Felipe Salto, Denise Campos de Toledo e Carlos Borges

Felipe Salto, um dos maiores especialistas em contas públicas do Brasil, e primeiro diretor-executivo da IFI (Instituição Fiscal Independente) ligada ao Senado, foi entrevistado por Denise Campos de Toledo, em Live Secovi.

Salto disse que o Brasil está em situação fiscal gravíssima, porque as contas públicas, que já apresentavam enorme fragilidade, sofreram forte impacto com a pandemia. A projeção dele é que a dívida interna suba de 75,8% do PIB, em 2019, para 93,1% do PIB até o final de dezembro. Ainda, o déficit primário deverá alcançar 11% do PIB até o fim deste ano.

A projeção de crescimento econômico do IFI para 2021 é de 2,8%, com ‘certo’ viés de alta. Mas, para este ano, a recessão deve terminar entre 4,5% e 5%, conforme Salto. Para o governo federal, o desafio será encontrar meios de retirar o auxílio emergencial, mesmo diante da aceleração das mortes em razão da Covid-19.

Esperança – A vacina é uma esperança, além de fundamental para a saúde e para a economia, por ter “o condão de garantir alguma recuperação econômica no ano que vem”, disse o economista.

O setor imobiliário, na avaliação de Salto, tem vantagem sobre outros segmentos por sua alta capacidade de recuperação em momentos de crise e da forte geração de novos postos de trabalho.

Salto acredita que o governo federal começa a deixar o negacionismo de lado, aceitando a necessidade de vacinação para controlar a Covid-19. A maior necessidade futura, porém, é apresentar uma agenda econômica e fiscal para os próximos dois anos e, assim, dar estabilidade ao País.

Mercado imobiliário – Carlos Borges, vice-presidente de Tecnologia e Sustentabilidade do Secovi-SP, destacou as duas necessidades para o setor funcionar vigorosamente: confiança e taxa de juros baixa.

“O que mais nos preocupa é a sustentabilidade a longo prazo, assim como a indisciplina fiscal e a mentalidade imediatista”, disse.

O aumento no custo da produção, por causa dos insumos e da alta dos preços dos terrenos, é outro aspecto alarmante, na avaliação de Borges, principalmente porque o ciclo da construção é longo e é preciso trabalhar com calendário para dois anos futuros.

“Acredito em um ciclo virtuoso para o setor nos anos de 2021 e 2022, com Selic baixa. Mas com atenção voltada para a estrutura de preços de produção, porque não temos espaços para aumentos dos preços dos imóveis”, concluiu.

O conteúdo completo da live está disponível no canal Secovi-SP no YouTube.