O programa habitacional “Minha Casa, Minha Vida”, destinado principalmente ao atendimento das faixas de baixa renda, deve levar a indústria imobiliária a duplicar seu potencial de faturamento, nos próximos anos. A razão está no fato de que, além de ser plano atraente para ser abraçado já, pois é fortemente subsidiado, irá substituir a construção autogerida pela compra de unidades econômicas que serão produzidas.
Isto equivale a dizer que o programa brasileiro é o início de um processo similar ao que ocorreu com sucesso na Coreia do Sul e México. Os dois países também apostaram na moradia popular, com subsídios. Hoje, a Coreia do Sul investe US$ 1.300,00 per capita/ano na construção, o México U$ 500,00 e o Brasil só US$ 241,00, o que demonstra termos ainda muito a crescer e que a expectativa de expansão do nosso mercado, por causa do novo plano habitacional, é enorme.
A oportunidade aí está de atender ao desejo da grande massa de trabalhadores e trazer desenvolvimento ao País. Durante anos, o mercado imobiliário sonhou com ela, não pode desperdiçá-la agora. O programa concorrerá para reduzir o grande déficit habitacional do País. É um mercado tão importante quanto o em que temos trabalhado. Sim, é novo para nós e com unidades que têm valor três vezes inferior às que nos acostumamos a vender. Mas é tão representativo quanto.
Por quê? Porque nos chega com o formato que a indústria imobiliária tanto pediu a governantes anteriores e ao presidente Lula, que soube tocar a bola para frente. Quantas vezes clamamos para que ouvissem a indústria e chegassem justamente a essa solução? E possivelmente ela nos chega melhor do que tínhamos pedido.
Como são e quem são esses novos consumidores? Em geral, são jovens. Em alguns segmentos, mais de 40% com menos de 20 anos. Imagine toda essa massa, a maioria da população brasileira, consumindo moradias.
Nenhuma empresa é líder em seu mercado se não opera nas faixas populares. O da moradia popular é um mercado que movimenta R$ 550 bilhões/ano, praticamente a metade de nossa economia. Tem renda familiar de até R$ 3.500,00, compõe 88% de nossa população e detém 71% do consumo. Perto de 77% dos brasileiros não sabe ler gráfico ou tabela. Cerca de 40% deles são analfabetos funcionais, só conseguem assinar o nome. Mas todos sabem anotar número de telefone e ler preço de produto.
Nessa faixa, 97% da construção é autogerida, e é com ela que vamos ter de nos comunicar, para que realize o sonho da casa própria. Em vez de comprar material de construção para erguer o próprio teto, esse consumidor poderá adquirir, agora, casa ou apartamento dentro de bairro planejado.
Diferente do que o ocorre nas faixas de maior poder aquisitivo, na base da pirâmide todo mundo ajuda todo mundo e o principal informante do consumidor popular é o consumidor do lado. Daí o sucesso de venda da Avon, da Natura e também das redes imobiliárias que vêm se expandindo fantasticamente há tantos anos. Nas faixas populares, contam muito as relações de vizinhança, que se refletem no consumo. E a Internet, muito utilizada nessa faixa, também vai ser de grande valia. Eis os nossos instrumentos de trabalho, doravante.
Entre de cabeça nesse negócio, ele é realmente grande. Considere esse imenso mercado popular que o Brasil tem, o grande número de jovens, valorize as redes imobiliárias, pense com carinho no crédito, trabalhe com as referências da estética popular e siga em frente. Estão de parabéns as lideranças do mercado imobiliário, que após incessantes e incansáveis demandas, conseguiram transformar esse sonho em realidade.