Orientações sobre prevenção a incêndios em condomínios: este foi o mote da palestra proferida pelo 1º Tenente do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, André Silva Pinto, em 14 de abril, na sede da Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC (ACIGABC). O evento, que integra o Ciclo de Palestras para Síndicos e Condomínios promovido pelo Sindicato da Habitação, contou com as presenças do vice-presidente de Condomínios do Secovi-SP, Hubert Gebara, e do diretor da ACIGABC, Antonio Carlos Gonçalves.
Conforme observou Hubert Gebara, “as edificações com múltiplas unidades, residenciais, comerciais ou mistas, antigas ou recentes, devem atender de forma especial as condições de segurança contra incêndio”. E ressaltou: “A legislação é complexa, há normas estaduais e municipais regendo o assunto”.
E elucidar pelo menos parte dessas regras complexas foi justamente o objetivo do Tenente André Silva Pinto. Diante de um público de aproximadamente cem pessoas, principalmente síndicos e profissionais de administradoras de condomínios, ele exibiu um vídeo que mostra diversas situações tensas pelas quais os bombeiros passam cotidianamente: contenção de incêndios, resgate de vítimas em desabamentos e acidentes com materiais perigosos, entre outras. Ao final da exibição, observou: “A prevenção é onde começa tudo. Depois que um evento é desencadeado, é muito difícil controla-lo”.
Feita essa introdução, o militar começou a expor detalhadamente as providências que devem ser tomadas pelos síndicos e responsáveis pelo condomínio. Ele ressaltou que o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) deve ser renovado de três em três anos, tanto em edifícios comerciais quanto residenciais. E muitos síndicos, por desconhecimento, não tomam essa importante providência.
O grande mérito do AVCB é que ele requer que o empreendimento seja avaliado pelos bombeiros em toda sua extensão. Assim, toda sua estrutura contra incêndio é analisada. “Um mau costume que persiste em muitos condomínios é o de manter as portas corta-fogo abertas. Elas são um equipamento de segurança, devem ser mantidas fechadas, para que a fumaça de um eventual incêndio não alcance as escadas de emergência”, alertou o tenente.
Outro costume preocupante, na opinião do militar, é a troca constante de funcionários nos condomínios que adotam a terceirização da mão de obra. “Quando um profissional que recebeu treinamento para lidar com situações de emergência é substituído por outro que não dispõe desse conhecimento, perde-se em segurança”, alertou.
Tranquilizador é o fato de que, nos edifícios modernos, dificilmente ocorreriam tragédias como as que devastaram os edifícios Andraus (1972) e Joelma (1974), dois dos incêndios que mais fizeram vítimas fatais na história do País. “Nestes episódios emblemáticos, o fogo começou nos andares centrais e subiu pela fachada. Isso era possível em virtude dos elementos construtivos da época. Hoje, é improvável que acontecesse algo naqueles moldes. Atualmente são previstos cerca de 120 minutos para a disseminação de um incêndio”, comentou o tenente André Pinto.
De acordo com o especialista, o Corpo de Bombeiros não fornece o projeto de segurança contra incêndios. “Estamos sempre disponíveis para esclarecer dúvidas, mas o projeto deve ser feito por um engenheiro, um profissional responsável”, salientou.