No primeiro dia da Convenção Secovi-SP, especialistas falaram sobre o cenário da poupança e as alternativas de funding
“Perspectivas do crédito imobiliário no Brasil e de novos recursos (funding)” foi tema de painel da Convenção Secovi-SP no dia 26 de agosto, que contou com análises do diretor de Regulação do Banco Central, Otavio Damaso, e dos presidentes da Abecip, Sandro Gamba, e do Secovi-SP, Ely Wertheim (executivo), e mediação do economista-chefe da entidade, Celso Petrucci.
Ao falar sobre os números do crédito imobiliário com recursos da caderneta de poupança (SBPE), Sandro Gamba afirmou que os últimos três anos foram “espetaculares” e que a previsão é de estabilidade em 2024. Destacou o volume recorde de recursos do FGTS neste ano e o baixo patamar de contratos com mais de três prestações em atraso (1,3%).
Disse, ainda, que todo crescimento do mercado vai impactar a relevância da poupança, que continuará sendo importante, mas não a única fonte de recursos. Para ele, a LCI (Letra de Crédito Imobiliário) é um instrumento que pode compensar a poupança, mas ressaltou que a recente redução do prazo para 9 meses “deixa muito investidor fora do mercado”. O Crédito com Garantia de Imóvel (home equity) é mais uma alternativa considerada importante por Sandro Gamba.
Na mesma linha do presidente da Abecip, Otavio Damaso no disse que, olhando para frente, a poupança será um componente importante, mas não fará o crédito imobiliário deslanchar. “Temos de pensar em outras formas de funding para o setor”, afirmou, destacando alguns instrumentos que deverão contribuir para essa transição de fontes de recursos. Além da LCI, citou os FIIs (Fundos de Investimentos Imobiliários) e os CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários).
“O aspecto positivo é que, nos últimos 25 anos, conseguimos construir o arcabouço que será importante para esse movimento acontecer agora”, ressaltou, acrescentando que todos os títulos estão prontos, testados “e, principalmente, conhecidos pelo investidor brasileiro.”
Damaso citou ainda como opção a LIG (Letra Imobiliária Garantida), os chamados covered bonds, também de emissão bancária. “No começo do ano, rompemos a vinculação deste instrumento, típico do mercado de capitais, de livre mercado, com o sistema da poupança, que é direcionado. Na prática, essa era minha intenção desde o início. Fomos muito felizes nisto. Investidor conheceu e houve processo de adaptação das instituições financeiras”, afirmou.
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