Francisco Bueno

O agronegócio é o propulsor das riquezas e do desenvolvimento do Brasil. Esse fato não é uma reafirmação dos preceitos da economia fisiocrata, mas a constatação de que num país de dimensão continental, como o nosso, primeiro existem os campos, que, depois, se transformam em cidades. Esse é o movimento natural que faz o mercado imobiliário prosperar.

A propulsão que o desenvolvimento agrícola promove nas cidades é vista com muita clareza nas regiões Norte e Centro-Oeste do País. Com o movimento e a riqueza do agronegócio, e sob as bases de uma economia moderna, cidades inteiras foram fundadas ou se reinventaram, prontas para consumir a infraestrutura, os serviços e as comodidades que só a vida urbana pode propiciar. Nessa toada, o mercado imobiliário é um dos setores mais favorecidos da economia.

Com a expansão e a sofisticação do agronegócio, não há mais espaço para mundos antagônicos. Na modernidade, o urbano e o rural se complementam e se confundem, e o “Jeca Tatu” de hoje pode ser o “Jeca Trator” – que mora na cidade onde estuda, se prepara para o trabalho, consome serviços e emprega o capital produzido no campo, num círculo virtuoso de geração de riqueza.

O setor imobiliário é o grande beneficiário desse desenvolvimento e, na expansão das cidades, divide com o setor rural os bônus do crescimento. O sonho de qualquer fazendeiro é transformar seus alqueires em metros quadrados, tanto para melhorar o conforto da família como para empreender ainda mais, o mesmo anseio do povo brasileiro.

Os desafios do empreendedorismo imobiliário nas cidades também são parecidos com os do empreendedorismo do homem no campo, sobretudo nas questões regulatórias. A complexidade e as dificuldades na ocupação e produtividade do território se somam a preocupações com restrições ambientais e normativas relativas à segurança e ao bem-estar dos trabalhadores e consumidores. Populismo ou falso moralismo, que condenam o lucro ou a “especulação”, também atrapalham os dois segmentos da economia.

Nos últimos meses, temos nos dedicado a aprofundar esses temas para ampliar a cooperação institucional entre a agricultura e o setor imobiliário. Com o apoio do Secovi-SP, a Sociedade Rural Brasileira tem buscado se aproximar do público urbano, e vice-versa, sempre em prol de questões comuns e importantes para o desenvolvimento do País, tais como a proteção do direito de propriedade, a sustentabilidade dos novos empreendimentos e a segurança jurídica dos investimentos.

Muito trabalho há por fazer, e juntos somos mais fortes e competentes para fazê-lo. Como empreendedores ligados à terra ou ao solo urbano, os fazendeiros e os incorporadores têm em comum o absoluto compromisso com o Brasil e estão dispostos a agir em prol de benefícios sistêmicos para a nossa população no longo prazo.

*Vice-presidente da Sociedade Rural Brasileira e sócio do escritório Bueno, Mesquita e Advogados

12 de fevereiro de 2020