O Secovi-SP e a Fiabci-Brasil realizaram no último dia 4/12 a tradicional Mesa-Redonda, que discutiu as perspectivas políticas e econômicas para o Brasil em 2025. O evento, realizado na sede das entidades em São Paulo, foi mediado pelos presidentes Flavio Amary (Fiabci-Brasil) e Rodrigo Luna (Secovi-SP) e contou com a presença de Luiz Felipe D’Avila, comentarista da Jovem Pan e editorialista do Estadão; e Fernando Honorato Barbosa, economista-chefe do Banco Bradesco.
D’Avila abriu o debate com uma análise crítica sobre as dificuldades enfrentadas pelo Brasil em promover reformas estruturais. Ele destacou que o país continua perdendo oportunidades de avançar em áreas como reformas administrativa, trabalhista e tributária, essenciais para aumentar a competitividade econômica.
Segundo ele, o sistema atual está prejudicado por uma burocracia inflada e uma judicialização excessiva, que geram insegurança jurídica, afastam investidores e elevam custos operacionais para as empresas no país. Mesmo assim, o profissional destacou que há boas iniciativas nos estados e municípios, que têm se mostrado mais ágeis e proativos em atrair investimentos e facilitar o ambiente de negócios, e que os investidores precisam olhar nessa direção.
D’Avila também enfatizou a necessidade urgente de priorizar a educação como base para o desenvolvimento. Ele destacou dados preocupantes, como o fato de 60% das crianças brasileiras não estarem devidamente alfabetizadas aos 10 anos e 43% dos jovens não concluírem o ensino médio. “Sem mão de obra qualificada, não haverá aumento de produtividade, e continuaremos atrasados em relação a outros países”, afirmou.
Para o futuro, ele apontou que a mudança no comando do Congresso em 2025 será crucial. Com novos presidentes, a Câmara e o Senado terão um papel determinante para frear medidas descabidas.
Dentre as prioridades, ele ressaltou a importância de apoiar a aprovação de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) alternativa à do governo Lula. Com ela, será possível reequilibrar eficazmente as contas públicas e promover o controle dos gastos, criando um ambiente mais favorável para solucionar problemas fiscais e prevenir uma possível “quebra” do país.
Já Barbosa iniciou seu discurso trazendo o cenário da economia brasileira, enfatizando o papel de reformas estruturais e de setores estratégicos. Aproveitando a fala feita por D’Avila anteriormente, ele também reforçou que os estados vêm consolidando legislações que promovem segurança jurídica, essencial para atrair investimentos.
Contudo, ao decorrer de sua apresentação, o economista apontou um alerta em relação aos gastos do Brasil. Segundo ele, o aumento expressivo das despesas públicas, iniciado durante a pandemia, segue impactando o equilíbrio fiscal, causando falta de estabilidade no cenário atual e incerteza quanto à sustentabilidade fiscal.
Em relação à taxa de câmbio, Barbosa sugeriu que o real está desvalorizado em comparação a moedas de países semelhantes. Ele projetou que, com maior estabilidade fiscal e avanço nas reformas, o dólar poderá retornar a um patamar mais baixo, reduzindo as pressões inflacionárias.
Olhando para 2025, o economista ainda expressou um otimismo ponderado, antecipando um desempenho favorável para o setor imobiliário. No entanto, apontou que elementos como a escassez de acesso a créditos, as taxas de juros e o endividamento das famílias podem representar certos obstáculos para o mercado.
Após as declarações, os presidentes das duas entidades, Amary e Luna, mediaram uma sessão de perguntas e respostas com a participação ativa do público. Na ocasião, diferentes temas foram discutidos, como a necessidade de reformas políticas, o papel do Banco Central, os possíveis impactos da eleição de Donald Trump nos EUA, as condições do mercado de trabalho, a implementação de programas assistenciais, o envelhecimento da população e a reforma da Previdência. Além disso, também foram debatidas questões como os privilégios no Judiciário, o papel dos influenciadores na política, entre outros assuntos pertinentes, como a reforma tributária.
Nesse contexto, Luna destacou a importância de um tratamento diferenciado ao setor imobiliário na reforma tributária. Ele argumentou que, por ser uma atividade voltada para investimentos e não para consumo, o setor deve ser considerado de maneira distinta em relação a outras atividades econômicas. O presidente do Secovi-SP ainda expressou preocupação com a possibilidade de uma reforma tributária simplificada acabar prejudicando o mercado imobiliário, que atualmente opera de maneira eficiente.
Amary, por sua vez, encerrou a discussão com um chamado aos empreendedores para que se unam na defesa da democracia e do direito de propriedade. Ele expressou esperança e otimismo para 2025, almejando que a reforma tributária seja justa para o mercado. O atual presidente da Fiabci-Brasil também incentivou aos presentes que participem ativamente da construção de um futuro mais promissor.
Fonte: Com informações da Fiabci-Brasil.