A Pesquisa do Mercado Imobiliário, realizada pelo departamento de Economia e Estatística do Secovi-SP (Sindicato da Habitação), apurou em agosto a comercialização de 4.405 unidades residenciais novas. O resultado foi 34,1% superior ao total comercializado em julho (3.284 unidades) e 70,7% acima das vendas de agosto de 2018 (2.581 unidades).
No acumulado de 12 meses (setembro de 2018 a agosto de 2019), as 40.239 unidades comercializadas representaram um aumento de 39,9% em relação ao período anterior (setembro de 2017 a agosto 2018), quando as vendas totalizaram 28.762 unidades.
Lançamentos – De acordo com dados da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio), a cidade de São Paulo registrou o lançamento de 6.064 unidades residenciais, volume 70% acima do mês de julho (3.567 unidades) e 158% superior ao apurado em agosto do ano passado (2.350 unidades).
No acumulado de 12 meses (setembro de 2018 a agosto de 2019), os lançamentos na Capital somaram 51.403 unidades, 48,2% acima das 34.676 unidades lançadas no mesmo período do ano anterior (setembro de 2017 a agosto de 2018).
Oferta – O mês de agosto encerrou com a oferta de 25.321 unidades disponíveis para venda na capital paulista. A quantidade de imóveis ofertados cresceu 9,3% em relação a julho (23.168 unidades) e 51,7% em comparação a agosto de 2018 (16.692 unidades). Esta oferta é composta por imóveis na planta, em construção e prontos (estoque), lançados nos últimos 36 meses (setembro de 2016 a agosto de 2019).
Análise – O mercado imobiliário da cidade de São Paulo registrou quantidade recorde de lançamentos e vendas no mês de agosto, com 6.064 unidades lançadas e 4.405 unidades comercializadas.
No acumulado de janeiro a agosto de 2019, foram lançadas 28.013 unidades e vendidas 26.434 unidades, o melhor resultado acumulado da série da pesquisa, iniciada no ano de 2004.
“Devemos registrar neste ano o maior desempenho de lançamentos residenciais na cidade de São Paulo desde o início da pesquisa. A expectativa é que as vendas acompanhem esse mesmo ritmo”, ressalta Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP.
No mês, destaque para imóveis de 3 dormitórios, com 602 unidades lançadas e 386 unidades comercializadas. “Este desempenho foi o melhor para o mês de agosto nos últimos seis anos”, destaca Petrucci.
Empreendimentos com 1 dormitório também registraram números expressivos, com 2.040 unidades lançadas e 1.304 unidades vendidas. Conforme a Pesquisa, os imóveis se enquadraram majoritariamente na categoria Outros Mercados, com preços de até R$ 500 mil, localizados nas zonas Sul, Oeste e Leste da Capital e lançados nas Zonas de Eixo de Estruturação da Transformação Urbana, sem vaga de garagem, com menos de 45 m² de área útil e de uso misto – ou seja, empreendimentos residenciais e não residenciais.
Uma novidade desta edição da pesquisa é a inclusão do indicador VGO (Valor Global da Oferta), que traz a ótica monetária em relação à oferta disponível. A capital paulista encerrou agosto com a oferta de 25.321 unidades, o que corresponde a R$ 14,3 bilhões em termos financeiros. “O valor médio dos imóveis não vendidos equivale a R$ 565 mil, resultado da divisão do VGO pelo total de unidades disponíveis”, explica o economista-chefe.
Algumas medidas que interferem diretamente no comportamento macroeconômico tiveram andamento nos últimos meses, como aprovação no Senado, em primeiro turno, do texto-base da Reforma da Previdência. Outro aspecto positivo foi a retomada da geração de empregos formais. “Em agosto, registramos mais um mês de saldo positivo na construção civil, com a contratação de 17 mil trabalhadores. Com isso, chegamos a quase 100 mil contratações no acumulado dos primeiros oito meses do ano”, comemora Basilio Jafet, presidente do Secovi-SP.
Ele destaca, contudo, que esse bom momento do mercado imobiliário da cidade de São Paulo pode ser abalado por restrições urbanísticas legais. “Ainda pesa sobre nós a falta de calibragem da Lei de Zoneamento, necessária para equilibrar oferta e demanda”, observa.
Aliam-se à essa preocupação apontada pelo dirigente a burocracia excessiva no licenciamento de novos projetos e a insegurança jurídica que afeta empreendimentos lançados, sujeitos aos riscos de mudanças de regras. A Reforma Tributária também é motivo de apreensão, já que as propostas em discussão no Congresso Nacional não atendem às peculiaridades das atividades do setor imobiliário.
Emilio Kallas, vice-presidente de Incorporação e Terrenos Urbanos da entidade, alerta para outra questão que se avista diante do aumento da demanda: os preços dos terrenos, principal insumo do setor. “Os proprietários de terrenos estão elevando demais os preços durante as negociações. Essa pressão vai acabar impactando os valores dos apartamentos e, consequentemente, chegará ao bolso do comprador”, considera.
“As incorporadoras estão mais criteriosas no momento de fechar negócio para aquisição de terrenos, principalmente nas áreas fora dos eixos, os chamados miolos de bairros, onde só é possível lançar empreendimentos de padrão mais alto”, ressalta Kallas.