Carlos Pires*

O Secovi-SP e a Fiabci-Brasil promovem mais uma edição do tradicional Prêmio Master, um dos mais importantes do mercado imobiliário, criado com o objetivo de reconhecer e estimular a excelência profissional e contribuir para o aprimoramento e a modernização do setor.

A premiação, cuja comissão julgadora tenho a honra de presidir este ano, evidencia a relevância de empreendedores e profissionais deste importante mercado para a geração de emprego, renda e desenvolvimento econômico. Além disso, é oportuna em um momento em que a pandemia trouxe desafios adicionais às organizações, tais como adaptação das operações às demandas de mercado, fluxos e processos internos e ainda liquidez.

Como resposta, as iniciativas empresariais em andamento priorizam a proteção dos fluxos de caixa, redução dos custos, transformação dos modelos de negócios e a busca de alternativas ainda mais eficientes. Apesar de todas as dificuldades, é necessário um esforço adicional para viabilizar a retomada.

A KPMG, em análise sobre o atual cenário do setor, decorrente da pandemia, também detectou como alguns desafios a necessidade de captação de recursos, gestão de liquidez e crédito, riscos associados à inadimplência (ou distratos) e dificuldade para vendas de unidades em estoque.

Além disso, há mudanças profundas em curso, relacionadas a modelos de negócios, operações, posicionamento, fontes de receitas e transformação digital. Ainda, as modificações relacionadas ao comportamento dos consumidores, os quais, em face à nova realidade, tendem a priorizar aspectos como integrar melhor as necessidades do trabalho com a sua residência e bem-estar, por exemplo. 

Como os consumidores estão demandando serviços mais práticos, acessíveis e personalizados, as operações precisam evoluir para modelos mais ágeis, relevantes, preditivos e disruptivos. Esse reposicionamento estratégico será determinante para identificar novas oportunidades e gerar negócios.

Algumas mudanças já foram detectadas no relatório “PropTech Report”, conduzido pela Distrito em parceria com a KPMG, com dados de 343 startups ativas. Nos últimos 4 anos, foram criadas no País mais proptechs (property technologies) do que nos 20 anos anteriores, as quais absorveram 92% dos mais de US$ 800 milhões investidos na área e estão mudando o mercado imobiliário com iniciativas de transformação digital (e desburocratização dos processos), geolocalização, uso de drones, realidade aumentada, Internet das Coisas (“IOT”) e Inteligência Artificial. Tudo isso se tornará realidade em um futuro muito próximo, melhorando a experiência dos consumidores e estreitando o relacionamento das empresas com seus clientes e parceiros.

Diversas análises também apontam outras tendências relevantes no setor, como reestruturação de capital, consolidação de fusões e aquisições, modelo de negócios mais digitais e redução de demanda.

A retomada demandará investimentos e precaução na execução de diversas frentes integradas. A combinação da melhor estratégia, com dados de mercado, tais como crescimento econômico, acesso da população ao crédito imobiliário e aumento de recursos dos investidores, será de fundamental importância para acelerar o processo de recuperação das empresas e consequentemente beneficiar todo o setor e suas respectivas cadeias produtivas.

*Líder de Auditoria da KPMG no Brasil e na América do Sul, membro do Comitê Executivo da KPMG no Brasil e do Comitê Global de Auditoria da KPMG, e presidente do júri do Prêmio Master Imobiliário

24 de junho de 2020