da República, duas mensagens de sua campanha ficaram gravadas: o Brasil para os brasileiros; menos Estado e mais empreendedorismo.

A força dessas mensagens autorizou a acreditar que iniciaríamos uma nova jornada. Sabíamos que o primeiro ano de mandato seria complicado, dedicado à articulação com o Congresso Nacional, pois, sem ele, nenhum governo democrático consegue governar. E o ministério técnico nomeado foi grata surpresa.

Também é preciso lembrar a atuação governamental para aprovar a reforma da Previdência, lastreada em intenso trabalho de esclarecimento e convencimento da população. Foi uma vitória da sociedade.

Mesmo assim, algumas expectativas foram frustradas, em especial a aplicação da bem-elaborada agenda econômica, onde a chance de um Estado menor e mais liberal animou o setor produtivo e faz brilhar os olhos de investidores locais e internacionais.

Pouco se avançou nesse campo. E menos ainda em 2020, quando a pandemia desestruturou o grande projeto nacional de privatizações, concessões, parcerias e outros avanços necessários para reduzir o déficit fiscal. Déficit que levou a dívida a incríveis 91% de nosso Produto Interno Bruto (PIB), uma das maiores do planeta entre os países de renda média. Precisamos mostrar um projeto crível e eficiente de país para que seu carregamento possa ocorrer sem maiores traumas.

A pandemia por covid-19 revelou o tamanho da desarticulação entre os governos federal, estaduais e municipais. De repente, deixamos de ser uma federação. Passamos à condição de estados desunidos. Os interesses políticos sobrepujam os do País.

E o mesmo cenário se repete quanto à chegada da vacina que, imunizando a população, permitirá que voltemos a focar em outras questões prioritárias, como combater o enorme desemprego, com milhões de famílias lançadas à miséria, rezando para que o setor produtivo nacional volte a operar e a gerar postos de trabalho.

Muito se falou em novo normal. Mas será que podemos considerar normal a irracional disputa entre os Poderes e entre os próprios ministérios? Que se demande ao STF, guardião da Constituição, desrespeitá-la? Que se considere lícito burlar o teto de gastos por conta do auxílio emergencial? Que os parlamentares fiquem meses sem votar pautas fundamentais para o desenvolvimento nacional, atribuindo tal paralisia à pandemia, às eleições municipais ou às eleições das mesas diretoras das casas? Que, dada a divergência de opiniões, poderá ser reeditada a Revolta da Vacina, rebelião popular de oposição à imunização contra varíola, em 1904, no Rio de Janeiro?

Sabemos que temos de confiar. Confiança é o combustível do empreendedor, assim como segurança jurídica, crédito, juros baixos e inflação controlada. Essa situação kafkiana tem de acabar. É primordial romper a muralha do corporativismo, construída tijolo por tijolo sob as nossas vistas.

Precisamos mudar. Não se trata de mero desabafo, mas um chamamento. Precisamos de políticas (e políticos) que priorizem os brasileiros. A nossa hora tem de chegar. Temos homens de bem e com privilegiada inteligência para conduzir o País. E nossa tarefa é garantir que eles tenham espaço para trabalhar por nós, sem as amarras do partidarismo, do corporativismo, da ideologia e do protecionismo.

Quem põe comida na mesa das famílias é o emprego. Quem diminui a desigualdade social é o empregador do setor privado. E tudo o que ele pede é saber para onde vai o Brasil.

 

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