Com auditório lotado, o Secovi-SP realizou nesta quinta-feira, 3/10, o V Encontro de Construtores e Incorporadores, no Espaço Milenium, em parceria com o SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo). Nesta edição, empresas incorporadoras, construtoras e de projetos debateram o tema “Novos riscos do setor imobiliário”. A nova legislação com o incentivo aos empreendimentos de uso misto também esteve em discussão, assim como os riscos técnicos e até mesmo climáticos, que podem trazer impactos aos projetos. “Conhecer os riscos é o caminho para avaliar seus efeitos e encontrar soluções. Nossa proposta é discutir novas práticas e encontrar alternativas para desafios comuns, de modo a impactar positivamente e renovar o mercado”, afirmou Carlos Borges, vice-presidente de Tecnologia e Sustentabilidade do Secovi-SP, na abertura do evento.
O dirigente afirmou, ainda, que o tema está em voga neste momento e, certamente, há um consenso entre os profissionais da construção e da incorporação de que os riscos relacionados às atividades aumentaram significativamente nos últimos anos. “Por conta disso, muitas empresas estão criando áreas específicas para fazer a gestão transversal de riscos, tamanha a importância atual do tema. ” Para Borges, apesar dos riscos serem associados a problemas, os mesmos podem se transformar em oportunidades para as empresas prestarem melhores serviços. “Uma concorrência mais saudável e uma gestão adequada favorecem as boas empresas do mercado”, acrescentou.
O primeiro painel ficou a cargo de Antonio Uras e Rodrigo Olyntho, da consultoria EY – Ernst Young, que abordaram o tema “Visão integrada de riscos no setor”. Durante a apresentação, os especialistas demonstram o processo de análise e as variáveis consideradas durante o processo. Entre os tópicos, foram destacadas a importância da gestão de riscos, considerada como parte da vantagem competitiva das construtoras e incorporadoras em um ambiente de constantes mudanças; os conceitos inerentes à área; os níveis de risco no ambiente de negócios, tanto no setor corporativo quanto na área de operações e processos; os processos de gestão de riscos, compostos pelo diagnóstico de vários elementos que analisam o contexto da empresa e possíveis barreiras ao negócio; a identificação de riscos, nas áreas estratégicas, operacionais, financeiros e regulatórios; as métricas para avaliação de riscos, como impacto, velocidade, probabilidade e vulnerabilidade; e, por fim, o tratamento e o monitoramento de riscos. “Uma gestão de riscos efetiva tem muito valor para todos os envolvidos, pois, quanto maior o conhecimento, mais elevado será o potencial para gerenciar o desempenho do negócio”, exemplificou Uras. Rodrigo Olyntho ainda completou: “Não adianta identificar riscos, sem avaliá-los, tratá-los e monitorá-los. Gerenciar riscos é atribuição de toda a organização. ”
Já na palestra “Riscos jurídicos: desafios nos atuais empreendimentos (nR e outras complexidades) ”, Rodrigo Bicalho, da Bicalho e Mollica Advogados e membro do Conselho Jurídico do Secovi-SP, contextualizou o tratamento jurídico dado às unidades NRs (não-residenciais) após o Plano Diretor de 2014 e Lei de Zoneamento de 2016 na cidade de São Paulo, citando as diretrizes, incentivos e também os dilemas decorrentes da medida.
A painel seguinte tratou do tema “Riscos ambientais: mudanças climáticas e seus impactos no projeto e construção” e contou com as participações do Prof. Dr. José Goldemberg, presidente do Conselho de Sustentabilidade da FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), e do Prof. Vanderley John, da Escola Politécnica-USP. Goldemberg lembrou do primeiro evento que catalisou a preocupação com o meio ambiente: the Great Smog, conhecido como o grande nevoeiro de 1952, em Londres, que encobriu a cidade com uma severa poluição e provocou a morte de aproximadamente 12 mil pessoas. Atualmente, segundo ele, a aquecimento das calotas polares – e o consequente aumento do nível dos oceanos -, a mudança de eixo da Terra e maior radiação do Sol sobre o planeta são algumas das grandes preocupações, além das queimadas. Ainda, de acordo com o representante da FecomércioSP, apesar dos prédios serem construídos para ter uma vida útil de 100 anos, é necessário que o setor da construção civil analise seu papel diante dessa nova realidade. “Fazer um esforço pela diminuição da emissão dos poluentes já é um grande começo”, disse Goldemberg.
Ao final, a consultora Isabelle Gretillat, da Geiah Consultoria de Projetos, abordou “Riscos operacionais: planejando o condomínio já na sua concepção”, e Fernando Carvalhal, da Gamaro Desenvolvimento Imobiliário, apresentou o case “Empreendimentos complexos: como “O Parque” está encontrando soluções”. O projeto de alto padrão ocupa uma área de 38 mil m² no Brooklin, na zona sul da capital paulista, e é composto por múltiplos espaços (residencial, apartamentos long stay, escritórios, mix de lojas e restaurante), além de parque e área de lazer abertas ao público.
O vice-presidente de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP, Jorge Batlouni, também esteve presente e, durante sua saudação, abordou a importância do evento e, ainda, enfatizou a relevância da união do setor, que está mais próxima a partir de agora. “Ficamos décadas em nosso endereço antigo, no centro de São Paulo, e, agora, estamos de mudança para a sede do Secovi-SP neste mês. Este prédio será a Casa da Habitação e essa junção trará uma grande sinergia para o segmento”, finalizou.
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