Imaginávamos que os líderes mundiais estivessem mais bem preparados para tratar de questões geopolíticas.
A história, desde os tempos dos impérios romano, russo, britânico e outros – que tudo resolviam (!) por intermédio de guerras -, mostrou que dominações pela força em nada contribuíram para elevar o patamar civilizatório da humanidade.
Felizmente, o mundo evoluiu nas últimas décadas. Grandes guerras saíram do radar. Não que contássemos com um ambiente tranquilo. As ameaças sempre estavam no ar. De testes de mísseis a ataques cibernéticos.
Porém, em 24 de fevereiro de 2022, uma delas colocou os pés na terra: a Rússia invadiu a Ucrânia, trazendo a todos nós enorme temor e absoluta perplexidade.
Como assim um país resolve impor sua opinião, arvorando-se no direito de invadir, matar, tomar e governar outra pátria?
Como assim uma guerra quando todos os países ainda se desdobram para enfrentar o inimigo comum chamado coronavírus?
Excetuando-se alguns rincões do planeta, nenhum de nós poderia pensar em guerra real.
A questão premente não é considerar as razões que a Rússia possa ter (ou não) para invadir a Ucrânia. A questão é ver a capacidade de diálogo, que supúnhamos consolidada até mesmo por conta da globalização, se revelar frágil.
Fica a sensação de que as instituições responsáveis por essa lúcida via de entendimento relegaram seu compromisso em relação ao contínuo fortalecimento desse caminho.
Felizmente, o mundo evoluiu nas últimas décadas. Grandes guerras saíram do radar. Não que contássemos com um ambiente tranquilo. As ameaças sempre estavam no ar. De testes de mísseis a ataques cibernéticos.
Aquela mesma sensação de falta de proatividade, que tivemos em relação à Organização Mundial da Saúde (OMS) quando eclodiu a pandemia, alcança agora a Organização das Nações Unidas (ONU).
Onde estão os chanceleres e os recursos diplomáticos que deveriam ser empregados na concertação de crises?
O episódio Rússia-Ucrânia obriga a pensar naquelas nações que optaram por priorizar o desenvolvimento econômico e social ao invés de dedicar esforços (e recursos) ao armamento bélico.
A Costa Rica, por exemplo, não possui exército, mas somente uma força de segurança pública, responsável por fazer cumprir a lei e cuidar da ordem interna. Japão e Alemanha, constitucionalmente, têm apenas forças defensivas.
O que fariam esses países se algum dirigente mundial, por um devaneio qualquer, resolvesse invadi-los?
A guerra na Ucrânia significa que voltamos a práticas que julgávamos superadas. ONU e outros organismos multilaterais se revelam incapazes de impor a via institucional como único caminho para apontar alternativas e solucionar problemas dessa natureza.
Foi assim que surgiram a primeira e a segunda guerras mundiais. Foram resultados de decisões incorretas tomadas por alguns. Ações erradas de ‘cabeças quentes’ que geraram prejuízos irreparáveis. Cicatrizes permanentes no corpo da humanidade.
Paira sobre todos nós o pavor de um conflito com explosões nucleares dizimando populações inteiras. O medo de voltarmos à oposição armada entre Oriente e Ocidente, o que considerávamos página virada de nossa história.
Essa natureza animal que alimenta o desejo incontrolável de poder, de dominação do homem sobre o homem, precisa ser extinta.
Que o Brasil se posicione firmemente em defesa da paz. E que cada um de nós, em suas preces, ore e trabalhe pela paz. É só com ela que podemos melhorar o mundo e, com união, fazer o bom combate contra a fome, as doenças e a miséria que atinge tão dolorosamente milhões de pessoas.
Se assim não for, teremos de nos preparar para um inaceitável e amargo retrocesso.
Basilio Jafet, vice-presidente de Relações Institucionais do Secovi-SP, a Casa do Mercado Imobiliário