No dia 1º de setembro, na sede da ACSP – Associação Comercial de São Paulo (região central da Capital), representantes de 24 entidades diversas (empresariais, acadêmicas, de moradores, e do poder público municipal) participaram do primeiro workshop do movimento Diálogos Urbanos, que visa a estimular os debates acerca dos problemas da cidade e suas alternativas de solução.

Na visão de Rogério Amato, presidente da ACSP, para manter o desenvolvimento das cidades, é preciso adotar duas medidas emergenciais: organizar a população e treinar as bases comunitárias. “Ou nos mobilizamos ou não encontraremos soluções urbanas adequadas.” Para ele, as responsabilidades e atribuições do poder público e da iniciativa privada têm de ser claramente definidas e distribuídas.

Na opinião de João Crestana, presidente do Secovi-SP, uma das entidades promotoras do evento, a falta de mobilidade nas cidades é um problema público, mas todos têm de ser responsabilizados pela melhoria do tecido urbano. “A cidade não é de políticos, empresários ou associações. Ela é dos cidadãos. Não há lideranças únicas e o que existe de ruim em São Paulo pode ser resolvido com aquilo que há de bom. Bastam organização e trabalho comunitário”, ressaltou o dirigente.

Top Five – O diretor comercial da Toledo & Associados, Renato Barbosa, apresentou pesquisa qualitativa realizada com 600 pessoas de todas as regiões da cidade de São Paulo e que apontou os principais gargalos da Capital. Falta de segurança, educação, saúde, além de trânsito e transporte público precário são os maiores problemas. Porém, para 71% dos entrevistados é satisfatória a vida na Capital, pois há grandes oportunidades de emprego, opções de comércios e serviços, escolas e creches, e lazer.

Conforme o estudo, não se percebe grande afluxo de pessoas de outros Estados e 75% dos pesquisados nasceram em São Paulo. Essa população quer uma metrópole moderna, contemporânea, com mais áreas verdes e com arquitetura agradável. “Querem viver, desfrutar os espaços, andar, respirar e ocupar a cidade”, concluiu Barbosa.

Desafios – Governança, mobilidade, moradia, oportunidades, planejamento territorial e meio ambiente surgem como os maiores desafios futuros para São Paulo, de acordo com estudo do Instituto Urban Age, realizado por 150 urbanistas junto a 1300 moradores da cidade.

Apresentada pelo professor da Universidade Mackenzie, Carlos Leite, a pesquisa aponta alternativas de planejamento ordenado, que passam pela criação de uma agência de desenvolvimento urbano público/privado, independente de governo, uso misto das cidades – a fim de conter o crescimento difuso -, substituição do carro pelo transporte público, com privilégio ao pedestre, ou uso de veículos menores, mais compactos, e até mesmo de automóveis por locação. “Carros são para cidades burras, com grande ‘pegada’ ecológica.”

Leite acredita ser possível ir além dos planos de governo, e debater publicamente os projetos urbanos. “Existe uma infinidade de organizações mundiais elaborando pautas positivas. Essa é a boa notícia. Cidades são centros de oportunidades e de perspectivas futuras mais sustentáveis, e São Paulo está neste contexto”, concluiu.

Durante o evento, foram apresentadas opiniões e sugestões de temas para os próximos encontros, que acontecerão no decorrer de 2011 e 2012.