Os tempos de crise costumam acelerar tendências e trazer oportunidades. Dentre as inúmeras transformações ocasionadas pela pandemia do coronavírus no mercado imobiliário, a ressignificação da casa talvez tenha sido uma das mais emblemáticas.
Com o isolamento social, as famílias se viram obrigadas a realizar as atividades cotidianas, profissionais e escolares dividindo-se entre os cômodos do imóvel. Antes considerada o refúgio das pessoas, a casa ganhou diversas funcionalidades, para as quais muitas delas não estavam preparadas.
O trabalho a distância (teletrabalho ou home office) ganhou força, e morar fora dos grandes centros urbanos passou a ser objeto de desejo de boa parte das famílias. A materialização desse desejo promoveu, em 2020, um movimento migratório, inicialmente, para cidades em um raio de até cem quilômetros da capital paulista e, com o tempo, para municípios mais distantes.
Sondagem realizada pelo Secovi-SP a fim de conhecer o perfil dos imóveis (casas e apartamentos) procurados durante o período de 100 dias encerrados em 30 de junho do ano passado, apurou que 31% das imobiliárias da Capital identificaram algum movimento de clientes em busca de imóveis em diversas cidades paulistas. Esse percentual subiu para 50% quando foram consultadas imobiliárias que atuam no interior de São Paulo.
Dentre os fatores que motivaram esse êxodo para diversas cidades paulistas, estão: menor densidade populacional, melhor qualidade de vida, proximidade com a natureza, facilidade de deslocamento etc.
Ainda hoje, a preferência é por imóveis que ofereçam melhores condições para exercer o trabalho remoto, desde que possuam mais espaço e conexão de qualidade à internet.
O período de isolamento também fez as famílias repensarem seu modo de vida. E este foi outro fator que estimulou a procura por imóveis no interior do Estado e na Baixada Santista, para uso permanente ou temporário.
Mais do que excelente opção para moradia ou temporada, possuir um segundo imóvel fora dos centros urbanos pode representar também um bom investimento. A locação por temporada, por exemplo, é uma alternativa para gerar renda nos períodos em que o proprietário não estiver utilizando o imóvel.
Cabe ressaltar que, comparado ao período pré-pandemia, a procura por imóveis rurais, como ranchos, sítios e chácaras, registrou aumento estimado em 28% a 30% nos últimos meses, principalmente aqueles dotados de acesso à internet.
Lazer, segurança e qualidade de vida são os três principais fatores que influenciam a decisão da pessoa que deixa os grandes centros urbanos rumo ao interior, o que justifica a preferência por condomínios ou loteamentos fechados. A demanda, por sinal, inclui desde o interesse por um lote popular até um imóvel em condomínio fechado de alto padrão.
Nesse aspecto, São José do Rio Preto tem muitos atrativos. Além de ser a terceira melhor cidade brasileira em qualidade de vida, conta com um sistema de saúde que se destaca em quantidade e qualidade de hospitais; investimentos em infraestrutura; melhoria de vias de acesso a cidades mais distantes; crescimento de parques industriais, com incentivos fiscais para criar um ambiente mais produtivo; e custo de vida mais baixo.
Os empreendedores imobiliários estão preparados para atender a demanda crescente por imóveis. Este movimento contribuirá não só com a oferta de moradias, mas também na geração de empregos (diretos e indiretos), renda e tributos para os cofres públicos. Cria-se, assim, um ciclo virtuoso, com o retorno desses recursos em investimentos ao município e em oportunidades para todos.
Thiago Ribeiro é diretor Regional do Secovi-SP em São José do Rio Preto