Maior parte da diretoria que integrou a última gestão prossegue na luta pelo fortalecimento do setor imobiliário
Quando a atual diretoria assumiu a gestão do Secovi-SP (biênio 2020-2022), o setor enfrentava dificuldades. Muitos temas dominavam a pauta. Desburocratização, insegurança jurídica, calibragem da legislação urbana, reformas estruturais e rescaldos de mais uma crise econômica. Todavia, o que ninguém imaginava, é que além de tudo isso, aconteceria ainda uma pandemia mundial por covid-19, a qual determinou uma série de ações, transformações e correção de rumos.
Quatro foram os principais pilares que nos guiaram: repensar conceitos e modelos urbanísticos; intensificar as relações com poder público, ONGs e demais stakeholders; aumentar a sinergia com entidades de classe; e repensar o Secovi-SP, adequando-o ao novo mundo. A estes somou-se mais um: garantir que o setor resistisse à pandemia e continuasse ofertando moradias e gerando empregos num momento em que a maioria das atividades produtivas e de serviços foi paralisada.
Assim, trabalhamos. Incansavelmente. Conseguimos manter as operações do setor. Fomos o primeiro segmento a adotar protocolos sanitários para conter a contaminação pelo novo coronavírus nos canteiros de obras. Protocolos que foram adaptados aos escritórios de nossas empresas, aos estandes de vendas, shopping centers, hotéis e aos condomínios residenciais e comerciais.
Diante da melhoria do cenário macroeconômico, com juros baixos e inflação sob controle, lançamentos e vendas de residências cresceram substancialmente, bem como a demanda, ampliada pela ressignificação da moradia. A ordem ‘Fique em casa’, mantra recitado quando eclodiu a pandemia, fez com que muitos reconhecessem a importância da casa como porto seguro. E não só para viver, mas também trabalhar. O home office perdurou meses a fio. E, em muitos casos, o regime híbrido veio para ficar.
Ao mesmo tempo, tínhamos de lutar pelo direito de ofertar habitações. Isso significava manter o programa Minha Casa, Minha Vida (hoje, Casa Verde e Amarela) e assumir a batalha pela revisão do Plano Diretor e pela adequação da Lei de Zoneamento, primordiais para ampliar o acesso ao teto digno pelas famílias de menor renda, não somente nas periferias, mas em áreas centrais dotadas de infraestrutura. Premissas mundialmente consagradas e válidas para todas as cidades.
Muitas batalhas ocorreram também no campo do acompanhamento de projetos de lei e das reformas estruturais. Em conjunto com outras entidades, empunhamos várias bandeiras, a começar pela defesa da reforma da Previdência. Fomos incisivos no combate a medidas contrárias aos interesses nacionais, caso da proposta de reforma do Imposto de Renda. Milhares de horas em conversas com os poderes Executivo e Legislativo. Dezenas de estudos. Centenas de ofícios e uma vitória: a proposta não foi aprovada. Mas sofremos perdas. A reforma administrativa, por exemplo, não caminhou.
A gestão que se encerra em 31 de janeiro deste ano envidou todos os esforços possíveis em defesa do setor e da coletividade. Conseguimos dialogar, ponderar, demonstrar. Boa parte da opinião pública passou a entender que o adensamento urbano inteligente estimula a inclusão social; reduz a segregação nas metrópoles. São ideais de cidade, não interesses de mercado. É a exata compreensão de que as famílias não moram nas ideologias, mas sob um teto. Um teto que precisa ser decente e que caiba no bolso.
A sinergia com entidades de classe, do setor imobiliário e fora dele, foi potencializada. A união de todos em torno de temas comuns trouxe grandes resultados. E isso não tem volta. Aprendemos juntos.
Também fomos bem-sucedidos na tarefa de repensar o Secovi-SP para acompanhar e participar do processo de profundas transformações impostas pelas tecnologias digitais e pelas mudanças de comportamento das pessoas, incluindo nós mesmos. Desenvolvemos programa de compliance e LGPD; mantivemos o selo do Pacto Global; iniciamos etapas com vistas ao ESG, o qual engloba questões ambientais, sociais e governança.
Em momento algum deixamos de prestar atendimento ao mercado imobiliário. No período de quarentena, realizamos centenas de lives levando informações, propondo discussões, gerando proposições, buscando decisões. Nosso atendimento jurídico e demais serviços não pararam na pandemia.
Mantivemos cursos e treinamentos por meio da Universidade Secovi, dos programas de certificação e também do Ampliar, nosso braço social, que profissionaliza jovens em situação de vulnerabilidade social, além de ações assistenciais, como fornecimento de cestas básicas e agasalhos a famílias necessitadas.
Num dos mais críticos momentos da história recente, estivemos ainda mais presentes na vida da coletividade. Orientando, fornecendo ferramentas digitais seguras aos que desejavam (ou precisavam) comprar ou alugar em tempos de isolamento.
Sempre consideramos que o Secovi-SP não é um fim em si mesmo. É instrumento para que o setor imobiliário tenha o protagonismo e o valor que merece. É vetor para que o mercado faça o que tem de fazer: ofertar imóveis para morar, trabalhar, estudar, viajar; incluir e diminuir desigualdades; fomentar o bom desenvolvimento urbano, visando a cidades mais funcionais e amigáveis; gerar emprego e renda; produzir riquezas para o País; buscar a prosperidade e o bem comum.
Só encontraremos caminhos para enfrentar tempos difíceis de forma coletiva. Ser Secovi-SP é isso. E assim continuará sendo na gestão conduzida pelo presidente eleito Rodrigo Luna e pelo presidente executivo – CEO Ely Wertheim, nova figura que vem para dar seguimento e intensificar os trabalhos da entidade em benefício do mercado e da população.
Basilio Jafet, presidente do Secovi-SP