Na segunda-feira, 30/3, aconteceu o seminário “Financiamento para tornar as edificações sustentáveis”, o terceiro do Fórum de Desenvolvimento Urbano e Construção Sustentável, formado pelo Secovi-SP, SindusCon-SP, Uninove e outras entidades do setor imobiliário.

Realizado na sede do SindusCon-SP, o evento contou com a participação de Hubert Gebara, vice-presidente de Administração Imobiliária e Condomínios do Secovi-SP. Em seu pronunciamento e nos debates, Gebara destacou a necessidade de retrofit de edificações prontas, que inclui equipamentos que proporcionem eficiência de recursos. “É indispensável a existência de linhas de crédito que permitam às empresas fazer o que é certo pela sustentabilidade, e também aos empreendimentos prontos, como condomínios, que são os que impõem a maior dificuldade de adaptação”, disse.

José Romeu Ferraz Neto, presidente do SindusCon-SP, chamou a atenção para a relevância do tema do seminário diante do momento delicado para a economia do País e para o setor. “A grave crise que vivemos não pode servir de retrocesso nos grandes avanços que conquistamos na construção sustentável”, afirmou. Segundo Ferraz Neto, tecnologia, métodos construtivos e capacitação evoluíram e agora o setor precisa de incentivos financeiros com a finalidade de trazer as práticas sustentáveis para a área residencial. Ele também citou os edifícios em retrofit, que podem ser modernizados e dotados de eficiência energética e uso racional de água. 

O deputado federal Paulo Teixeira, idealizador e participante ativo do Fórum, falou sobre a necessidade de mudar os parâmetros das construções e relembrou os avanços advindos da iniciativa, como o lançamento da Instrução Normativa do governo para a adoção do Programa Brasileiro de Etiquetagem, para eficiência energética de edificações em âmbito federal.

O assessor de Mudanças Climáticas da pasta, Oswaldo Lucon, afirmou que a iniciativa foi a melhor coisa que aconteceu no campo da construção sustentável nos últimos anos, permitindo identificar problemas e atuar pontualmente nas soluções. “Nesta edição prometo ser um bom ouvinte, atento para ideias e soluções para a remoção de bloqueios que estiverem ao alcance do governo do Estado de São Paulo.” Ele representou a secretária de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Patrícia Iglecias.

Financiamento em prol da sustentabilidade

Álvaro Silveira, consultor do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) apresentou Mecanismo de Garantia de Eficiência Energética (EEGM) que a instituição oferece para projetos de sustentabilidade. Por meio dele, o BID garante a concessão de créditos de outros bancos para 80% do valor do investimento em projetos como aumento de eficiência energética e lumínica, limitado a R$ 5 milhões por projeto. O EEGM já foi apresentado ao Secovi-SP em 2014 em reunião da vice-presidência de Sustentabilidade.

Representantes do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) apresentaram as diversas modalidades de financiamento para pessoas jurídicas aplicáveis a projetos de construção sustentável. O BNDES Finem pode financiar projetos de racionalização de recursos naturais e recuperação de passivos ambientais; sua vertente Finem Proesco destina-se a proporcionar crédito para projetos de eficiência energética que substituam a utilização de combustíveis fósseis; o BNDES Automático destina-se a reformas e construção (incluindo o capital de giro para instalações, mas não aplicável a aquisição de terrenos, imóveis, empresas e softwares feitos no exterior); e o BNDES Finame, para bens de capital novos e nacionais, como coletores solares, centrais eólicas, geradores fotovoltaicos.

Além disso, a instituição também oferece o Cartão BNDES com crédito pré-pago de até R$ 1 milhão, que pode ser utilizado para financiamento de inovações e também para aquisição de equipamentos de tratamento e reúso de água, trituração de entulho, vidros para controle térmico, aquecedores solares, turbinas eólicos de pequeno porte e projetos para certificação de eficiência energética.

Coordenador dos debates ao lado de Hubert Gebara, Francisco Vasconcellos, vice-presidente Administrativo e Financeiro do SindusCon-SP, destacou ser necessário “avançarmos neste tema, abrindo mais as linhas de crédito e buscando viabilizar os financiamentos para os condomínios já construídos”.

Ele anunciou que o governo estadual estuda a implementação de um programa de incentivos à troca de bacias sanitárias fabricadas e instaladas antes da nova tecnologia que racionaliza o consumo de água das mesmas. Também informou que há estudos técnicos para a criação de uma norma sobre água de reúso.

Hubert Gebara comentou: “Há muitos anos tentamos fazer um trabalho nos cerca de 55 mil condomínios existentes no Estado de São Paulo para melhorar a eficiência dos recursos. Os condomínios sabem da necessidade de fazer retrofit, há interesse em fazê-lo, mas o processo trava na hora de obter financiamento. É um grande problema”, lamentou.

O economista do Departamento Regional Sul do BNDES, Marco Antonio Leite, explicou que a modalidade de financiamento Finame pode ser considerada também para condomínios residenciais, além do cartão BNDES, já que financia vários itens de menor valor, como hidrômetros para projetos de individualização da medição de água e os já citados anteriormente que se aplicam a condomínios. Segundo ele, o financiamento é feito via instituição financeira da qual o condomínio é cliente, e a taxa de juro é 0,99% ao mês, sem incidência de IOF.

Segundo Álvaro Silveira, do BID, sob o ponto de vista de crédito, o condomínio residencial é um bom risco de crédito. “Existe espaço para se trabalhar com condomínios. Precisamos desenhar um produto voltado para o segmento residencial. O BID já faz isso no México, por que não no Brasil?”, sugeriu.

Com informações do SindusCon-SP.