A Pesquisa do Mercado Imobiliário, realizada pelo departamento de Economia e Estatística do Secovi-SP (Sindicato da Habitação), apurou em maio a comercialização de 2.405 unidades residenciais novas na cidade de São Paulo. O resultado foi 25,1% superior ao mês anterior (1.923 unidades) e ficou 26,7% abaixo das vendas de maio de 2019 (3.282 unidades).
No acumulado de 12 meses (junho de 2019 a maio de 2020), as 50.285 unidades comercializadas representaram um aumento de 52,1% em relação ao período anterior (junho de 2018 a maio 2019), quando foram negociadas 33.068 unidades.
Lançamentos – De acordo com a Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio), os lançamentos na cidade de São Paulo totalizaram em maio 1.570 unidades residenciais, volume 17,5% inferior ao apurado em abril de 2020 (1.902 unidades) e 44,0% abaixo do total de maio de 2019 (2.806 unidades).
No período de junho de 2019 a maio de 2020 (12 meses), os lançamentos na capital paulista somaram 62.727 unidades, 50,4% acima das 41.702 unidades lançadas no mesmo período do ano anterior (junho de 2018 a maio de 2019).
Oferta – A capital paulista encerrou o mês de maio com a oferta de 32.438 unidades disponíveis para venda. A quantidade de imóveis ofertados foi 4,5% inferior à registrada em abril de 2020 (33.968 unidades) e 54,0% superior ao volume de maio do ano passado (21.066 unidades). Esta oferta é composta por imóveis na planta, em construção e prontos (estoque), lançados nos últimos 36 meses (junho de 2017 a maio de 2020).
Econômicos e outros mercados – Em maio, 1.550 unidades vendidas e 1.269 unidades lançadas estavam enquadradas como econômicas e atendiam aos parâmetros do Programa Minha Casa, Minha Vida. A oferta totalizou 15.753 unidades disponíveis para venda, com VSO de 9,0%.
No segmento de mercado de médio e alto padrão, a pesquisa identificou 855 unidades vendidas, 301 unidades lançadas, oferta final de 16.685 unidades e VSO de 4,9%.
Os imóveis de 2 dormitórios apresentaram os melhores indicadores do mês, com destaque para as vendas (1.600 unidades), a oferta (18.839 unidades) e os lançamentos (1.256 unidades).
Imóveis com menos de 45 m² de área útil registraram 1.832 unidades vendidas, oferta de 21.053 unidades, e lançamentos de 1.033 unidades.
Análise – A Pesquisa do Mercado Imobiliário da cidade de São Paulo demonstra que a expectativa de retração em função da quarentena e do distanciamento social não se concretizou.
Ainda que a base de comparação seja pequena, as 2.405 unidades comercializadas no mês representaram aumento de 25,1% em relação a abril, resultado relativamente satisfatório, considerando a manutenção do fechamento dos estandes de vendas.
As unidades econômicas tiveram participação significativa no mercado em maio: do total comercializado no mês, 1.550 unidades (64%) se enquadravam nos parâmetros do programa Minha Casa, Minha Vida. “Sem dúvida, o resultado reflete um dos acertos dos empreendedores, ao oferecer produtos com grande aderência junto ao público comprador”, analisa Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP.
Outro aspecto que influenciou positivamente o comportamento do mercado refere-se às transações on-line, meio virtual que supriu a necessidade de negociação com o cliente diante das restrições impostas pela quarentena. “A maioria das empresas relata que a web prevaleceu em boa parcela dos negócios realizados, demonstrando importante avanço digital para empresas e clientes”, diz Petrucci.
Porém, apesar da reação em termos de vendas, os lançamentos mantiveram a tendência de queda, tanto em relação a abril de 2020 (-17,5%) quanto a maio do ano passado (-44,0%).
A situação é preocupante, pois, comparado aos cinco primeiros meses de 2019, verifica-se retração de 25,5% no total acumulado em 2020 (janeiro a maio). Com relação às vendas, houve aumento de 8,3% relativamente a igual período. Ainda que o segundo semestre historicamente concentre maior volume acumulado de lançamentos e vendas, fica difícil prever o comportamento do mercado para o período neste ano totalmente atípico, pondera o economista-chefe.
Como a demanda por imóveis continua mesmo em meio à pandemia e o volume de unidades lançadas vem caindo, é possível haver redução da oferta, principalmente para a classe média – parcela da população que tem sofrido as consequências restritivas das legislações urbanísticas na capital paulista.
“Parte desse problema, como temos insistido em afirmar, pode ser solucionada por meio da calibragem da Lei de Zoneamento, iniciativa que continua aguardando definição do poder público”, reforça Emilio Kallas, vice-presidente de Incorporação e Terrenos Urbanos do Secovi-SP.
PIUs (Planos de Intervenção Urbana) e Operações Urbanas mais alinhados com a vocação da cidade e valores mais razoáveis de outorga onerosa e Cepacs (Certificados de Potencial Adicional de Construção) também são destacados por Kallas como incentivos para a atividade imobiliária. “Isso resultaria em um grande ganho para a sociedade, porque produziríamos unidades mais acessíveis à população e criaríamos muitos novos empregos”, completa o vice-presidente.
O presidente do Sindicato, Basilio Jafet, chama a atenção para a discrepância entre a taxa básica de juros e as taxas de juros do crédito imobiliário. O Secovi-SP e entidades do setor vêm atuando intensamente para que as taxas de juros para aquisição de imóveis sejam mais acessíveis. “Com a Selic em 2,25% ao ano, e viés de baixa, é difícil aceitar que se pratique uma taxa de 7,15% ao ano na concessão de financiamento imobiliário para a pessoa física”, enfatiza.
Segundo ele, apesar de o mercado oferecer imóveis para todas as faixas de renda, o valor da taxa de juros é um componente que pode viabilizar o acesso de muitas famílias à moradia.