Os mercados de incorporação, locação, intermediação imobiliária, hoteleiro e de habitação econômica foram foco de acurada análise na manhã desta terça-feira, 30/8, na Convenção Secovi 2016. Celso Petrucci, economista-chefe da entidade e coordenador do painel, situou o setor imobiliário na conjuntura econômica do País e traçou perspectivas para este ano. 

“Esperamos fechar 2016 com cerca de 17 mil unidades residenciais lançadas na cidade de São Paulo e 16,5 mil vendidas”, previu, observando que a capital paulista, no período de efervescência econômica, chegou a lançar 45 mil unidades e comercializar 43 mil. 

Rodrigo Luna, vice-presidente de Habitação Econômica do Secovi-SP, criticou investidas de natureza populista que, vez ou outra, são aventadas contra o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Como exemplo, citou a intenção do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, de alterar o índice de correção do benefício trabalhista. 

“O custo de captação do fundo e o prazo para projetos enquadrados utilizarem esses recursos permitem que ofertemos moradia a baixo custo”, ponderou. Ressaltou, ainda, que empresas que trabalham com o segmento de baixa renda são extremamente vulneráveis a quaisquer medidas que alterem o regime de captação. 

O vice-presidente de Incorporação e Terrenos Urbanos, Emilio Kallas, afirmou ser necessário que a política urbana trazida pelo novo Plano Diretor da cidade de São Paulo – como o aumento do custo de outorga onerosa e dos Cepacs e a redução do potencial construtivo dos terrenos – impactarão, no futuro, no valor dos imóveis. “A sociedade ainda não percebeu isso porque temos um estoque abundante. Daqui a quatro ou cinco anos, o preço dos imóveis subirá entre 20% e 40%”, alertou, lembrando, também, do risco iminente de a cidade enfrentar uma escassez de apartamentos. 

Caio Calfat, vice-presidente de Assuntos Turístico-Imobiliários, destacou a super oferta de unidades hoteleiras que se criou em diversas cidades do Brasil em decorrência da Copa do Mundo. “Isso aconteceu por causa da falta de estudos precisos de viabilidade”, afirmou. São Paulo, segundo ele, continua sendo um bom mercado, principalmente em razão dos grandes eventos sediados pela cidade. Disse, ainda, que o Airbnb impactou profundamente o setor hoteleiro, e anunciou que o Secovi-SP fará um trabalho de aproximação com a empresa. 

O setor de locação, por sua vez, passa por uma série de ajustes nos preços ofertados, tanto das unidades residenciais como comerciais. “Isso porque os proprietários têm de negociar ainda mais os valores de locação”, disse Rolando Mifano, vice-presidente de Locação e Gestão Patrimonial, em referência a como a crise econômica pesou no bolso dos locatários (principalmente nos residenciais) e, para não perder o inquilino, os locadores têm se tornado mais flexíveis. 

A radiografia do mercado de intermediação ficou a cargo de Flávio Prando, vice-presidente da área no Secovi-SP. Para ele, a atuação do corretor de imóveis passará por mudanças significativas. “Antes, esses profissionais tinham todas as informações dos imóveis, o que acabava fazendo com que os clientes precisassem muito deles. Hoje, as pessoas conseguem tudo nos portais”, sustentou. “Nosso trabalho passará a ser mais o de formação do que de informação”, considerou, em alusão à consultoria imobiliária que profissionais podem fornecer a partir de subsídios técnicos gerados pelo mercado. Prando também se disse “aliviado” com recente decisão do STJ, que, acatando tese do Secovi-SP, confirmou a legalidade do pagamento da comissão apartada na intermediação de imóveis novos. 

A Convenção Secovi vai de 27 a 31/8. Mais informações em: www.convencaosecovi.com.br

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