“Não use mapas antigos para caminhos novos”. Essa foi a principal recomendação de Romeo Busarello, diretor de Marketing e Ambientes Digitais da Tecnisa, em palestra para mais de 100 integrantes do grupo de Novos Empreendedores do Secovi-SP, dia 14 de agosto, na sede do Sindicato, em São Paulo.
Com o sugestivo título “Espiga de milho R$ 1,50 com fio dental R$ 2,00”, Busarello dividiu algumas das suas inquietudes e deu várias dicas sobre inovação, mídias digitais e empreendedorismo.
“Nos últimos 70 dias, participei de 34 reuniões como executivo da companhia sobre os mais variados assuntos, que não fazem parte da minha competência profissional”, revelou, elencando os principais temas discutidos: geoprocessamento, CRM, behavioral targeting, open innovation, crowdsourcing, mobile marketing, f-commerce, outernet, intranet, blog corporativo, sustentabilidade, drones, advergames, buzz marketing, blog corporativo, Parada Gay, entre outros. Segundo ele, 90% deles não têm literatura.
“Escola nenhuma ensina isso. As escolas ensinam o que é certo e, o no dia a dia, o profissional faz o que dá certo”, afirmou o executivo, que também é professor de cursos de pós-graduação e MBA na ESPM e Insper. Ele chamou a atenção para outro dado importante: 60% dos problemas da empresa são inéditos. “Recém-formados não estão preparados para encontrar as soluções”, destacou.
Para o executivo, a saída é a educação. “É preciso estar sempre conectado, estudar, se atualizar e buscar as novidades”, aconselhou. Além disso, os empreendedores e executivos precisam aprender a fazer “hora-bar”, que ocorre em almoços, eventos, bate-papos, seminários, telefone e, às vezes, nos bares. “Se não fizer hora-bar, a possibilidade de tornar-se um profissional medíocre é muito grande. É importante manter uma rede de relacionamentos, inclusive, com outras áreas. Hoje, o meu maior patrimônio é o Linkedin”, disse.
Segundo ele, todo dia, 164 pessoas no Brasil passam a ter US$ 1 milhão na conta bancária. São executivos, por meio do ganho em bônus, e empreendedores. “Apesar de todas as dificuldades impostas pelo governo, o Brasil é uma nação empreendedora. Teremos anos espetaculares na área de economia criativa. Mas, para isso, não se pode usar mapas antigos para caminhos novos”, reiterou, emendando: “Tem muita gente ganhando dinheiro com ideias simples, mas bem executadas”.
Busarello chamou a atenção para novas oportunidades, que poderão surgir com públicos diferenciados, como gays e (melhor!) terceira idade. “Doze por cento das vendas da Tecnisa são para o mercado homossexual. O Brasil tem uma população crescente de idosos. Em 2015, vai mudar a pirâmide demográfica. Teremos mais pessoas com mais 60 anos que jovens de 18 anos”, citou, lembrando que São Paulo tem os melhores hospitais de referência, mas não há local para convalescência (senior living).
Brasil com Z – O executivo falou sobre as mudanças que o mercado sofre e a velocidade cada vez maior com que isso acontece. “A cada dois anos, em média, tudo muda, gerando oportunidades às quais os profissionais precisam se apegar para sobreviver nas empresas que, por sua vez, também devem tomar atitudes para continuar competitivas e relevantes”, comentou. E citou exemplos de empresas tradicionais no mercado que quebraram porque mantiveram ideias ultrapassadas e não acompanharam essas modificações de comportamento e de tecnologia.
Para ele, o Brasil é o País das oportunidades e devemos estar preparados para aproveitá-las e usar isso a nosso favor. “Pela primeira vez no País, o empreendedorismo está sendo feito por vocação e não por necessidade. São Paulo, definitivamente, está virando a cidade das startups”, afirmou.
Para conhecer essas startups, a Tecnisa criou o Fast Dating e, a cada 21 dias, recebe empresas e executivos que querem mostrar suas ideias, produtos ou serviços diferenciados. O empreendedor tem 20 minutos para falar sobre a relevância de seu projeto para os negócios da companhia. A ideia de utilizar drones para filmar e fotografar o andamento das obras, por exemplo, surgiu em um Fast Dating.
O convidado acredita que o Brasil “com Z” trouxe desafios, mudanças e oportunidades. Citou o exemplo do “porteiro Zé” que, segundo ele, é uma figura em extinção no condomínio. “Ele pode até existir, mas custará muito caro, pois, no Brasil ‘com Z’, esse profissional começa a enxergar que pode ganhar dinheiro de outra maneira como um microempreendedor, e isso vai impactar no valor do condomínio”, previu, dizendo que está muito feliz com esse Brasil “com Z”.
“Eu converso com muita gente e a maioria só reclama. Não enxergo problemas, eu vejo oportunidades. O futuro já chegou. Não tem mais luz, câmera, ação. Agora é ação o tempo todo”, brincou, adicionando: “A minha função, como executivo, não é prever o futuro, mas preparar a empresa para atuar em futuro incerto”.
Busarello apontou, ainda, as dificuldades para lidar com o departamento financeiro. “Quando tento explicar que temos 600 mil palavras no Google, o financeiro não entende. Investimos até em palavras com erro de português”, contou, lembrando que a Tecnisa foi uma das primeiras a explorar a internet, a investir em links patrocinados, a criar uma equipe de corretores online, a ter um blog corporativo, a disponibilizar aplicativos e hoje está engajada em inovação aberta, usando os recursos de crowdsourcing.
O vice-presidente de Desenvolvimento, Basilio Jafet, e a coordenadora-geral do NE, Carolina Ferreira, marcaram presença no evento, que foi coordenado pelo advogado Leonardo Tavares, integrante do NE.
Confira as fotos: http://www.secovine.com.br/galerias/palestra-romeo-busarello—tecnisa—14082014/18/