Como as fintechs se enquadram no futuro do crédito imobiliário? Essa foi a provocação que permeou o painel “Tempo é dinheiro”, durante a Convenção Secovi 2019. No início do debate, o fundador da Homelend, startup de crédito imobiliário, Guilherme Bruno, pontuou que o papel das fintechs é complementar o sistema financeiro, criando alternativas para aquisição de um imóvel. “Nós temos a obrigação de entregar ao comprador uma experiência superior, uma jornada mais ágil, produtiva e conveniente. Por isso, conseguimos reduzir esse período de aquisição de 90 para 8 dias”, ressaltou. Já o head de investimentos da Glebba, plataforma de crowdfunding imobiliário, Francisco Perez, destacou a relevância das fintechs no financiamento de pessoas jurídicas. “As startups precisam ser inovadoras e criativas na ponta do consumidor, mas também no financiamento à produção. Por isso, o crowfunding imobiliário está chegando como uma estratégia especial, que vai além do funding, e que se caracteriza pelo engajamento desses pequenos investidores”, complementou.
O impacto da decisão da Caixa, que lançou recentemente uma nova linha de financiamento habitacional corrigida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), índice de inflação oficial do País, também foi analisado pelos debatedores. O mediador do painel, Gilberto Duarte de Abreu Filho, presidente da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), disse que o País está num momento muito propício, num ambiente que muda totalmente a dinâmica do crédito imobiliário. “Neste novo cenário, todo mundo é sócios dos juros baixos. ” Para ele, é fundamental a missão da Abecip e de outras entidades que lutam pela defesa da Reforma da Previdência e outras reformas estruturais para o País. “É uma missão que transcende nosso setor, que tem reflexos importantes para toda a nossa economia, mas especificamente para o setor imobiliário, garantindo contas equilibradas e juros baixos. Essa será a maior fonte de financiamento que a gente pode ter”, acrescentou.
Odair Senra, presidente do Sinduscon-SP ((Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo), também defendeu a nova linha de financiamento indexada ao IPCA. “Eu vejo como positiva essa forma de financiamento, principalmente pela quebra de paradigma, por criar uma alternativa e um grande estímulo ao mercado imobiliário”, pontuou. O advogado e sócio do i2a Advogados, Luis Peyser, reiterou, no entanto, a necessidade de um amplo esclarecimento aos futuros compradores que optarem pela modalidade. “Ter a opção de fazer operações via IPCA me parece muito valioso, acho que a grande questão do ponto de vista jurídico é como elas serão implementadas na prática, para que, lá na ponta final, o consumidor que tiver tomando o financiamento entenda as consequências e as implicações do que está fazendo”, disse.
A Convenção Secovi tem patrocínio de Atlas Schindler, Caixa, Grupo Souza Lima, OLX, Abrainc, Comgás, Intelbrás, Mapfre, Mega Sistemas, Porto Seguro, Regus, Serasa e Tokio Marine, SegImob, Techem.