O segmento de multipropriedades deve atingir um VGV (Valor Global de Vendas) nacional de imóveis de posse compartilhada de R$ 24,1 bilhões neste ano. Em 2019, foi apurado um montante de R$ 22,3, bilhões em empreendimentos fracionados em lançamento, construção e em operação. Os dados fazem parte da 5ª edição do estudo “Cenário do desenvolvimento de Multipropriedades no Brasil – 2020”, apresentado por Caio Calfat, vice-presidente de Assuntos Turísticos e Imobiliários do Secovi-SP e presidente da Adit Brasil (Associação para o Desenvolvimento Imobiliário e Turístico do Brasil), nesta quinta-feira, 25/6, durante webinar.
Idealizado pela Caio Calfat Real Estate Consulting, o levantamento revela forte crescimento do número de imóveis fracionados e compartilhados nos últimos anos. Realizado entre dezembro de 2019 e abril de 2020, o estudo considerou também os empreendimentos lançados desde junho do ano passado até o período final da pesquisa. Com isso, a multipropriedade chegou a 109 empreendimentos em 2020, um aumento de 18% em relação ao mesmo período do ano passado. O levantamento revela, ainda, uma taxa de expansão média anual do mercado da ordem de 26% nos últimos três anos, com 54 empreendimentos registrados em 2017, 80 em 2018 e 92 em 2019.
Neste modelo de empreendimento, o imóvel – casa ou apartamento em um condomínio turístico ou resort –, é dividido em frações, que são vendidas para diferentes pessoas. De acordo com a quantidade de compradores, cada proprietário tem direito a um determinado número de semanas para uso do local. Existe ainda a possibilidade de os proprietários utilizarem o intercâmbio de férias, por meio de empresas especializadas, que atuam no mundo inteiro e conectam donos de multipropriedades nos principais destinos turísticos.
Distribuição – Segundo o levantamento, o Nordeste continua liderando as ofertas, com 33 unidades, frente às 25 unidades apuradas em 2019, um acréscimo de 32%. Na sequência, destaca-se a região Sul, com aumento de 28% e 23 unidades. O Centro-Oeste aparece com 22 unidades e o Norte com 5 unidades.
A região Sudeste aparece com 26 empreendimentos, sendo 16 no Estado de São Paulo. As cidades paulistas com multipropriedades são: Álvares Machado (1), Barretos (1), Campos do Jordão (3), Olímpia (4), Santa Clara d´Oeste (2), São Paulo (1), São Pedro (1), São Sebastião (1), Suzano (1) e Ubatuba (1). Ao todo, esse modelo está presente em 60 municípios brasileiros, num total de 18 Estados.
Valores – O VGV potencial cresceu 5,93% em relação a 2019, totalizando R$ 24,1 bilhões. A absorção de vendas está em 67% desse total, restando 43% em estoque, o que resulta em uma pequena melhora em relação ao ano anterior, que registrou estoque de 45%. O programa de semanas segue com valor médio de R$ 23 mil, 5% acima do registrado em 2019, e uma oferta nacional de cerca de 430 mil frações de multipropriedade.
Para Caio Calfat, após a sanção da Lei Federal 13.777/2018, de Lei de Multipropriedades Imobiliárias, e do lançamento do Manual de Melhores Práticas para Multipropriedades Turísticas, durante a Convenção Secovi 2019, o mercado apresenta sinais de amadurecimento, ainda longe dos seus melhores dias, com expansão territorial abrangente e diversidade de projetos no que se refere a tipologias de empreendimentos ofertados e de público-alvo. “Com o mercado mais maduro, as vendas estão sendo trabalhadas de forma diferente e novos modelos são testados. O pós-venda mostra-se importante, pois sabe-se que ainda é majoritária a compra por impulso, sujeita a desistência após algum tempo pelo adquirente”, sugere.
Sobre os efeitos do novo coronavírus (Covid-19) no mercado, o dirigente lembra que o setor do turismo foi talvez o mais afetado pela pandemia, com fluxo turístico interrompido bruscamente. “A multipropriedade encontra-se bem no meio dessa tormenta. Embora seja um produto que mostrou resiliência ao se destacar bem no meio da recessão econômica de 2015 a 2017, o pós-Covid-19 trará imensos desafios para o setor”, destaca. Calfat enfatiza que o passo a passo do desenvolvimento da área terá de ser revisto, principalmente os fluxos de captação e vendas. Além disso, segundo ele, os processos de operação deverão adotar novos padrões de higienização de apartamentos e áreas comuns, bem como o próprio controle de uso dos equipamentos de lazer e convivência. “Ainda na ‘infância’, a multipropriedade terá de se reinventar”, acrescenta.
Em relação à oferta mapeada, o estudo indica que deverão ser entregues ao mercado cerca de 4,5 mil apartamentos em 2021, o que se requer maior atenção à operação e à satisfação dos multiproprietários. “Esses são itens fundamentais de cuidado por parte dos empreendedores, pois o sucesso do modelo depende da qualidade da fruição do tempo dos multiproprietários nos empreendimentos”, finaliza.
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