CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO

 

Quarta-feira, 12 de novembro de 2014. 

 

 

O secretário estadual de recursos hídricos, Mauro Arce (no centro), foi ouvido pela CPI nesta quarta.

Foto: Luiz França / CMSP

 

KÁTIA KAZEDANI

DA REDAÇÃO

 

A falta de água em alguns bairros de São Paulo não é causada pela diminuição da pressão, como alega a Sabesp, mas por causa da interrupção do abastecimento. Isso é o que afirma o presidente do Sintaema (Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo), René Vicente dos Santos.

 

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Procurada pela reportagem, a Sabesp negou a denúncia de Santos. “Não é verdade que a Sabesp esteja orientando o fechamento das redes de distribuição, nem que esteja colocando a medida em prática”, afirmou a companhia em nota. Segundo o texto, a pressão do sistema tem sido reduzida à noite para economizar água.

Em depoimento à CPI da Sabesp nesta quarta-feira (12/11), o secretário estadual de Recursos Hídricos, Mauro Arce, afirmou que a redução da pressão vem sendo realizada desde 2007 e foi apenas intensificada nos últimos meses. “É importante que a pressão da rede seja regularizada e que não chegue àqueles picos de pressão na noite”, declarou o secretário. A medida afetaria apenas bairros altos e distantes dos reservatórios da empresa, e de forma pontual.

No entanto, moradores do Parque Edu Chaves, na zona norte, afirmaram aos vereadores da CPI que sofrem diariamente com o desabastecimento. Na última segunda, os parlamentares fizeram uma audiência pública no local para ouvir as reclamações da população.

De acordo com Santos, o fechamento das redes de abastecimento iniciou-se em junho. “Principalmente nas regiões norte, oeste e centro, estamos fazendo manobras a partir das 20h e que vão até, mais ou menos, às 7h. Assim, quando é feita a reabertura do sistema, a água demora para chegar, principalmente nas periferias. Em alguns locais, chega a ficar até 24h sem abastecimento”, explicou, em entrevista ao Portal da Câmara.

O sindicalista ainda reclama que os funcionários da companhia estão sendo hostilizados pela população. “Já avisamos a superintendência da Sabesp e orientamos os trabalhadores a não bater boca com a população. Porque quando chegamos ao local para fazer o fechamento das válvulas, as pessoas já estão sem água e acabam não deixando os profissionais fazerem o serviço”, afirmou.

Para ele, a crise hídrica em São Paulo poderia ter sido evitada se a Sabesp tivesse feito investimentos em obras de infraestrutura. “A maior perda de água é devido aos vazamentos e seria necessário ter pensado nisso para que a população não ficasse sem água. Agora precisamos realizar um grande debate com os governos municipal, estadual, federal e a sociedade para pensar em soluções”, disse.

Por sua vez, a empresa diz que investe R$ 6 bilhões, em seu programa de redução de perdas, o maior do Brasil. “Nos últimos 10 anos, a companhia reduziu suas perdas em 6,3 m3/s (9,2%), água suficiente para abastecer 2 milhões de pessoas”, afirma o texto enviado pela Sabesp à reportagem. Confira a nota na íntegra.

O presidente da CPI, Laércio Benko (PHS), diz que convidará o Sintaema para prestar esclarecimentos. “Precisamos apurar esse fato, porque isso contradiz tudo o que os dirigentes da companhia e o Governo Estadual têm dito sobre o assunto”.

 

(12/11/2014 – 17h01)

 

Fonte: Câmara Municipal de São Paulo

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