Autoridades e representantes da cadeia da construção defenderam na segunda-feira, 9/3, durante o 11º ConstruBusiness – Congresso Brasileiro da Construção 2015, ser fundamental para o desempenho econômico do País que os governos municipal, estadual e federal priorizem investimentos no combate ao déficit habitacional brasileiro.
“Precisamos ter visão de desenvolvimento mais estratégico, com o olhar na atividade econômica, emprego e mobilidade. As metas são melhorias nos projetos e no padrão urbanístico, melhoria da edificação, mais sustentabilidade”, afirmou Inês Magalhães, secretária de Habitação do Ministério das Cidades, em sua participação no painel “Desenvolvimento Urbano – Cidades: depósitos de gente?”, que integrou a programação do evento, realizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
O vice-presidente de Assuntos Legislativos e Urbanismo Metropolitano do Secovi-SP, Ricardo Yazbek, que também integrou o painel, afirmou que as empresas estão muito preocupadas com a situação do setor imobiliário. “Há questões políticas, econômicas, falta de água e de energia. Mas também há falta de confiança. Há um déficit de pagamento muito alto, da ordem de R$ 900 milhões, do governo federal para com as empresas do setor, que está asfixiando principalmente as pequenas e médias. Aguardamos o anúncio da terceira fase do programa Minha Casa Minha Vida, mas é melhor que o governo acerte as fases anteriores”, cobrou Yazbek.
O dirigente também levantou a necessidade de realinhamento nos parâmetros de preço e renda para grandes metrópoles, do programa, cujo último reajuste ocorreu em 2012. “As empresas estão sofrendo muito e essa defasagem pode prejudicar a terceira fase do programa. Credibilidade e confiança são necessárias, caso contrário não tem como a iniciativa privada investir e manter a parceria.”
Também participaram do debate, mediado pelo jornalista Ricardo Boechat, o coordenador geral do Programa de Aceleração do Crescimento da Caixa Econômica Federal, Luiz Alberto Nozaki Sugahara, e o secretário de Estado de Habitação de São Paulo, Nelson Luiz Baeta Neves Filho.
Inês Magalhães defendeu ainda as construções feitas pelo programa Minha Casa, Minha Vida. Segundo ela, apesar das críticas de que as construções são feitas em locais periféricos e com pouca infraestrutura, o desafio é melhorar a qualidade arquitetônica e ter mais participação do setor público. A secretária disse que há a possibilidade de contratação de equipamentos de saúde e educação junto com a terceira fase do programa.
Mais caro
Segundo Baeta Neves, embora o Minha Casa, Minha Vida seja uma opção para reduzir o déficit habitacional urbano, no caso de São Paulo, o programa enfrenta um desafio de áreas de custo mais elevado, impedindo um atendimento mais abrangente do projeto.
“Em São Paulo temos uma situação mais complexa para construir, já que os terrenos são mais caros. Daí a necessidade de ampliar parcerias e trabalharmos juntos para melhorar este déficit”, disse. Yazbek defendeu a continuidade do programa Casa Paulista, do governo do Estado de São Paulo, que complementa o Minha Casa Minha Vida.
Estudo técnico
Durante o congresso, foi apresentado o estudo 11º ConstruBusiness – Antecipando o Futuro, segundo o qual o Brasil investiu R$ 460 bilhões em desenvolvimento urbano e infraestrutura econômica em 2014.
Encomendado pelo Departamento da Indústria da Construção (Deconcic) da Fiesp, a publicação traz uma análise da cadeia produtiva, focando em investimentos para infraestrutura econômica (energia, transportes e telecomunicações) e desenvolvimento urbano (habitação, mobilidade urbana e saneamento), no período de 2015 a 2022.
O estudo mostra ainda que o setor movimenta cerca de 9,1% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e responde por 52,5% da formação bruta de capital fixo do País. E para que o Brasil atinja um patamar positivo até 2022, são necessários investimentos anuais de R$ 560 bilhões, cerca de 9,8% do PIB nacional.
“É preciso ressaltar o papel fundamental que a indústria da construção civil tem no cenário econômico. Em suas diversas atividades, a cadeia produtiva emprega 13% da força de trabalho do País e responde por 10% de participação no PIB nacional. Ou seja, é responsável por importantes investimentos na área de infraestrutura, pela geração de empregos e pela movimentação da economia brasileira”, afirmou Paulo Skaf, presidente da Fiesp.
De acordo com os dados do estudo, a média anual de investimentos em infraestrutura econômica entre 2010 e 2014 foi de R$ 184,5 bilhões, cerca de 3,8% do PIB nacional. Para Carlos Eduardo Auricchio, diretor do Deconcic, o impacto disso sobre a competitividade do País é enorme. “Esses investimentos garantem a oferta de serviços de transportes, energia e telecomunicação a custos competitivos a longo prazo, aumentando a produtividade de toda a economia do Brasil”.
O estudo está disponível para download.
Fonte: Com informações da Agência Indusnet Fiesp