Imóveis mais confortáveis, espaçosos e aconchegantes parecem ter se tornado uma necessidade durante a pandemia. Transformado em ambiente de trabalho, sala de aula, brinquedoteca, para dizer o mínimo, o conceito de lar mudou para a grande maioria das famílias. Os objetos de desejo passaram a ser ambiente amplo, área verde e espaços de lazer, entre outros atributos. Neste cenário, nas cidades do interior paulista foram observadas alterações no comportamento do consumidor no momento de locar ou comprar um imóvel.
“As cidades que ficam num raio de até 100 quilômetros da Capital foram as que sentiram as principais mudanças”, comenta Frederico Marcondes César, vice-presidente do Interior do Secovi-SP. Entre as diferenças, o dirigente salienta maior procura da classe média alta por condomínios fechados e com ampla área de lazer, tanto para moradia definitiva quanto para segunda residência. Também entraram no radar terrenos em loteamentos com infraestrutura completa. “Houve, ainda, aumento na procura por lotes populares e de imóveis de renda menor para locação, em função do home office mais duradouro ou mesmo por pessoas que optaram em deixar a capital paulista ou a Região Metropolitana”, acrescenta.
Tendências regionais
Em Sorocaba, a locação de imóveis de alto padrão está em alta. “Casas em condomínios, com metragem acima de 250 metros, quintal, quadras, academia e até campos de golfe têm sido mais procuradas, principalmente por moradores de outras cidades”, relata o diretor regional Guido Cussiol Neto. Segundo ele, a pessoa que migra para a cidade está preocupada com lazer e segurança, o que justifica a preferência por condomínios fechados. A disponibilidade de escolas, shoppings, internet de boa velocidade e rede bancária também é avaliada no momento da troca de município, diz Cussiol.
Comercializados num ritmo mais lento em relação a apartamentos menores , sofreram uma inversão de cenário após a pandemia. “Devido ao confinamento, a visão do consumidor mudou”, define Paulo Oliva, presidente da Proempi, entidade que representa o Secovi em Jundiaí e região. “Quem mora em apartamento pequeno sentiu na pele durante o home office as dificuldades de conciliar as exigências do trabalho com as necessidades da família, em especial para quem tem filhos menores. ”
Aquecimento – “Em Piracicaba, houve corrida para comprar terrenos em loteamentos fechados, tanto para revenda quanto para os lançamentos”, pontua Ângelo Frias, representante do Secovi na cidade. O empresário reforça que, desde julho, esse segmento tem estado muito ativo, atingindo as metas projetadas para o período. Na locação, o desempenho foi 35% maior em agosto e setembro, em relação ao mesmo período do ano passado. “Até as locações comerciais de imóveis grandes estão animadoras”, completou.
Em Campinas, não foi diferente. A retomada do mercado está em franco desenvolvimento pela cidade. Julho e agosto já foram meses de crescimento na aquisição e procura por imóveis e a tendência é de alta contínua. As unidades mais buscadas são as otimizadas para o home office, com boa área de lazer e que permitam a realização de diversas atividades nas proximidades ou, se possível, dentro do próprio condomínio. “Conforto, iluminação adequada e espaço para o teletrabalho são fundamentais nesta nova realidade”, avalia Kelma Camargo, diretora regional da entidade. Ela reforça também que o próprio investidor tem procurado essas qualidades, aliadas ao custo-benefício, que tornam o empreendimento mais atrativo e com maior velocidade de absorção pelo mercado.
São José dos Campos é outro município do interior paulista que tem atraído a atenção de novos moradores. “É imensa a quantidade de pessoas da zona leste da capital paulista buscando uma nova moradia em nossa cidade”, destaca Paulo Cunha, diretor regional do Secovi. “Morar em cidades próximas a São Paulo, com deslocamento fácil, estrutura completa de ensino e segurança, e por um preço mais acessível, é um convite para a mudança rumo ao interior”, brinca. Cunha enfatiza que a locação temporária de imóveis de médio e alto padrão tem se tornado uma busca constante por parte das famílias que não querem movimentar uma grande soma de recursos numa primeira tentativa. “A disponibilidade desse tipo de produto é baixa atualmente. ”
Mercado saudável – “Após a fase mais aguda da pandemia, o mercado imobiliário de Bauru dá sinais de saúde”, comemora Riad Elia Said, diretor regional do Secovi no município. De acordo com ele, o setor vive uma considerável diminuição do estoque de imóveis nos últimos meses devido a retomada do mercado, alicerçada, também, pela diminuição dos juros bancários e maior oferta de crédito. Além disso, as locações residenciais e comerciais vivem uma boa fase e caminham rumo à normalização na cidade.
Na região de São José do Rio Preto, a busca por espaços maiores, independentemente de ser uma casa ou apartamento, é uma constante. “Esses imóveis estão se valorizando, as pessoas estão optando mais pelo espaço do que pela localização”, confirma Thiago Ribeiro, diretor regional do Secovi no município. Como muitas pessoas têm o lar como local de moradia e trabalho, a valorização dessas moradias, assim como os grandes lotes, deve ser acentuada.
Já na região de Alphaville e Tamboré, o mercado imobiliário segue se recuperando, principalmente no segmento horizontal, em lotes e casas. “A região tem estoque limitado no segmento de média e alta renda e a procura subiu de maneira significativa nos últimos meses”, diz Marcos Melão, presidente da AIAT, entidade que representa o Secovi na localidade. O estoque de alguns lançamentos na região foi praticamente todo absorvido, segundo ele, além de ter havido movimentação significativa na revenda de lotes em empreendimentos já maduros. O dirigente enfatizou que a procura sustentou, inclusive, uma apreciação maior no valor de venda, tanto em lotes de novos empreendimentos, quanto na revenda de loteamentos prontos.
Estilo – “A valorização do estilo de uso do imóvel ficou mais clara após a pandemia”, relata Milton Bigucci Júnior, presidente da Acigabc, entidade que representa o Secovi na região do Grande ABC. Segundo ele, isso pode ser facilmente observado na locação e na aquisição de imóveis, já que as unidades com benfeitorias, lazer, espaço para entrega de delivery e encomendas têm registrado uma preferência enorme em relação aos demais.
Com a aproximação do fim do ano, essa preferência também se manifesta na locação por temporada. De acordo com Carlos Meschini, diretor regional do Secovi em Santos, os condomínios fechados de alto padrão estão sendo os mais procurados. “Os empreendimentos na praia de Acapulco, no Guarujá, e na Riviera de São Lourenço, no litoral Norte, estão praticamente reservados na totalildade”, conta, pontuando que a disponibilidade de uma boa infraestrutura, como piscina e churrasqueira, é vista como diferencial para garantir a segurança, o conforto e a tranquilidade das famílias no período.
Para ler a matéria na íntegra, publicada na edição de n° 309 da Revista Secovi, clique aqui.