No terceiro dia da Convenção Secovi, iniciativa que acontece de forma 100% digital nesta edição, um dos painéis foi destinado ao debate em torno do setor imobiliário no interior paulista e os impactos da pandemia nos setores produtivos. O vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, foi um dos convidados e iniciou sua participação destacando a boa relação da atual gestão com a cadeia da construção civil e imobiliária. “Quando assumimos, fizemos questão de convidar o então presidente do Secovi-SP, Flavio Amary, para ocupar a Secretaria da Habitação, justamente para estarmos próximos desse setor produtivo e, com isso, gerarmos proximidade e ações inovadoras no âmbito da habitação no Estado.” Garcia também destacou os avanços obtidos na área desde então, como as implantações dos programas Nossa Casa e Vida Longa, além das ações de regularização fundiária, as parcerias público-privadas na capital paulista e as novas moradias feitas pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo).
Ao comentar os desdobramentos da Covid-19 no Estado, o vice-governador relatou as análises feitas em torno das riquezas produzidas no Estado no segundo trimestre, “o pior momento do PIB de São Paulo neste ano”. Segundo ele, a indústria, o comércio e o transporte foram algumas das áreas que mais sofreram neste período, ao contrário da construção civil. “Nem todos os setores sentiram os impactos da pandemia da mesma forma. O ramo da construção civil, por exemplo, foi uma exceção”, pontuou, ao se referir ao levantamento do crescimento do PIB no Estado nos meios de abril, maio e junho. Garcia lembrou que no início da quarentena, em março, o próprio governador João Doria definiu a construção civil como um dos setores essenciais para São Paulo e, por esse motivo, o segmento não sofreu restrição legal de funcionamento para operar, em especial nos canteiros de obras. “Entendemos a altíssima geração de emprego proporcionada pelo setor para a economia paulista e sabíamos que toda a indústria da construção civil estava tomando os cuidados necessários para preservar a vida dos trabalhadores”, disse, e completou afirmando que de alguma maneira isso ajudou a resultar num PIB positivo para a construção civil em São Paulo no segundo trimestre, o que, de acordo com ele, “é um alento para o futuro”.
Rodrigo Garcia salientou que há dois meses, o Estado trabalhava com a projeção de PIB negativo de 7% para este ano e PIB positivo de 2,5% para 2021 em São Paulo. Contudo, com a ligeira melhora do quadro estadual, as perspectivas foram revistas para um PIB negativo de 5% e positivo de 3%, respectivamente. “São Paulo fez a lição de casa, com reforma administrativa no ano passado e lançamentos de programas na área habitacional. Procuramos facilitar os licenciamentos ambientais – com o acompanhamento do Secovi-SP -, e estamos revisando nosso ousado programa de metas para 2021 para readaptá-lo à realidade atual”, destacou.
Graprohab – O mediador do painel, o vice-presidente do Interior do Secovi-SP, Frederico Marcondes César, questionou a possibilidade de regionalização do Graprohab (Grupo de Análise e Aprovação de Projetos Habitacionais do Estado de São Paulo), tamanho o volume de aprovações nos últimos anos. “O órgão tem aprovado cerca de 500 projetos por ano, numa média de 110 mil lotes. Como quase a totalidade do parcelamento do solo ocorre no interior paulista, é possível que a regionalização agilize a aprovação e a produção imobiliária nessas regiões”, ponderou. Rodrigo Garcia disse que a desburocratização precisa ser uma preocupação constante de qualquer governo, pois, muitas vezes, criam-se regramentos que só geram burocracias inúteis e, que, nestes casos, precisam ser eliminadas. “A questão da regionalização é algo para se pensar. Vou levar a questão diretamente ao secretário Flavio Amary e avaliaremos se a medida irá facilitar ou não o processo, ou se poderíamos incluir alguma facilitação nas idas e vindas de documentos”. Ele acrescentou que o importante é que aprovação seja célere, rápida e transparente dentro do que espera o setor imobiliário paulista.
O segundo convidado do painel foi o presidente da Desenvolve SP (Agência de Desenvolvimento Paulista), Nelson de Souza. Durante a apresentação, ele reforçou que, desde 2019, a nova gestão passou a atender as empresas da construção civil. “A normativa antiga não permitia, mas, desde que a autorização foi dada, já emprestamos cerca de R$ 400 milhões às empresas da área nestes dois anos”, salientou. Questionado sobre a forma como as empresas do interior poderiam acessar o crédito, Souza explicou que, desde 16 de março, mais de 45 mil empresas, de diferentes áreas, fizeram solicitações de capital de giro por meio do site da Desenvolve SP, o que permitiu que muitas empresas sobrevivessem a este período de crise. “As empresas do setor de turismo, economia criativa e eventos praticamente chegaram a zero de receitas e muitas foram beneficiadas com o programa”, finalizou.
A Convenção Secovi 2020 é uma realização do Secovi-SP e da Fiabci-Brasil, e conta com o apoio institucional da CBIC (Câmara Brasileiraa da Indústria da Construção). Patrocínio: Atlas Schindler, Grupo Souza Lima, Porto Seguro, SegImob, Abrainc, Caixa, Cashme, Crowe, Gerdau, Kzas, Locomotiva, Mapfre, OLX, Realogy e Senior Mega. Agente social apoiado: Ampliar.