Especialista em segurança condominial pela empresa SUAT, José Elias de Godoy ministra aulas na Universidade Secovi há mais de 10 anos. Um dos cursos é o de Técnicas de Controle de Acesso em Portarias, que chega à sua oitava turma este mês. Elias defende a formação de um “triângulo” para que a segurança condominial seja efetiva. “É uma combinação de segurança física, por meio de equipamentos e barreiras, qualificação de funcionários e conscientização dos condôminos”, explica.
Oficial da Polícia Militar do Estado de São Paulo graduado pela Academia de Polícia Militar do Barro Branco, Elias também é bacharel em Direito, tem formação em Gestão de Segurança Empresarial e Patrimonial e especialização em Segurança Física de Instalações e Dignitários pala PMESP. Ele também é instrutor de cursos nas áreas de Segurança Patrimonial e Condominial e autor dos livros “Manual de Segurança em Condomínios” e “Técnicas de Segurança em Condomínios”, além de colaborador no Manual de Segurança Condominial do Secovi.
Na entrevista abaixo, ele fala mais sobre o tema “segurança condominial” e o curso da Universidade, que acontece de 20 a 22 de outubro.
1. No que implica a segurança de um condomínio?
Segurança do condomínio é um triângulo. Em um lado está a segurança física, formada pelos equipamentos eletrônicos (barreiras perimetrais, porteiros eletrônicos, portões eletrônicos e automáticos, sistema de CFTV, controle de acesso automatizado etc) e barreiras físicas. Em outro lado, está o investimento nos funcionários, que vai desde a sua contratação, treinamento, supervisões operacionais até oferecer boas condições de trabalho. E por último, a conscientização do condômino, que deve saber que faz parte deste sistema e tem responsabilidades. Não cabe somente ao síndico, porteiros e seguranças. O triângulo da segurança um lado depende do outro.
2. Como o curso Técnicas de Controle de Acesso em Portarias pode contribuir para a capacitação de funcionários?
Segundo levantamento da Polícia Militar da cidade de São Paulo, 90% das invasões a condomínios verticais se dão pela porta da frente. Os assaltantes entram pela portaria por falha de procedimento dos porteiros e vigias, daí a importância em treinar esse pessoal. O investimento em colaboradores de condomínios é baixíssimo. Embora haja histórico de arrastões, os assaltos pontuais têm sido a tônica deste ano, principalmente com vítimas orientais (que costumam guardar dinheiro no apartamento).
3. Quais são as principais falhas na portaria?
Das ocorrências registradas na polícia, há casos de assaltante que se apresenta como parente do morador, ou diz que é prestador de serviço com autorização do morador e o porteiro não faz a verificação corretamente. Outro caso é um bandido se passar por morador e telefonar para a portaria solicitando autorização da entrada do comparsa que está na portaria. Todas essas situações envolvem procedimentos ligados a controle de acesso e técnicas de segurança de portaria.
4. O que os alunos vão aprender nesse curso? No que vai facilitar o seu dia a dia profissional?
O treinamento é bastante focado em como agir no controle de acesso ao condomínio para que as pessoas tenham ideia do que está acontecendo e prestem atenção no óbvio e em possíveis não conformidades. Também ensina a qualidade de atendimento, a como se relacionar com os públicos interno (morador) e externo (prestadores de serviço, visitantes), com dicas de postura no tratamento, no atendimento do interfone, na comunicação por rádio etc.
5. Qual o objetivo do curso?
Abrir os olhos dos funcionários e conscientizá-los da importância do trabalho deles e do preparo necessário que eles devem ter além de qualificá-los profissionalmente em suas funções. Eles não têm autonomia nenhuma em autorizar entrada de ninguém – somente o morador, na área privativa, e o síndico e o zelador, nas áreas comuns. Só esse cuidado já vai reduzir muito a vulnerabilidade.
6. Dê exemplo de uma técnica ensinada no curso.
Na entrada de carro na garagem, o porteiro deve prestar atenção não no veículo, mas na pessoa que está dentro, se é morador ou não. Deve solicitar ao motorista que se faça identificar. Pode acontecer de um bandido estar dirigindo ou estar dentro do carro junto com o morador. Esse é, também, um exemplo da colaboração por parte do morador, que muitas vezes não quer abaixar os vidros do veículo, acha que o porteiro tem a obrigação de conhecer o carro dele etc.
7. Quais são as atitudes que um porteiro ou vigia deve ter ao perceber uma situação de risco?
Primeiramente, não podemos confundir porteiro com segurança. Embora ele não tenha a função de segurança, ao perceber uma situação suspeita, deve anotar as informações (uma placa de carro, de moto, características da pessoa suspeita que esteja rondando o prédio), uma vez que deve tomar atitude preventiva ligando para o 190. Não é para ter atitude repressiva – isso cabe à polícia. Se o condomínio possuir os equipamentos necessários, deve-se acionar o alarme, o botão de pânico, fazer um contato via telefone ou mesmo rádio com alguém fora do cenário para que possa ser informado de maneira a tomar as providências junto aos órgãos policiais.