O Secovi-SP promoveu no último dia 29/4, em sua sede, a segunda edição do ano do Ciclo de Palestras para Síndicos, iniciativa da vice-presidência de Administração Imobiliária e Condomínios do Sindicato, conduzida por Hubert Gebara. O diretor de Condomínios da entidade Sérgio Meira de Castro Neto, coordenou o evento, que abordou um tema polêmico: o consumo de drogas e álcool em condomínios.
Em sua fala de abertura, o vice-presidente Hubert Gebara alertou para a gravidade do problema. “Administrar prédio vazio é fácil. O maior problema não são animais, barulho ou vazamento, mas sim o consumo de drogas. Muitas vezes, uma família inteira está viciada”, alertou Gebara, enfatizando a necessidade de os síndicos e funcionários aprenderem a lidar com a questão com especialistas, como o coronel Edson Ferrarini.
Advogado e também psicólogo clínico com especialização em dependência química, Ferrarini iniciou sua exposição focando nos principais malefícios do álcool e de outras drogas. Ele apresentou detalhadamente como cada substância age no organismo da pessoa e chamou a atenção para a mudança de comportamento.
“Não tem um remédio que cure a droga. O que podemos é ajudar a pessoa a parar.” Segundo ele, até pouco tempo, a droga mais forte era o crack. “Cinco segundos após se usar o crack, ele já estoura no cérebro. É alucinação total! O efeito só dura dez minutos, depois é uma tristeza profunda, que só passa com uma nova dose”, explicou o especialista, informando que o crack já está perdendo espaço para uma nova substância, o “oxi”, obtido da mistura da pasta base de cocaína, gasolina e cal usada em construções.
“Tudo começa com um inocente cigarro de maconha. Todos iniciam assim. Da maconha para chegar a outras drogas é uma questão de tempo, oportunidade e companhia”, apontou o palestrante, que citou a curiosidade e a desinformação como os principais fatores que levam os jovens às drogas. “Não conheço nenhuma pessoa viciada por um traficante. A droga é oferecida por um amigo”, relatou.
Prevenção – Ferrarini ressaltou a importância da escola e da família. “A solução é o diálogo, a prevenção. É preciso chegar antes da droga”, alertou, lembrando das armadilhas. “A sensação de prazer é primeira armadilha.”
Para ele, chamar a polícia não resolve. “O síndico até pode fazer isso, mas o melhor é a conscientização dos moradores, principalmente dos pais”, afirmou o especialista, que trabalha há 43 anos na recuperação de dependentes.
“Eu era comandante de um batalhão da Polícia Militar na zona Norte da Capital e havia um soldado que mantinha um garrafão de pinga na viatura. Eu tinha que ajudá-lo. Então, passei a participar das reuniões de associações de Alcóolicos Anônimos (AA), ler e estudar sobre o assunto. Recentemente, entreguei uma medalha a esse meu amigo, que está há mais de 40 anos sem beber”, contou Ferrarini.
O diretor Sérgio Meira chamou a atenção para as festas em condomínios sem regras bem definidas. “As baladas são realizadas sem a presença de adultos. Muitas vezes, participa o amigo do amigo, que não mora no condomínio. Isso traz insegurança e contribui para os excessos. Muitas, percebemos o desrespeito e até a agressão ao funcionário”, disse, salientando a importância de constar no Regimento Interno as regras para a realização de festas, como horários de início e término, lista de convidados, entre outras.
Meira disse que a gravação com câmeras é importante. O síndico também poderá abordar o tema em uma assembleia, cuja ata pode servir de subsídio para uma futura reclamação. Outra dica do diretor é o condomínio incluir no Regimento Interno uma cláusula, informando que o consumo de bebidas alcóolicas e outras drogas não será permitido nas áreas comuns do condomínio, sob pena de apreensão e multa aos condôminos das unidades envolvidas.
Cases – Vários síndicos relataram que já tiveram problemas em seus condomínios e pediram orientação ao palestrante. “Cada caso é um caso. O mais importante é a conscientização”, disse o especialista, orientando o morador ou o síndico a reunir provas para uma posterior queixa na delegacia. Sem isso, a pessoa pode até sofrer uma ação por danos morais.
As síndicas Simone Grippi e Ana Cleia elogiaram a palestra. “Já tinha assistido uma palestra do Coronel Ferrarini há uns 15 anos. Ele consegue aliar a experiência como militar e advogado e os conhecimentos em Psicologia, abordando de forma atual e com casos recentes”, disse Ana Cleia. “O conteúdo foi enriquecedor”, completou Simone.
Jessé Oliveira Júnior, síndico de um empreendimento no Morumbi, disse que vai levar essa palestra para o condomínio. “Eu já havia feito reuniões com algumas mães e elas tinham solicitado isso”, contou.
Para a realização da palestra em condomínio, o Coronel Ferrarini informou que a contrapartida é a aquisição de 50 exemplares de algum dos vários livros lançados por ele. A renda é revertida para o centro de recuperação que ele mantém no bairro do Jabaquara. “As reuniões gratuitas ocorrem toda terça-feira, à noite”, informou o especialista.
Mais informações: (11) 5073-8902, celferrariniedson@gmail.com ou www.coroneledsonferrarini.com.br.