Mercado imobiliário paresentou bons resultados em fevereiro

A Pesquisa do Mercado Imobiliário, realizada pelo departamento de Economia e Estatística do Secovi-SP (Sindicato da Habitação), apurou em fevereiro deste ano a comercialização de 3.611 unidades residenciais novas na cidade de São Paulo. O resultado foi 56,0% superior ao mês de janeiro (2.315 unidades) e 65,9% acima das vendas de fevereiro de 2019, que somaram 2.176 unidades.

No acumulado de 12 meses (março de 2019 a fevereiro de 2020), as 46.863 unidades comercializadas representaram um aumento de 53,2% em relação ao período anterior (março de 2018 a fevereiro 2019), quando foram negociadas 30.587 unidades.

Lançamentos – De acordo com dados da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio), a cidade de São Paulo registrou, em fevereiro, o lançamento de 2.184 unidades residenciais, volume 1.327,5% superior ao apurado em janeiro (153 unidades) e 151,0% acima do total de fevereiro de 2019 (870 unidades).

No acumulado de 12 meses (março de 2019 a fevereiro de 2020), os lançamentos na capital paulista somaram 56.710 unidades, 52,5% acima das 37.191 unidades lançadas no mesmo período do ano anterior (março de 2018 a fevereiro de 2019).

Oferta – A capital paulista encerrou fevereiro com a oferta de 30.750 unidades disponíveis para venda – volume 4,2% inferior ao de janeiro de 2020 (32.110 unidades) e 57,3% acima do resultado de fevereiro do ano passado (19.553 unidades). Esta oferta é composta por imóveis na planta, em construção e prontos (estoque), lançados nos últimos 36 meses (março de 2017 a fevereiro de 2020).

Análise dos especialistas – A Pesquisa do Mercado Imobiliário da cidade de São Paulo do mês de fevereiro demonstra que o setor voltou a apresentar bom ritmo de crescimento, a exemplo de 2019, excetuando-se os resultados de janeiro de 2020, bastante influenciados pela sazonalidade do período.

Com 2.184 unidades lançadas, fevereiro ficou atrás somente do mesmo mês de 2011, quando foram lançadas 2.902 unidades. “Esse resultado mostra a confiança do empreendedor imobiliário”, diz Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP.

As vendas tiveram desempenho ainda melhor. Com 3.611 unidades comercializadas, fevereiro de 2020 registrou o melhor mês da série histórica da pesquisa, iniciada em 2004.

Os imóveis compactos (com menos de 45 m²) e aqueles com 1 e 2 dormitórios apresentaram resultados positivos, demonstrando a preferência dos compradores. “Quando se observa o comportamento por faixa de preço, nota-se um aumento na procura por unidade na faixa de R$ 240 mil a R$ 500 mil, que registrou o maior índice de venda sobre oferta. Isso comprova que há uma forte demanda por imóveis acima dos parâmetros de preços do Minha Casa, Minha Vida”, ressalta Petrucci.

Porém, a partir do anúncio, em 26 de fevereiro, do primeiro caso de contaminação pelo coronavírus (COVID-19) no País, precisamente na cidade de São Paulo, o cenário do mercado imobiliário mudou radicalmente. “É certo que teremos, a partir de março, resultados inferiores, tanto em lançamentos quanto em vendas, mas ainda não conseguimos mensurar a dimensão desse impacto”, explica Emilio Kallas, vice-presidente de Incorporação e Terrenos Urbanos do Secovi-SP.

Com o fechamento do comércio na cidade de São Paulo, por determinação do governo do Estado, as incorporadoras e imobiliárias estão procurando novas formas de trabalhar. “Cada vez mais, estamos nos capacitando para realizar negócios pelos meios digitais, que atualmente apresentam um alto grau de evolução e segurança”, destaca Kallas.

Uma decisão importante do setor foi a de manter os canteiros de obras em funcionamento, desde que obedecidas medidas definidas conjuntamente pelas entidades que representam empresas e trabalhadores. “A paralisação das obras poderia comprometer seriamente o processo de recuperação do setor, com consequências econômicas e sociais ainda piores para a cidade, o Estado e o País. Decerto que o processo construtivo será mais demorado, mas é melhor continuar trabalhando em um ritmo mais lento do que parar totalmente”, observa Basilio Jafet, presidente do Secovi-SP.

O Secovi-SP tem buscado alternativas que possam garantir a manutenção das atividades imobiliárias e o equilíbrio no ambiente de negócios. “Mesmo com a quarentena, continuamos atuando e apresentando propostas às diversas instâncias do poder público, com o objetivo de superar este momento de dificuldades com o mínimo impacto possível”, esclarece Jafet.

Algumas sugestões do setor já se concretizaram, como a decisão do Ministério de Desenvolvimento Regional, que editou a Portaria 761, em 27/3, garantindo recursos do OGU (Orçamento Geral da União) para os Estados evitarem a interrupção das operações do programa Minha Casa, Minha Vida. Medidas da Caixa, como negociação de prazos de vencimento de contratos, mudanças nos processos de medição de obras, novas operações de financiamento, entre outras, também estão no rol de pleitos do Secovi-SP em parceria com entidades de classe que integram a cadeira produtiva da indústria imobiliária.

“Passada essa crise, acreditamos que o mercado vai retornar ao bom ritmo que tem apresentado há vários meses, porque imóvel, além de bem necessário, constitui-se em reserva de valor, e há uma grande demanda reprimida na cidade de São Paulo”, conclui Jafet.

Destaques – Os imóveis de 2 dormitórios destacaram-se no mês de fevereiro em vendas (2.044 unidades), oferta (17.504 unidades), VGV – Valor Global de Vendas (R$ 630,7 milhões) e VGO – Valor Global de Oferta (R$ 5,7 bilhões). Unidades de 1 dormitório lideraram em lançamentos (1.193 unidades) e VSO (11,7%), resultado das 1.062 unidades comercializadas em relação aos 9.075 imóveis ofertados.

Imóveis com menos de 45 m² de área útil apresentaram os melhores resultados em vendas (2.324 unidades), oferta (19.134 unidades), VGV (R$ 569,8 milhões), VGO (R$ 4,5 bilhões) e lançamentos (1.516 unidades). O maior VSO – Venda sobre Oferta (12,2%) foi registrado nos imóveis com área entre 66 m² e 85 m².

Apartamentos com valor de até R$ 240 mil lideraram os indicadores de vendas (1.616 unidades) e de oferta final (14.891 unidades). A maior quantidade de lançamentos (892 unidades) e o maior VSO (12,8%) foram registrados nos imóveis na faixa de R$ 240 mil a R$ 500 mil. Os imóveis com preços superiores a R$ 1,5 milhão tiveram melhores VGV (R$ 371,4 milhões) e VGO (R$ 4,8 bilhões).

No mês de fevereiro, 1.581 unidades vendidas e 775 unidades lançadas estavam enquadradas como econômicas (dentro dos parâmetros do programa Minha Casa, Minha Vida). A oferta totalizou 14.993 unidades disponíveis para venda, com VSO de 9,5%.

Nos outros segmentos de mercado, a pesquisa identificou 2.030 unidades vendidas, 1.409 unidades lançadas, oferta final de 15.757 unidades e VSO de 11,4%.

Na região Sul da capital paulista, ocorreram mais vendas (1.187 unidades), mais lançamentos (1.235 unidades) e a maior oferta (10.224 unidades). A região Oeste registrou melhor VSO (13,2%), VGV (R$ 697,6 milhões) e VGO (R$ 6,5 bilhões).

Confira a Pesquisa completa, com dados da Região Metropolitana de São Paulo.