O economista Eduardo Gianetti foi o palestrante do painel de encerramento das atividades desta terça-feira, 30/8, da Convenção Secovi 2016. Para ele, o pior da crise econômica do Brasil já passou. “Hoje trago boas notícias, como há muito tempo não acontecia. A economia está, neste momento, em um ponto de inflexão”, disse. Como metáfora, comparou nossa situação a de um paciente que estava na UTI e que, agora, “está em convalescência”.
Gianetti destacou três itens que contribuíram para esse diagnóstico. “O primeiro é que, hoje, temos uma equipe econômica de qualidade. Michel Temer soube colocar no ministério da Fazenda, no Banco Central, na Petrobras, no BNDES e na Eletrobras um quadro de diretores de formação excepcional, que, verdadeiramente, estão para resolver problemas”, considerou.
Adiciona-se a isso a orientação da nova equipe econômica. “O programa ‘Uma ponte para o futuro’, que pauta o governo de Michel Temer, tem o claro objetivo de colocar as contas públicas em ordem”, observou, fazendo o adendo de que, no cipoal de medidas indispensáveis à consolidação dessa proposta, estão as reformas trabalhista, tributária e previdenciária.
Por fim, mudanças na realidade econômica rearranjaram três aspectos, cuja repercussão foi saliente. “Depois de muito tempo com a inflação acima do teto da meta, notamos um declínio”, asseverou Gianetti. Segundo o economista, isso se deve ao fato de o Banco Central ter assumido compromisso inarredável de voltar a inflação ao centro da meta, que é de 4,5%.
O segundo item frisado por Gianetti foi do ponto de vista externo. “Há dois anos tínhamos desequilíbrio em conta corrente, que é o encontro de tudo aquilo que o Brasil gasta com o mundo com tudo o que o mundo gasta conosco”. Gianneti destacou que saímos da situação de antes, e, hoje, temos menos de 1% de déficit em conta corrente, o que, para ele, é considerado normal para um país como o Brasil.
Por último, notabilizou que, provavelmente, não tivemos na história recente a capacidade produtiva ociosa como a que temos hoje. “As empresas estão operando abaixo de suas capacidades em virtude da recessão que nos atingiu. Isso faz com que tenhamos um capital físico e material pronto para entrar em ação, sem a necessidade de mais investimentos”, afirmou, enfatizando que esse potencial paralisado será acionado tão logo a confiança volte.
Segundo Gianetti, o grande risco que se corre é de natureza política. “Se a Lava Jato trouxer revelações comprometedoras ao capital político de Michel Temer, dificilmente ele conseguirá tocar as reformas necessárias”, pontuou, citando como exemplo a PEC 241, que congela o teto global de gastos públicos por 20 anos, condicionando sua expansão apenas à variação da inflação do ano anterior.