Em março deste ano, foram comercializadas na cidade de São Paulo 2.683 unidades residenciais novas, conforme apurou a Pesquisa Secovi-SP do Mercado Imobiliário. Com esse resultado, as vendas do mês ficaram 36,0% abaixo das negociações de fevereiro (4.189 unidades) e 13,8% inferiores às de março de 2019 (3.114 unidades).
Entretanto, no acumulado de 12 meses (abril de 2019 a março de 2020), as 51.897 unidades comercializadas representaram um aumento de 66,9% em relação ao período anterior (abril de 2018 a março 2019), quando foram negociadas 31.088 unidades.
Em números de lançamentos, março contabilizou 1.761 unidades residenciais novas, volume 19,4% inferior ao apurado em fevereiro, quando se lançaram 2.184 unidades, e 36,4% abaixo do total de março do ano passado (2.769 unidades). Dados da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio) mostram, ainda, que no acumulado de 12 meses (abril de 2019 a março de 2020), os lançamentos na capital paulista somaram 65.485 unidades, 70,6% acima das 38.394 unidades lançadas no mesmo período do ano anterior (abril de 2018 a março de 2019).
Os indicadores da Pesquisa Secovi-SP sinalizam, principalmente no volume de lançamentos, um pequeno impacto da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
Estandes fechados – O mercado imobiliário da Capital vinha apresentando bom desempenho, até que o prefeito Bruno Covas decretou o fechamento do comércio a partir do dia 20 de março, incluindo os estandes de vendas. Essa medida impactou negativamente os negócios imobiliários e já se notam os reflexos no volume de comercialização de março.
Ainda assim, no acumulado dos três primeiros meses do ano, foram comercializadas 9.585 unidades, uma marca impressionante, na avaliação do economista-chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci. O resultado representa um crescimento de 38,7% em relação ao primeiro trimestre de 2019, quando foram vendidas 6.912 unidades.
“Os lançamentos no primeiro trimestre totalizaram 4.098 unidades, demonstrando que as empresas concentraram seus esforços na comercialização de unidades que estavam em oferta”, observa Petrucci.
Oferta – A capital paulista encerrou o mês de março com a oferta de 34.205 unidades disponíveis para venda. A quantidade de imóveis ofertados ficou 1,8% abaixo da registrada em fevereiro (34.846 unidades) e 63,4% acima do volume apurado em março do ano passado (20.937 unidades). Esta oferta é composta por imóveis na planta, em construção e prontos (estoque), lançados nos últimos 36 meses (abril de 2017 a março de 2020).
Econômicos – De acordo com a Pesquisa Secovi-SP, imóveis com faixas de preço enquadradas nos parâmetros do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) totalizaram em março 1.350 unidades vendidas e 700 unidades lançadas. A oferta somou 16.702 unidades disponíveis para venda, com indicador VSO (Vendas Sobre Oferta) de 7,5%.
No segmento de mercado de médio e alto padrão, a pesquisa identificou 1.333 unidades vendidas, 1.061 unidades lançadas, oferta final de 17.503 unidades e VSO de 7,1%.
Compactos – Os imóveis compactos (com menos de 45 m²) e os de 2 dormitórios apresentaram os melhores desempenhos em março. Unidades com essas características, além de geralmente possuírem tíquete mais baixo, também são beneficiadas pela queda da taxa de juros.
No mês, os apartamentos com menos de 45 m² de área útil participaram com 1.947 unidades vendidas e 1.402 unidades lançadas. A pesquisa Secovi-SP registrou a venda de 1.681 unidades de 2 dormitórios e o lançamento de 955 unidades com essa tipologia.
Análise – Os impactos da Covid-19 não atingiram com mais intensidade o setor porque a atividade de construção civil foi enquadrada como essencial no decreto de quarentena, desde que implantadas medidas rígidas de higienização e proteção à saúde dos trabalhadores nos canteiros de obras.
“O momento é de cautela, planejamento e criatividade, não só para vencer a crise, mas também para enfrentar o período pós-pandemia”, afirma Emilio Kallas, vice-presidente de Incorporação Imobiliária e Terrenos Urbanos do Secovi-SP. “A continuidade das obras foi uma decisão importante, pois é que vai permitir que os prejuízos não sejam maiores. No entanto, é fundamental que os empreendedores estejam atentos ao caixa e que busquem alternativas para garantir a sobrevivência de suas empresas e os empregos de seus colaboradores.”
Kallas acredita que, devido à baixa utilização dos terrenos e aos custos exagerados de outorga onerosa, não haverá redução de preços dos imóveis. “Contudo, agora é um dos melhores momentos para se adquirir um apartamento”, recomenda.
Para o presidente do Sindicato, Basilio Jafet, as empresas precisam de crédito mais barato para poderem atravessar este período de crise sanitária. “As linhas de crédito disponibilizadas pelas instituições financeiras privadas têm juros que não são adequados à realidade de hoje, e muitas exigências que inviabilizam o acesso ao financiamento, sobretudo para as micro e pequenas empresas”, acentua, lembrando ser este um dos itens que constam da agenda de reivindicações que vem sendo mantida pelo Secovi-SP.
“É necessário resolver os atuais gargalos e contribuir para que as empresas possam enfrentar e vencer os desafios pós-pandemia, que não serão poucos”, diz. Apesar das incertezas, Jafet ressalta que as mudanças impostas pela pandemia representam um caminho sem volta e certamente irão influenciar positivamente o mercado. “A tecnologia entrou de vez na vida das pessoas, das empresas, nos relacionamentos, nas transações imobiliárias, no fechamento de negócios, na assinatura de contratos, entre muitas outras atividades”, afirma, destacando que este novo cenário representa muitas oportunidades.
Confira a íntegra da Pesquisa Secovi-SP, que traz também dados da Região Metropolitana de São Paulo.