Mesmo diante da crescente discussão sobre os problemas em diversos países, principalmente na Europa, e da percepção da necessidade de correção de rumos na economia norte-americana, a conjuntura nacional demonstra, mais uma vez, que a crise internacional não nos abateu.
A projeção de crescimento para este ano aponta para desaceleração e, com isso, deverá haver menor pressão inflacionária. A tendência de estabilização nos preços e o cenário internacional poderão amortecer o ritmo de aumento da taxa de juros básica definida pela autoridade de política monetária.
Em junho, a crise mundial avançava ainda sem o agravamento percebido recentemente, mas, em contrapartida, a pressão inflacionária nacional foi maior. Diante desse cenário econômico, o mercado de imóveis novos residenciais na Região Metropolitana e, principalmente, na cidade de São Paulo registrou mais um passo no processo de retomada.
Cidade de São Paulo
Os indicadores de comercialização de imóveis novos residenciais na Capital demonstraram crescimento em relação aos dados de maio, conforme pesquisa realizada pelo Departamento de Economia e Estatística do Secovi-SP, sob supervisão do economista-chefe Celso Petrucci.
Em junho, o mercado registrou:
. Vendas de 2.716 unidades, com crescimento de 14,1% sobre maio (2.380 unidades);
. Vendas inferiores em relação a junho de 2010 (3.359 unidades), com variação negativa de – 19,1%
. 80% das vendas (2.171 unidades) ocorreram na fase de lançamento (primeiros seis meses desde a colocação no mercado, período de maior esforço mercadológico)
. Nicho de 2 dormitórios com maior fatia: 968 unidades comercializadas e 35,6% do total vendido no mês
Destaque para crescimento de vendas no segmento de 1 dormitório, com 802 unidades (segunda maior participação no mês, com 29,5%), superando 3 dormitórios, com 621 unidades (22,9%);
O segmento de 1 dormitório abrange tanto unidades de padrão econômico para classes de renda emergentes, quanto moradias diferenciadas como apart-hotéis, lofts, estúdios, dentre outros, que geralmente possuem valores superiores aos de imóveis convencionais. Assim, em junho, as vendas desse nicho contemplaram unidades com preços inferiores a R$ 170 mil e também no intervalo entre R$ 400 mil e R$ 450 mil.
No segmento líder em vendas (2 quartos), os empreendimentos que se destacaram no mês compreenderam faixas de valores até R$ 170 mil e de R$ 350 mil a R$ 700 mil. destaque
Entre os bairros, independentemente da segmentação, maior relevância em junho para os tradicionais (Morumbi, Vila Mariana, Alto da Mooca), além de Cangaíba, São Miguel Paulista, Belém, Lapa, dentre outros.
Imóveis de área útil entre 46m² e 65m² tiveram 37,6% de participação, com 1.021 unidades vendidas.
Desempenho de Vendas
O indicador VSO (Vendas sobre Oferta) expressa em porcentagem o desempenho de comercialização, comparando o número de unidades vendidas em relação à oferta no mês.
VSO de junho = 16,5%
VSO de maio = 15,1%
VSO de junho de 2010 = 26,8%
Região Metropolitana de São Paulo (RMSP)
. Vendas em junho: 4.926 unidades, com alta de 11,3% em relação às 4.427 de maio
. Crescimento de 0,5% (estabilizado) comparado a junho de 2010 (4.902 unidades)
. VSO da RMSP: 15,8% (junho); 14,4% (maio); 19% (junho de 2010)
. Vendas na cidade de São Paulo representaram 55,1% do movimento da RMSP
Lançamentos Residenciais
De acordo com informações fornecidas pela Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio), junho apresentou os seguintes resultados:
Cidade de São Paulo
. 3.167 unidades lançadas, com redução de 13,5% sobre as 3.663 de maio
. Alta de 11,9% sobre junho de 2010 (2.830 unidades)
Região Metropolitana
. 4.956 unidades lançadas no mês, contra 5.869 de maio (queda de 15,6%)
. Volume 45,5% superior a junho de 2010, com 3.407 unidades
Acumulado no ano
O primeiro semestre foi encerrado com resultados inferiores comparativamente a igual semestre de 2010. O cenário econômico é totalmente distinto nos dois períodos. A euforia em relação ao crescimento foi substituída pela apreensão, resultante de uma série de acontecimentos, tanto nacionais como internacionais.
Cidade de São Paulo
. Vendas acumuladas de janeiro a junho: 11.680 unidades, ante 17.005 imóveis no primeiro semestre de 2010 (variação de negativa de – 31,3%)
. Lançamentos residenciais acumulados em 2011: 13.992 unidades, contra 13.581 imóveis do primeiro semestre de 2010 (crescimento de 3,0%)
. VSO médio no primeiro semestre de 2011: 13,2% ao mês, diante dos 21,6% ao mês do mesmo período de 2010
Região Metropolitana de São Paulo
. Venda acumulada de janeiro a junho de 2011: 24.178 unidades, com variação negativa de -28% sobre as 33.576 primeiro semestre de 2010
. Lançamentos acumulados em 2011: 24.739 unidades, contra 27.187 imóveis de igual período de 2010 (variação negativa de -9,0%)
. VSO médio do primeiro semestre: 13,5% ao mês, contra 19,1% ao mês de janeiro a junho de 2010
Considerações Finais
O mercado imobiliário entra em processo de retomada lento, mas gradual, mesmo diante das adversidades no cenário econômico. A oferta se recompõe, principalmente, na cidade de São Paulo, com volume de lançamentos superior ao de comercialização em mais de 2,3 mil unidades nos últimos seis meses. “Com isso, a oferta de imóveis novos residenciais na cidade deve superar 13,7 mil unidades, volume inferior à média de 20 mil unidades existentes antes de 2009”, estima o economista-chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci.
Apesar de ainda não configurar em tendência, é importante ressaltar o crescimento da participação nas vendas do segmento de 1 dormitório. “É necessário acompanhar a evolução nos próximos meses, para constatar se realmente existe movimento mercadológico para o segmento”, complementa Petrucci.