Lores, Jafet e José Romeu dividiram a bancada
Lores, Jafet e José Romeu dividiram a bancada

O 2º Fórum BandNews, veiculado pelo canal nesta segunda-feira, 24/8, abriu oficialmente os trabalhos da Convenção Secovi 2020, que prossegue até quarta-feira, 26. Realizado em parceria com o Secovi-SP e a Fiabci-Brasil, e novamente ancorado pelos jornalistas Marcello D’Angelo (BandNews) e Sonia Racy (Estadão), o programa debateu as tendências das grandes cidades e a imprescindível necessidade de as legislações contribuírem para o bom desenvolvimento urbano.

“O desafio é discutir como resolver as cidades da melhor maneira para quem nelas vive. E fazer isso de forma desapegada de velhos conceitos e preconceitos. Por vezes, os debates sobre questões urbanas, como o caso da calibragem da atual Lei de Zoneamento, têm se tornado embates. De um lado, há o empreendedor imobiliário tentando produzir habitações; de outro, correntes ideológicas de urbanistas e parcela da opinião pública dizendo não. Em defesa da sociedade, duelamos com ideologias e radicalismos. E essa ausência de razoabilidade se espelha nas leis que elitizam a cidade”, considerou o presidente do Secovi- SP, Basilio Jafet.

De acordo com José Romeu Ferraz Neto, presidente da Fiabci-Brasil, corrigir os equívocos da atual Lei de Zoneamento é inadiável. “As cidades estão passando por um processo de reflexão, sendo difícil precisar como elas deverão funcionar após a pandemia. “Muitas megacidades do mundo estão revendo seu desenho urbano. Há inúmeras questões pedindo respostas sobre o novo modelo de vida e o uso do espaço público. Como de tudo que acontece, vamos extrair lições dessa pandemia. Lições que vão definir o futuro de nossas cidades, o qual deve ser orientado por legislações urbanas que saibam respeitar a dinâmica natural da vida”, afirmou.

Eduardo Tuma
Eduardo Tuma, presidente da Câmara Municipal de SP

A calibragem da atual Lei de Zoneamento de São Paulo foi amplamente analisada. A prefeitura elaborou projeto de lei para ajustes pontuais na legislação, a fim de suprimir restrições que elitizam a cidade e prejudicam a população no acesso à moradia em áreas centrais.

Segundo o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Eduardo Tuma, os vereadores estavam prontos para analisar a matéria. Mas uma surpreendente liminar da Justiça impediu o envio da proposta ao Legislativo municipal. Como consequência, ocorreu um atraso significativo nesta discussão tão importante para a cidade.

Entretanto, Tuma afirmou que existem projetos bem maduros que podem contribuir com a coletividade, caso das Operações Urbanas Chucre Zaidan e Água Branca e do Projeto de Intervenção Urbana (PIU) Vila Leopoldina. “Administradas questões como pandemia, reforma administrativa e volta às aulas, vamos nos debruçar sobre eles e deliberar até o final do ano”, prometeu.

Diferenças e desigualdades – Raul Juste Lores, jornalista especializado em urbanismo e editor-chefe da Veja São Paulo, ponderou que verticalização e densidade são coisas diferentes. Barcelona, Paris e Buenos Aires, admiradas por todos, são super adensadas, com prédios sem recuos, comércio no térreo e ruas vivas. “É fácil falar em proteger a cidade contra o mercado imobiliário, especialmente em áreas centrais. Então, não se cresce onde há infraestrutura e emprego, mas nas bordas da cidade, onde há natureza e mananciais.”

“A capital paulista sofre com uma mentalidade de cidade pequena. Temos uma São Paulo espalhada. E depois reclamamos do trânsito e que tudo está muito longe. Pessoas dizem: ‘no meu bairro não pode ter feira, escola, hospital; que esses problemas sejam mandados para qualquer outro lugar’. Então, temos avenidas centrais desperdiçadas. A do Pacaembu se tornou reduto das lojas de colchões. A Avenida Brasil, lugar de alguns escritórios e de dezenas de casas abandonadas. Enquanto isso, todos admiram as avenidas São Luiz e Paulista, onde tudo convive.”

Segundo ele, após décadas, a elite política e intelectual continua acreditando na mesma receita. “Não entende que são moradores de diferentes classes sociais que podem recuperar o velho centro. Não enxerga que, em bairros ‘protegidos’ como pulmões da cidade, os moradores têm de ir de carro à farmácia, emitindo CO2”, afirmou. “Há 50 anos, optamos por seguir na contramão das cidades europeias e sermos a Los Angeles dos pobres. É hora de redesenhar as cidades e combater o egoísmo de quem já tem tudo.”

Edward Glaeser, convidado internacional

O convidado internacional Edward Glaeser, professor da Universidade de Harvard e um dos maiores especialistas do mundo em economia urbana, analisou a conexão entre cidades e sustentabilidade. “Quando estamos perto, consumimos menos combustível fóssil. Pessoas que vivem em áreas densamente urbanas habitam unidades menores e usam menos energia. Isso significa que as cidades são parte da solução para termos uma vida melhor”, afirmou.

Prazer e bem-estar – Glaeser comentou os benefícios da verticalização e do adensamento urbano. Segundo ele, o preço da moradia sempre reflete o equilíbrio entre a demanda e a oferta. “Muitas vezes, os regulamentos públicos, como o zoneamento, restringem demais a oferta de habitações. Idem no que se refere às dificuldades para se construir em determinadas áreas e às leis de proteção do patrimônio histórico. Quando o mercado privado não consegue ofertar as residências que as pessoas precisam, os preços sobem”. E adicionou: não há nada que substitua o modo de vida e o prazer que as cidades oferecem.”

O 2º Fórum BandNews contou com a parceria de Atlas Schindler, Grupo Bandeirantes, Grupo Souza Lima, Porto Seguro e SegImob.