“A sustentabilidade veio para ficar. Veio como uma nova visão. É um caminho sem volta do qual não podemos fugir”, disse a jornalista Rosana Jatobá na abertura do painel “Sustentabilidade em foco” na quinta-feira, 28/8, segundo dia da Convenção Secovi 2014.

Em sua apresentação, a jornalista, que é Mestre em Gestão e Tecnologias Ambientais pela USP, fez uma retrospectiva da discussão da sustentabilidade, contextualizando o Brasil e o mercado imobiliário com uma série de dados e cases que mostram os avanços da matéria no País.

Ela enfatizou a importância da integração da cadeia imobiliária, desde o projeto do empreendimento até a sua ocupação, atendendo ao conceito da construção sustentável. “A cadeia de valor do setor imobiliário com relação às edificações sustentáveis foca o lucro ótimo, que é bom para todos. E por meio dessa visão sistêmica e integrada de todos os elos da cadeia é possível mitigar os impactos ambientais, saúde e direito dos trabalhadores atendidos, bem-estar dos usuários e qualidade de vida no entorno”, disse. Ela lamentou que, apesar de serem muitos os prédios deste tipo em São Paulo, isolados, “são gotas no oceano”.

Na sequência, Rosana coordenou uma mesa-redonda com empresários do setor, integrantes da diretoria da Casa: o presidente Claudio Bernardes e os vices Ciro Scopel (Sustentabilidade) e Carlos Borges (Tecnologia e Qualidade), e o diretor Geraldo Bernardes (Sustentabilidade Condominial), com moderação de Hamilton de França Leite Júnior, diretor de Sustentabilidade e coordenador geral da Convenção Secovi.

Dentre vários assuntos, o Plano Diretor Estratégico (PDE) também foi abordado na rodada. O presidente Claudio Bernardes relatou que partiu do Secovi-SP, durante os debates em torno do PDE, a sugestão da criação de uma cota ambiental, que será definida e regulamentada na lei de zoneamento. “O custo agregado inicial para a construção sustentável se paga no futuro com lucro, mas as pessoas não tem essa visão no momento, por isso precisamos criar incentivos para impulsionar este tipo de construção”, justificou. Ele explicou que a cota ambiental consiste em alguns parâmetros ambientais pré-definidos que valem pontos e, para ser aprovado, um projeto deverá atingir uma pontuação mínima. “A partir dessa pontuação mínima, todos os pontos somados passam a ser incentivos, principalmente em questão de outorga onerosa”, informou.

Questionada por Hamilton Leite sobre sua visão do setor com relação à sustentabilidade, Rosana disse que tinha a percepção de que o setor era predador, vilão e que se surpreendeu muito após estudar a fundo o assunto. Ela passou a conhecer, primeiramente, a enorme demanda anual por imóveis a ser suprida (média de 30 mil unidades na Capital) – o que ampliou sua visão e a importância que o setor tem para a vida das pessoas, e também as pesquisas, as novas tecnologias e os bons exemplos já existentes. No entanto, na opinião dela, ainda é um movimento tímido. “Apenas 1% do volume construído é de construções sustentáveis, o que representa 9% do PIB, mas tem tudo para avançar. Só depende dessa cadeia integrada, holística, sistêmica”, disse Jatobá.