Medidas para reduzir gastos públicos são decisivas para conter aumento da Selic

O viés de alta taxa de juros só será revertido com medidas que afirmem o compromisso do governo com o ajuste fiscal

É função do Banco Central do Brasil garantir o bom funcionamento do sistema financeiro e a proteção do poder de compra da moeda. Para isso, a instituição precisa balancear o combate à inflação, utilizando como ferramenta o aumento da taxa básica de juros (Selic), hoje de 13,25%, e com viés de alta.

Naturalmente, se discute a dosagem. Taxas de juros elevadas são prejudiciais a todos, a começar pelo incremento da dívida pública da União. No setor imobiliário, o acesso ao crédito para a compra de imóveis encarece e se torna mais difícil. Famílias de classe média são obrigadas adquirir unidades menores, que cabem no bolso, mas não atendem às suas necessidades.

Conforme estimativas da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), o financiamento imobiliário deve recuar 10% em 2025. Considerando apenas a poupança, a diminuição deve ficar em 17%. E as incorporadoras, que têm por missão atender a todas as faixas de renda, são obrigadas a trabalhar nos polos extremados, o que não é o ideal nem saudável.

Em 2024, a inflação brasileira, medida pelo IPCA, fechou em 4,83%, bem acima da meta de 3% estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Dentre os principais fatores que provocaram o aumento estão os gastos públicos. O Brasil precisa do ajuste fiscal. A elevação dos juros é a forma de o Banco Central avisar que as coisas não vão bem. E matar o mensageiro não é a solução.

 
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