Em evento realizado na noite desta terça-feira (29/4), na sede do Secovi-SP, Dilma Pena, diretora-presidente da Sabesp, pediu a colaboração dos síndicos e administradoras no sentido de economizarem e combaterem o desperdício de água nos condomínios.

“A nossa preocupação é que os condomínios não estão colaborando com a campanha. Vinte e quatro por cento aumentaram o consumo acima da média. Destes, a maioria é condomínios. Nós temos que reduzir, pelo menos, 1.500 litros cúbicos por segundo. Nós precisamos de vocês para conseguir essa redução”, disse Dilma, referindo-se aos dados de março deste ano. 

A diretora-presidente da Sabesp elencou as obras que estão sendo realizadas para resolver o problema de imediato e garantir  abastecimento de água de toda a região metropolitana ao longo de 2014. “Estamos criando as condições para manter o abastecimento de todas população da região metropolitana ao longo de 2014”, afirmou Dilma, garantindo que não haverá racionamento de água. 

O presidente do Secovi-SP, Claudio Bernardes, também destacou a estiagem em São Paulo. “Essa é a maior estiagem das últimas décadas. As águas de março não vieram. Em abril e maio, também não. Estamos preocupados com esse cenário e ainda mais com o fato de que nossa população não está comprometida com a utilização racional da água. Vemos muito desperdício e alguns armazenando água de forma incorreta, propiciando surto de dengue”, alertou Bernardes. 

O mundo em 2030 – O presidente do Sindicato também citou alguns aspectos de um relatório publicado nos Estados Unidos, que mostra que, até 2030, teremos 8,4 bilhões de pessoas no planeta. Segundo o documento, 64% das pessoas viverão nas cidades, o que implicará em mudanças no padrão de consumo, planejamento de gestão urbana e uso de água.

“Teremos cinco bilhões de pessoas exigindo água, alimentos, moradia, espaço para trabalhar e estudar. O relatório aponta que a água será um dos maiores problemas, podendo, inclusive, surgir conflitos hídricos no mundo”, pontuou, informando ainda que 168 países serão afetados pela desertificação, processo de degradação do solo agravado pela seca.

Para Bernardes, o desenvolvimento sustentável é a chave para as comunidades de amanhã. “O projeto e operação de um edifício devem começar com a eficiência de água e energia. Nada disso vai adiantar se não contarmos com pessoas igualmente sustentáveis, ou seja, comprometidas e cientes com relação à preservação da água e do meio ambiente”, afirmou. 

“Temos o desafio para nossos filhos e netos: a responsabilidade do consumo e uso racional da água. Não tem substituto para água. Por isso, precisamos ser resilientes no cuidado da água no planeta. Cada um de nós temos que ter o compromisso consigo mesmo, família, vizinho e bairro”, destacou Dilma Pena.

Ações – Neste sentido, o presidente do Secovi-SP sugeriu que os síndicos, apoiados pelas administradoras, desenvolvam programas de  conscientização, mostrando, inclusive, em uma abordagem econômica, o peso do valor da conta de água no condomínio.

“Nos próximos dias, vamos disponibilizar no Portal Secovi um software, que mostra o quanto o condomínio pode economizar de água para realizar determinada obra ou serviço no condomínio, como construção de uma quadra, reforma de um salão, entre outras ações”, anunciou Bernardes. 

Hubert Gebara, vice-presidente de Administração Imobiliária e Condomínios do Sindicato, apontou a instalação do hidrômetro individual nos condomínios como uma das alternativas para controlar o consumo de água nos condomínios.

Para ele, “a medição individualizada não é apenas uma questão de justiça nas contas de água. O objetivo é também começar a reverter o quadro de desperdício que poderá comprometer a curto prazo o abastecimento”, reiterou Gebara.

O diretor de Sustentabilidade Condominial do Sindicato, Geraldo Bernardes, recomendou a medição diária para acompanhar o consumo no condomínio. “É importante formar uma comissão de acompanhamento de tudo o que estiver sendo implementado no empreendimento”, indicou, informando que o consumo em cada residência brasileira é de 168 litros/dia. Em países desenvolvidos, esse número varia entre 90 e 110 litros/dia. “Precisamos adotar medidas urgentes”, reiterou o diretor. 

O consumo em cada residência brasileira é de 168 litros/dia. Em países desenvolvidos, esse número varia entre 90 e 110 litros/dia. Precisa adotar medidas urgentes do uso racional da água.consumo em cada residência brasileira é de 168 litros/dia. Em países desenvolvidos, esse número varia entre 90 e 110 litros/dia. Precisa adotar medidas urgentes do uso racional da água.

O evento contou ainda com palestra do coordenador do Programa de Uso Racional de Água (Pura) da Sabesp, Edson Souza, que detalhou o funcionamento do programa criado em 1996 e que envolve ações tecnológicas e mudanças culturais para a conscientização da população quanto ao desperdício de água. 

“Os pilares do programa são educação, tecnologia e legislação”, explicou Souza, destacando a importância da definição do perfil do consumo. “É importante a gestão para identificar os problemas e resolvê-los”. Um dos idealizadores do Pura, Orestes Gonçalves, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e diretor da Tesis (Tecnologia e Qualidade de Sistemas de Engenharia), encerrou as apresentações.