“Prezados senhores. Tenho a satisfação de ser amigo de Romeu Chap Chap, companheiro de longas lutas pela justiça social. Hoje, aqui estou representando o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Mas não se trata de um mero cumprimento burocrático ou protocolar. Assim como eu, Alckmin também é amigo de Romeu e só não pôde aqui comparecer por motivos de força maior. Entre ambos, há uma história de grande convívio com o Secovi-SP.”

Com essas palavras, João Carlos Meirelles, titular da Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos – gabinete com status de secretaria -, pronunciou-se na cerimônia de entrega do título Eminente Engenheiro do Ano de 2014, conferido pelo Instituto de Engenharia (IE) ao ex-presidente e atual coordenador do Núcleo de Altos Temas do Secovi-SP (NAT), Romeu Chap Chap, dia 10 de dezembro, na sede da entidade.

Conforme Meirelles, o Estado de São Paulo lhe deve muito, haja vista sua incansável luta em prol da redução do déficit habitacional. “Hoje, abrimos licitação para a construção de 12.500 moradias no Centro da capital paulista. Uma PPP que mudará a fisiografia da cidade e que contou com apoio direto do Secovi-SP na gestão de João Crestana e, agora, na gestão de Claudio Bernardes.”

“A Casa Paulista”, continuou o secretário – “é fruto desse contato, trazendo o talento do setor privado para a construção de casas, antes concentradas no âmbito da CDHU – Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano. Assim, por determinação do governador, e em nome do povo de São Paulo, venho trazer nossos agradecimentos”, finalizou o secretário, que se fez acompanhar de autoridades como o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, José Renato Nalini; do deputado estadual Itamar Borges, e do presidente da Academia Internacional de Direito e Economia, Ney Prado,dentre outros.

A solenidade foi prestigiada por mais de 250 pessoas, incluindo o presidente do Secovi-SP, Claudio Bernardes, o ex-presidente João Crestana e vários diretores, de ontem e de hoje.

Tempos difíceis para a engenharia – Em seu pronunciamento, o presidente do IE, Camil Eid – além de enaltecer o homenageado como “exemplo da iniciativa privada que trabalha pela indústria imobiliária, a habitação e o emprego” -, analisou as condições do País e da engenharia nacional. “Vivemos as consequências de anos de descontinuidade administrativa, de apagão da engenharia, de desmanche de empresas de projetos e de consultoria, cuja vivência técnica deixou de ser aproveitada pelos governantes.”

Coube a José Roberto Bernasconi, presidente do Sinaenco-SP (Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva – Regional São Paulo) e Eminente Engenheiro do Ano de 2010, apresentar o perfil de Romeu Chap Chap e justificar a entrega de um título que o IE concede há 51 anos àqueles que se destacam por sua contribuição à engenharia e ao País. “Alguém que, indubitavelmente, é fora de série, diferenciado, especial, melhor”, asseverou.

Caberia a Bernasconi fazer um brevíssimo resumo do currículo do homenageado. Entretanto, “procurando ser fiel e verdadeiro”, ele foi muito além disso e, trazendo dados e fatos extraídos da leitura do livro “Romeu Chap Chap, uma vida em construção” (biografia publicada pela então editora Campus-Elsevier); de informações e depoimentos obtidos diretamente com diversas pessoas do relacionamento de Chap Chap (as fontes foram preservadas). “E, para completar, somei tudo isso às minhas próprias impressões, desenvolvidas ao longo de mais de três décadas de convivência.”

Após ler declarações de várias personalidades, Bernasconi destacou um aspecto que diferencia e qualifica ainda mais Romeu Chap Chap: “ousadia no conteúdo e habilidade na forma. Uma competência lapidada na interlocução com cindo presidentes da República, dezenas de governadores, prefeitos, ministros e secretários de Estado.”

Ao finalizar, o presidente do Sinaenco afirmou que “o Eminente Engenheiro do Ano de 2014 é um jovem visionário, líder, construtor, realizador e um excepcional ser humano. Um tremendo bom caráter. Que Deus o proteja e o inspire para que o Brasil, a engenharia nacional, nosso IE, o Secovi-SP, seus familiares e nós, seus amigos e admiradores, possamos desfrutar por muito mais tempo de seus exemplos, camaradagem e convivência fraterna.”

O lenço e o discurso – Visivelmente emocionado, Romeu Chap Chap teve de se organizar entre o lenço e as folhas de seu pronunciamento. Mas a experiência falou mais alto, de forma que foi possível transmitir sua mensagem de agradecimento.

“À certa altura da vida, achamos que não temos lá grandes expectativas em relação a surpresas. Ledo engano! Receber o título de Eminente Engenheiro do Ano era algo até então inimaginável. Fui surpreendido e invadido por uma imensa felicidade, pois esta é uma das designações mais importantes em nosso meio”, enfatizou.

Chap Chap compartilhou fatos conhecidos por poucos. “Tudo nessa vida tem um preço. Na luta pela causa da habitação, tive enfrentamentos que quase me renderam enquadramento do então SNI (Serviço Nacional de Informação) – vivíamos a ditatura e seu AI-5. Também tive problemas com a Receita Federal em nítida ação de represália por entrevistas à imprensa que foram mal compreendidas. Enfim, tive lá meus dissabores. Porém, o positivo resultado para a indústria imobiliária, para os sem teto e para o País compensou o que passei. Hoje, sinto que consegui cumprir minha missão como cidadão.”

O Eminente Engenheiro do Ano mostrou-se realizado com a construção de vários empreendimentos e de ter conseguido, por meio do diálogo, valorizar o setor imobiliário perante o poder público, a imprensa e a opinião pública.

“Vi sonhos virarem realidade. Vi sonhos desmoronarem. Vi renascimentos, que vêm da humildade e da coragem de saber cair e se levantar. Vi tantos acontecimentos que dificilmente caberiam numa só vida. Mas tive a grande oportunidade de participar e de colaborar com a indústria imobiliária brasileira”, enfatizou.

Chap Chap fez questão de também mostrar uma visão positiva quanto ao futuro do País, que vai superar a atual crise econômica (e moral) e voltar a seguir no caminho do desenvolvimento.

“Ao olhar para trás, tenho a alegria de dizer: valeu a pena! E ao olhar adiante, tenho a certeza de dizer: sempre vai valer a pena!”, finalizou.