Secovi-SP, Abrainc e SindusCon-SP realizaram nesta terça-feira (30/1), reunião da Aliança Pela Redução de Gases do Efeito Estufa (GEE) no Setor de Construção e Incorporação Imobiliária, para apresentação de um diagnóstico de todo o trabalho desenvolvido e resultados do inventário setorial, produzido pela WayCarbon. O encontro, realizado em formato híbrido, presencial em São Paulo e on-line, contou com a participação de mais de 100 representantes de empresas associadas às entidades que aderiram à Aliança.
A abertura da reunião foi feita por Vladimir Iszlaji, diretor de Desenvolvimento Urbano da Abraind; Ely Wertheim, presidente executivo/CEO do Secovi-SP; e Yorki Estefan, presidente do SindusCon-SP. Todos destacaram a importância da união das entidades e empresas em relação ao tema, fator determinante para a produção do inventário do setor.
Vladimir Iszlaji, que também é membro do Comitê Estratégico da Aliança GEE, destacou o empenho das empresas participantes na coleta de dados e os desafios que o setor irá enfrentar ao longo de seu processo de descarbonização. Na sequência, Ely Wertheim afirmou que esse é um tema que irá crescer cada vez mais e será amplamente necessário do ponto de vista empresarial. Yorki Estefan abordou o papel do Comasp do SindusCon-SP, que há mais de duas décadas debate iniciativas sustentáveis para o setor, e falou sobre a calculadora de emissões CECarbon.
Um panorama dos trabalhos foi apresentado na sequência por Francisco de Vasconcelos Neto, vice-presidente do SindusCon-SP; e Carlos Borges, vice-presidente de Tecnologia e Sustentabilidade do Secovi-SP, integrantes do Comitê Estratégico da Aliança.
Francisco detalhou toda a iniciativa da calculadora CECarbon, que vem sendo debatida desde 2013, e as novidades da versão 3.0 da ferramenta, que, através da Aliança GEE, será lançada ainda no 1º semestre de 2024. Ele destacou a importância que a calculadora terá para as empresas, uma vez que já foi reconhecida pelo Ministério das Cidades como ferramenta medidora de emissões, especialmente as que atuam no Minha Casa, Minha Vida. O vice-presidente do SindusCon-SP ainda explicou que a entidade oferece um curso para utilização da ferramenta, que está liberada a todos, mesmo quem não participou da Aliança, de forma gratuita.
Carlos Borges chamou atenção sobre os perigos das mudanças climáticas para toda a sociedade, e destacou o papel das empresas da Aliança para alavancar práticas sustentáveis no mercado imobiliário, com destaque para inventário, que também servirá de base para tomadas de decisões futuras. Ele ainda salientou que o setor precisa estar preparado para as regulações já existentes e as que ainda virão sobre emissões de gases do efeito estufa. De acordo com Borges, o setor precisa ser protagonista e propositivo, não apenas reativo, para sair na frente e responder a uma demanda que é de todos.
Apresentação Inventário Setorial
Julia Rymer, gerente de Estratégia de Descarbonização na Waycarbon, apresentou um diagnóstico e os principais insights do inventário setorial produzido pela consultoria.
O inventário engloba a indústria da construção civil e o setor imobiliário, e é resultante das atividades de 42 empresas associadas às entidades, considerando a abordagem de controle operacional sobre as atividades.
Com abrangência nacional e considerando o ano-base 2022, o inventário apresenta dados por setor; localização; operação; escopo; categoria e precursor, dos escopos 1, 2 e 3, com medição das emissões dos seguintes gases do efeito estufa: CO2, CH4, N2O, HFC’s, CO2 biogênico.
O resultado do inventário da Aliança GEE demonstra que as emissões dos insumos das obras (escopo 3) representam cerca de 97,3% das emissões do setor.
O escopo 1 engloba mudanças do uso do solo e combustão estacionária e móvel e representou 2,4%. Já o escopo 2, que abrange aquisição de energia elétrica em obras, stands e escritórios, representou 0,19%.
Julia também apresentou recomendações de boas práticas para o setor, que envolvem priorizar fornecedores que já possuem iniciativas de descarbonização; políticas internas para formalizar uso de insumos com menor emissão de carbono; engajar os fornecedores para que eles descarbonizem seus processos produtivos; aderir às certificações para edificações; usar aa metodologia BIM; seguir o conceito de economia circular pelo uso de materiais de construção reciclados, entre outras.
Próximos passos
Após a apresentação dos resultados do inventário, Vladimir Iszlaji falou sobre os próximos passos da Aliança e explicou alguns conceitos importantes sobre a relação entre pleitos defendidos pelo setor imobiliário e a emissão de GEE. De acordo com ele, quanto mais densa a cidade, menor a emissão de GEE per capita, além de regiões mais verticalizadas concentrarem menores ilhas de calor, como demonstram alguns estudos.
Vladimir explicou que as emissões do setor estão amplamente concentradas no escopo 3, que não serão consideradas dentro do Projeto de Lei em tramitação no Congresso Nacional que vai regulamentar o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões e exigir metas de reduções de setores da economia. Por fim, ele destacou que as entidades seguem disponíveis para auxiliar o setor na transição para uma economia de baixo carbono.
Após as apresentações, os representantes das empresas tiraram dúvidas sobre os resultados e elogiaram todo o trabalho realizado pela Aliança.
Ao fim da reunião, os responsáveis pelas áreas de Sustentabilidade e ESG da Mitre, MRV e Tegra, respectivamente Eduardo Galeskas, José Luiz Esteves da Fonseca e Angel Ibanez, comentaram sobre as ações realizadas nas empresas e ressaltaram a importância da realização de inventários e publicação dos números com transparência. De acordo com eles, a agenda de sustentabilidade no meio empresarial é um caminho sem volta.
Para mais informações sobre o projeto Aliança Pela Redução de Gases do Efeito Estufa (GEE), clique aqui.