Em videoconferência na noite de terça-feira, 31/3, especialistas do Secovi-SP debateram os impactos do novo coronavírus (COVID-19) no mercado de locação. Mediada pelo economista-chefe da entidade, Celso Petrucci, a transmissão ao vivo contou com a audiência de mais de 500 pessoas.
O vice-presidente de Gestão Patrimonial e Locação (VPGPL), Adriano Sartori, iniciou com uma breve apresentação, mostrando o volume de residências locadas no País. Em 2018, do total de domicílios no Brasil, 18% (13 milhões) eram de residências locadas, disse Sartori, que mostrou ainda o valor da receita gerada pelo aluguel, entre outros dados.
A advogada Moira Toledo, integrante da VPGPL, falou sobre a relação entre locador e locatário. Com o fechamento do comércio, disse ela, os primeiros apelos das partes foram no sentido de diminuir ou negociar o valor e estender o prazo para pagamento do aluguel comercial. No mercado residencial, as demandas estão começando. “Nossa orientação é seguir o mantra: negociar, negociar e negociar. É momento de calma, colaboração, empatia e entendimento da situação da outra parte e boa-fé contratual”, afirmou Moira.
O vice-presidente de Intermediação Imobiliária e Marketing, Claudio Hermolin, ratificou o entendimento da advogada. “Esse é o melhor caminho”, afirmou, informando que houve redução de 32% no volume de anúncios de imóveis residenciais para locação na última semana. “Houve uma queda na atividade de locação, comprovando a necessidade de negociação.”
Jaques Bushatsky, advogado e diretor de Legislação do Inquilinato do Secovi-SP, destacou a necessidade de bom senso na hora de rever as condições do contrato, em caso de inadimplência e de formalização de acordos. “O Judiciário tem agido com cautela e, em alguns casos, está suspendendo a execução dos despejos”, informou, acrescentando que essas decisões judiciais já estão repercutindo no Legislativo, com a propositura de vários projetos de Lei relacionados à locação. Alguns deles prejudiciais ao mercado. O Secovi-SP está mobilizado para encaminhar propostas de alteração ao texto de um dos PLs.
Na locação comercial, o vice-presidente Adriano Sartori acredita que é preciso ter atenção maior com aqueles que tiveram de fechar as portas neste período. “É preciso entender que tipo de inquilino está tendo problemas para efetuar o pagamento”, orientou. Por outro lado, disse ele, o locador também precisa receber. Alguns deles precisam pagar, inclusive, o financiamento daquele imóvel. “Toda a cadeia de locação está sendo afetada.”
Fundos imobiliários – Celso Petrucci lembrou que a ideia dos Fundos de Investimentos Imobiliários (FIIs) foi de Arthur Parkinson, em 1992, no Secovi-SP. Hoje, essa indústria envolve R$ 100 bilhões.
Especialista em FIIs, Augusto Martins, head de Real Estate no Credit Suisse, informou que essa indústria detém R$ 100 bilhões em diversos segmentos, como escritórios, logístico, galpões, shoppings, entre outros. “É importante saber se o locatário está passando por uma situação delicada e como podemos ajudar. E estamos negociando os prazos de pagamento”, disse. Na opinião de Augusto, não há necessidade de intervenção estatal, pois as negociações estão acontecendo, sem ruptura contratual. “Com relação aos investidores, estamos investindo mais em comunicação, para mantê-los bem informados neste momento.”
Integrante do Conselho Jurídico do Secovi-SP, o advogado Fernando Maximiano citou, como exemplos, redes de farmácias e de supermercados que tiveram incremento de receitas neste período de pandemia. “Não tem sentido que empresas como essas deixem de pagar os alugueis. Em casos de excepcionalidade, como o atual, é preciso ter bom senso e boa-fé contratual”, reafirmou Maximiano. Confira a íntegra da LIVE.