Em momento de incerteza no ambiente econômico, o comportamento de vendas e lançamentos de imóveis novos residenciais na cidade de São Paulo surpreendeu no primeiro semestre de 2013. De acordo com a Pesquisa do Mercado Imobiliário realizada mensalmente pelo Secovi-SP, as vendas de janeiro a junho deste ano atingiram 17.500 unidades, volume 46% superior ao mesmo período de 2012, quando foram comercializadas 11.981 unidades.

A comercialização em valores acumulada no semestre, medida pelo indicador VGV (Valor Global de Vendas), representou movimento da ordem de R$ 10,6 bilhões, atualizado pela variação do INCC-DI (Índice Nacional de Custo da Construção), da Fundação Getúlio Vargas, equivalente ao crescimento de 63% em relação ao montante de R$ 6,5 bilhões do primeiro semestre do ano anterior.

A análise do comportamento do mercado no primeiro semestre apresentou aspectos relevantes, como o crescimento expressivo da venda de imóveis de 1 dormitório, de 330%, passando de 964 unidades vendidas entre janeiro e junho de 2012 para 4.147 unidades até junho deste ano.

Imóveis de 1 dormitório representaram 23% das vendas acumuladas nos seis primeiros meses deste ano, contra 8,0% da primeira metade de 2012. Já as unidades de 2 dormitórios continuam com a maior participação no mercado, de 44% sobre o total vendido (7.753 unidades).

O ritmo de comercialização registrou alta em diversos bairros e regiões da cidade, diluído em vários lançamentos em oferta. O indicador de desempenho VSO (Vendas sobre Oferta) de 12 meses medido em junho foi de 64,9%, superior ao de dezembro de 2012 (56,7%).

Lançamentos – Os lançamentos residenciais também esboçaram reação no semestre, com 13.983 unidades ofertadas diante das 9.224 unidades do mesmo intervalo de meses de 2012. Houve incremento de 51% na comparação entre os dois períodos.

Dados da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio) mostram que o segmento de 2 dormitórios liderou em participação, com 5.732 unidades ofertadas (41%). O destaque, porém, foi o segmento de 1 dormitório, que teve alta da ordem de 377% entre os primeiros semestres de 2012 e 2013 (747 unidades e 3.565 unidades, respectivamente).

Região Metropolitana – O mercado nas cidades que compõem a Região Metropolitana de São Paulo mantém perfil de unidades de 2 e 3 dormitórios. Na região, que agrega a Capital e 38 municípios situados em seu entorno, foram comercializadas 28.719 unidades na primeira metade do ano – equivalente a aumento de 39% em relação ao primeiro semestre de 2012.

Acesse aqui a íntegra do Balanço, além de análises do mercado imobiliário e do cenário econômico, e projeções para o ano em termos de lançamentos e vendas.

O mercado de imóveis residenciais foi influenciado, no primeiro semestre de 2011, por um cenário econômico completamente distinto daquele que se apresentava em igual período do ano passado.

O balanço do mercado imobiliário no primeiro semestre foi apresentado na manhã desta terça-feira, 30/8, pelo economista-chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci, em coletiva de imprensa que contou com a presença do presidente da entidade, João Crestana.

Petrucci fez um diagnóstico do cenário econômico mundial e brasileiro para contextualizar o desempenho do setor, bem como as medidas que foram e veem sendo adotadas pelos governos para conter os efeitos negativos da crise.

Um dos fatores positivos, segundo ele, é a credibilidade refletida por meio boa avaliação que o País tem recebido das agências de classificação internacional de risco.

Mercado no primeiro semestre

Na capital paulista, as vendas acumuladas de 11.680 unidades entre janeiro e junho representaram variação negativa de 31,3% em relação ao mesmo intervalo de tempo em 2010, quando foram comercializadas 17.005 unidades. Os lançamentos totalizaram 13.992 unidades no semestre, de acordo com a Embraesp – Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio, o que representa um incremento de 3,0% comparativamente às 13.581 unidades lançadas no ano passado.

Segmentação – Do total comercializado, 80,4% (9.396 unidades) se encontravam em fase de lançamento – os seis meses iniciais em que o produto é colocado em oferta e que compreendem o momento de maior esforço promocional.

O segmento de 2 dormitórios respondeu por 40,3% do total de vendas acumulado no semestre (4.708 unidades), enquanto imóveis de 3 quartos participam com 29,5% dos negócios (3.441 unidades). Juntos, os nichos representaram 69,8% do volume comercializado na cidade de São Paulo.

Desempenho – O indicador VSO (Vendas Sobre Ofertas) médio no período foi de 13,2% ao mês, ante 21,6% ao mês em 2010. O VSO mede o desempenho de comercialização, por meio de cálculo do índice expresso em porcentagem, que mostra a relação entre o total de unidades vendidas e a oferta total existente no mesmo mês. Pode ser considerado como o saldo de oferta remanescente do mês anterior acrescido dos lançamentos.

 REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO – RMSP A Região Metropolitana, composta por 39 municípios incluindo a Capital, teve 24.178 unidades vendidas, com variação negativa de 28% sobre os 33.576 imóveis negociados no semestre inicial de 2010.

As 24.739 unidades lançadas representaram queda de 9,0% frente às 27.187 unidades ofertadas de janeiro a junho do ano passado. O VSO médio ficou em 13,5% ao mês, contra 19,1% ao mês em igual semestre de 2010.

A participação da Capital no total de vendas da RMSP atingiu 48,3% este ano, com redução ante os 50,6% do ano passado.

Imóveis de 2 dormitórios ampliaram a participação, com 11.072 unidades e 45,8% do volume total comercializado no semestre. O mesmo ocorreu com o segmento de 3 dormitórios (7.954 unidades), que respondeu por 32,9% das vendas acumuladas na região.

As unidades de 2 e 3 quartos representaram, juntas, 78,7% do mercado da Região Metropolitana. Vale lembrar que, somados, ambos participaram com 69,8% do volume vendido na Capital.

Confira a íntegra do balanço do primeiro semestre de 2011.

 
 

Basilio Jafet*

“O caminho para resolver nossos problemas urbanos é um só: diálogo.”

A maior metrópole da América Latina sofre com inúmeros e enormes problemas. O mais emblemático deles é que temos uma cidade urbanisticamente segregada. E onde há segregação não há inclusão, premissa que deveria ser a razão de ser de qualquer município.

Boa parte dos 12,2 milhões de cidadãos convive com inaceitável desigualdade, caracterizada por problemas de mobilidade (horas e horas para ir ao trabalho e voltar) e dificuldade de acesso à moradia em áreas onde o emprego e a infraestrutura instalada estão.

Se nada for feito, temos muito a perder. Deixaremos de ser o polo de investimentos; não teremos a atratividade ou o protagonismo que outras metrópoles do mesmo porte possuem, como Seul, Singapura, Hong Kong ou Xangai, na Ásia; Nova York, na América do Norte; Londres ou Barcelona, na Europa.

Todavia, poderemos reverter essa situação se a próxima gestão municipal assumir o compromisso de recuperar e transformar São Paulo numa cidade inclusiva, na qual as pessoas se sintam acolhidas, os investidores vislumbrem o potencial de negócios, o turismo (interno e externo) seja potencializado e que sejamos de fato o maior centro financeiro, de serviços e de lazer latino-americano.

Nas últimas décadas, pouco foi feito por essa visão de futuro. E quanto mais o tempo passa, mais a cidade perde valor diante dos olhos do mundo. Para mudar isso, precisamos da adoção de medidas firmes e refratárias a barganhas políticas e ideológicas. São Paulo está acima disso. Os cidadãos paulistanos têm direito a mais igualdade e felicidade.

É inegável a falta de recursos, aprofundada pelos gastos adicionais em função da pandemia. Entretanto, há como suprir essa carência com inteligência, afinco e senso de prioridade.

O Secovi-SP tem muito a contribuir com a cidade, sem desconsiderar o que têm a propor diversas correntes políticas e ideológicas. Mantemos um saudável embate de ideias com várias entidades, que oferecem excelentes propostas. Buscamos os pontos de convergência para uma atuação conjunta, pois o que interessa é o bem comum.

E o próximo ano representa uma imensa janela de oportunidade para enfrentar questões urbanísticas que subtraem de São Paulo condições de crescer. Para se ter uma dimensão do que estamos falando, num período de 45 anos, a partir de 1964, as restrições a construções em grandes cidades fizeram com que o PIB dos Estados Unidos perdesse 36%. Quanto será que o Brasil perdeu pelas mesmas razões?

Em 2021, por determinação legal, o Plano Diretor Estratégico (PDE) será revisto. É a chance de virar o jogo. De ajustar normas para aproveitar os polos de infraestrutura, revitalizar o Centro – ofertando mais moradia e requalificando edifícios vazios –, e outras ações que só terão sucesso com o real engajamento da sociedade.

Isso significa substituir o império dos NIMBYs (não no meu quintal), aqueles poucos egoístas que não querem dividir espaço com ninguém, pelo reinado dos YIMBYs (Yes In My Backyard), como já vem acontecendo em várias partes do mundo, onde verticalização e adensamento são reconhecidos como a melhor opção. Onde é impensável limitar mais de 90% de uma cidade a prédios de oito andares (como acontece aqui).

O caminho para resolver nossos problemas urbanos é um só: diálogo. Diálogo entre convergentes e divergentes; espaço e respeito para quem pensa diferente; consenso para construir um pacto por São Paulo. Esta será a maior missão do prefeito, juntamente com os vereadores eleitos, para finalmente termos a cidade que São Paulo merece ser.

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